O processo de transição escola-trabalho no Brasil: primeiro emprego, emprego decente e heterogeneidades nacionais em perspectivas comparativas

• Autor(a) principal: Stélio Coêlho Lombardi Filho
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/30971
• topic: Transição escola-trabalho; Mudanças demográficas; Jovens; Juventude; Emprego; Brasil; Mercado de Trabalho; Demografia; Economia

Esta tese buscou aprofundar a compreensão sobre um importante aspecto da dinâmica do mercado de trabalho de jovens, o processo de transição escola-trabalho, em um contexto de mudanças demográficas. O estudo visa lançar luz sobre o impacto de elementos sociodemográficos, geracionais e de ciclo econômico sobre o movimento de saída da escola e entrada no mercado de trabalho, buscando também verificar discrepâncias por sexo e heterogeneidades nacionais por meio de comparações entre a realidade brasileira e a de outros países da América Latina. Para tanto, realizou-se três exercícios empíricos para esclarecer questões relevantes acerca da transição escola-trabalho. Os achados do primeiro ensaio, que teve por objetivo entender de que forma as transformações demográficas têm influenciado as escolhas ocupacionais dos jovens, deixam claro que, pelo menos desde o final dos anos 1980, as alterações em termos de demanda por educação e dinâmica familiar vêm provocando alterações importantes nas decisões de estudo, trabalho e procura por trabalho por parte deste grupo etário. De fato, tem havido uma maior demanda por qualificação educacional e propensão a combinar estudo e trabalho, o que tende a adiar algumas etapas da transição para a vida adulta. Ademais, há um forte componente de gênero presente no processo, com destaque para os efeitos que a transição educacional tem provocado nas posições ocupadas pelas mulheres. Os resultados mostram que as transformações estruturais vêm agindo mais intensamente no sentido de ativação das mesmas no mercado de trabalho, apesar de as taxas de jovens mulheres nem-nem-nem ainda serem elevadas. Em seguida, a segunda aplicação desta Tese buscou identificar os determinantes da transição da condição de ocupação do jovem, visando compreender as variações entre períodos dos efeitos de fatores socioeconômicos e demográficos sobre as probabilidades de transição. Os resultados desta etapa apontaram para a existência de diferenças significativas por sexo e raça nos padrões de transição, sendo a permanência no desemprego maior para as mulheres negras, bem como a transição para a inatividade. Em relação ao nível educacional do jovem, mais anos de estudo se mostraram associados a uma maior ativação no mercado de trabalho, porém com efeitos que variam por sexo e ao longo do tempo. Além disso, como era de se esperar em uma sociedade estratificada e fortemente desigual como a brasileira, a renda configura elemento crucial para explicar os padrões de transição. À medida em que o nível de renda aumenta, maiores são as chances de os jovens de ambos os sexos realizarem a transição ocupado-ocupado. Por fim, a terceira e última aplicação da Tese teve dois objetivos centrais: incluir o aspecto qualitativo na discussão sobre transição escola-trabalho e realizar análises comparativas ente Brasil, Peru e Colômbia. É possível afirmar que existem heterogeneidades importantes entre os países no que se refere aos efeitos de características sociodemográficas sobre a qualidade da transição escola-trabalho. E apesar de haver uma proporção maior de homens do que de mulheres que completaram esta transição em todos os países analisados, essa diferença é maior no Brasil.