Fatores individuais e contextual associados à cessação do tabagismo na população adulta brasileira em 2019

• Autor(a) principal: Ester Maria do Nascimento
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/53436
• topic: abandono do hábito de fumar; abandono do uso de tabaco; Abandono do Hábito de Fumar; Abandono do Uso de Tabaco; Causas de Morte; Fatores Sociodemográficos; Saúde Pública

Introdução: A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua o tabagismo como problema de saúde pública por estar entre as principais causas de morte evitável no mundo. A cessação do tabagismo é mensurada por meio do índice de cessação do tabagismo, que é calculado mediante a razão entre o número de pessoas que pararam de fumar e o número de pessoas que já fumaram algum dia (ex-fumantes e fumantes). Diversos são os fatores relacionados a cessação, podendo-se destacar aspectos sociodemográficos como ter idade relativamente avançada, renda mensal mais alta e um nível educacional mais alto; fatores ambientais tais como: restrições ao fumo em casa, bem como políticas antifumo em locais públicos e locais de trabalho. Para além dos fatoresindividuais, sabe-se que o ambiente social e físico no qual o indivíduo está inserido influencia diretamente a saúde e o comportamento, podendo também ser um preditor da cessação ao tabagismo. Objetivos: Este estudo teve como objetivo calcular o índice de cessação do tabagismo no Brasil, bem como, avaliar os fatores associados individuais e contextual. Metodologia: Trata-se de estudo observacional do tipo transversal utilizando dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada no ano de 2019. Inicialmente, foi realizada análise descritiva de cada variável estudada por meio do cálculo das frequências relativas. Posteriormente, foi realizada análise uni e multivariada, utilizando modelo de Poisson com variâncias robustas multinível para avaliar os fatores associados à cessação do hábito de fumar. No primeiro nível foram considerados os fatores sociodemográficos, comportamentais e de saúde, e no segundo a variável contextual Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mensurada por Unidade Federativa (UF). As ponderações pertinentes ao delineamento amostral foram consideradas e todas as análises foram realizadas com o uso do programa STATA 14.0. Resultados: Os resultados mostraram que a taxa de cessação do tabagismo no Brasil em 2019, foi de 68%, com média de 17 anos sem fumar (±12,9). No que se refere aos fatores sociodemográficos e econômicos associados a uma maior probabilidade de cessação foram: ser do sexo feminino (RP=1,10; IC95% 1,07-1,13), ter parceiro (RP=1,11; IC95% 1,08-1,15), ter escolaridade nível médio (RP=1,04; IC95% 1,01-1,08) ou superior (RP=1,07; IC95% 1,03-1,12), não possuir trabalho formal (RP=1,06; IC95% 1,03-1,09), frequentar atividade religiosa (RP= 1,08;IC95% 1,05-1,12), assistir propaganda sobre os malefícios do cigarro (RP=1,07; IC95% 1,02-1,11), ter hipertensão arterial (RP=1,10; IC95% 1,07– 1,14), ter diabetes (RP= 1,07; IC95% 1,02–1,12), não presenciar fumo no domicílio (RP 1,43; IC95% 1,41-1,45), praticar exercício físico (RP=1,07; IC95% 1,03–1,10) e consumir bebida alcoólica menos de uma vez ao mês (RP 1,03; IC95% 0,99-1,07). Além disso, quanto maior o quartil de IDH da UF menor a probabilidade de cessação do tabagismo. Conclusão: Os achados do presente estudo afirmam que as desigualdades do índice de cessação têm um padrão diferente para algumas regiões do país. Dessa forma, é importante manter o monitoramento a fim de identificar possíveis localidades que precisem de intervenções mais direcionadas. O presente estudo poderá contribuir para melhoria dos processos e políticas públicas cujo foco seja a promoção da cessação do hábito de fumar.