A construção social do cuidado : as carreiras clínicas de usuários vinculados a uma instituição de tratamento para HIV/Aids

• Autor(a) principal: Rafael Cerqueira Pinheiro
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/67456
• topic: HIV/AIDS; Cuidado; Instituição; Usuários; Sociologia; Sociologia - Teses; HIV (Vírus) - Teses; Cuidados - Teses; Relações de gênero - Teses; Estigma (Psicologia) - Teses

O cuidado relacionado ao HIV/Aids é a condição possível de se tornar a doença clinicamente crônica. O contexto atual, quando a aids chega à sua quinta década, sob os escombros da COVID-19, é marcado pela ênfase à biomedicina como parâmetro das respostas à epidemia nos níveis global e local, o que torna o problema de grande relevância para a área da Sociologia. Longe de ser um conceito fechado, o cuidado relacionado ao HIV/Aids impõe desafios de compreensão em uma perspectiva sociológica: em que ele consiste e o que o torna possível parausuários vinculados a uma instituição de tratamento? A partir da realidade do município de Belo Horizonte, esta tese respondeu à pergunta que orientou a investigação aqui apresentada sobre o cuidado como uma construção social realizada por indivíduos institucionalizados e em tratamento. A pesquisa foi realizada por trabalho de campo de cunho qualitativo, e a coleta de dados por meio de observação participante e entrevistas biográficas com usuários e alguns profissionais de saúde de uma instituição de referência e tratamento para a doença. O cuidado foi tomado como uma ação que possui três dimensões interligadas: programática, social e subjetiva. As clivagens sociais, sobretudo de gênero, classe social, geração e sexualidade, mostraram-se nesta pesquisa de grande proeminência e influentes na construção da resposta à pergunta de origem da investigação. As relações sociais de gênero, tão importantes para se compreender as diferenças nos indicadores clínicos de monitoramento da política de HIV/Aids no Brasil, impactam de maneiras distintas usuárias e usuários ao longo do seguimento clínico dado que essas relações configuram contextos estruturais de desigualdade e vulnerabilidade que inibem a possibilidade desses usuários construírem uma relação de cuidado consigo para a doença. A conclusão chegada foi que o cuidado relacionado ao HIV/Aids, nesta pesquisa, é tomado nos termos sociológicos como um atributo de relações sociais tecidas por usuários a partir da construção de uma carreira clínica no serviço de saúde.