O trabalho cotidiano de profissionais de saúde em uma Unidade de Terapia Intensiva

• Autor(a) principal: Mayara Durães Bicalho Oliveira
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/ANDO-AWCLB4
• topic: Unidade de Terapia Intensiva; Urgência e Emergência; Trabalho Cotidiano; Profissionais de Saúde; Esgotamento Profissional; Equipe de Assistência ao Paciente; Emoções; Emergências; Enfermagem; Unidades de Terapia Intensiva; Inquéritos e Questionários

Trata-se de um estudo de caso, de abordagem qualitativa, que utilizou noções da sociologia compreensiva e teve como objetivo compreender o trabalho cotidiano na Unidade de Terapia Intensiva na perspectiva de profissionais de saúde. O cenário foi uma Unidade de Terapia Intensiva Adulto de um hospital referência em atendimento de urgência / emergência do Estado de Minas Gerais. Os participantes foram profissionais de saúde inseridos na unidade e que se enquadraram nos critérios de inclusão do estudo, totalizando vinte participantes, sendo dois fisioterapeutas, cinco enfermeiros, três médicos, um nutricionista, cinco técnicos de enfermagem, um assistente social, dois psicólogos e um farmacêutico. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com roteiro semiestruturado, respeitando os critérios de saturação e submetidos à análise de conteúdo de Bardin (2009). Os aspectos éticos da pesquisa foram respeitados. As reflexões dessa análise permitiram a construção de três categorias. São elas: 1. sentimentos e significados que envolvem o trabalho cotidiano; 2. as relações e o trabalho em equipe na UTI; 3. UTI: um negócio meio místico. A primeira categoria revela os sentimentos, expectativas e significados que o trabalho cotidiano tem para os profissionais de saúde. A satisfação, a motivação e o reconhecimento profissional emergiram nos discursos, apesar dos desafios constantes que o trabalho cotidiano na unidade de terapia intensiva traz, sejam eles: a superação dos medos e dos anseios, a busca pela integralidade e humanização da assistência e enfrentamentos de situações envolvendo a morte, a imprevisibilidade e o sofrimento profissional. Situações relacionadas à exaustão, ao desgaste profissional e à sobrecarga de trabalho foram descritas pelos participantes como entraves vivenciados, capazes de provocar adoencimento ao profissional. O trabalho cotidiano, além de proporcionar um aprendizado pessoal e profissional, instiga uma constante necessidade de buscar aprimoramento técnico. A segunda categoria considera os aspectos relacionais vivenciados na terapia intensiva. Ressaltou-se a importância da comunicação efetiva, bem como a necessidade da interação dos participantes e a efetivação de práticas colaborativas e interdisciplinares para que o trabalho em equipe aconteça. No entanto, alguns obstáculos dificultam a efetivação dessa forma de trabalho. A terceira categoria aborda aspectos relacionados à caracterização desse serviço, como a especificidade do hospital e do setor que contribui para que os profissionais reconfigurem e construam o trabalho cotidiano. Apesar do cunho místico atribuído à instituição / setor, ela apresenta contradições que despertam a reflexão sobre tal misticismo. De forma geral, este estudo permitiu compreender o trabalho cotidiano que os profissionais de saúde constroem na unidade de terapia intensiva e a influência das particularidades que envolvem o dia a dia. O trabalho é complexo e intenso, porém, singular e diferenciado, envolvendo uma relação dicotômica de prazer e sofrimento. O fazer cotidiano é resignificado a cada instante. A reflexão acerca do objeto possibilitou elucidar características, potencialidades e desafios presentes no trabalho cotidiano, bem como a influência desse na qualidade do cuidado. Espera-se, com esta pesquisa, contribuir para novas reflexões, questionamentos e construções sobre o trabalho nas Unidades de Terapia Intensiva.