História e memória da peste suína africana no Brasil,1978-1984: passos e descompassos
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2004 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/BUOS-8FTK28 |
Resumo: | Com o objetivo de resgatar a história e a memória da peste suína africana no Brasil, foram analisados os informes, relatórios e outros documentos oficiais e entrevistadas 18 pessoaschave. Foram também enviados roteiros semi-estruturados para 434 médicos veterinários, 25 associações de suinocultores, 43 empresas e cooperativas de produção do setor de suinocultura. A estrutura da vigilância sanitária foi analisada do ponto de vista da história nova, abrangendo o período entre 1500 e 1984. Considerando-se a importância da produção animal no Brasil, verifica-se, ao longo do tempo, que freqüentemente a legislação sanitária animal era descumprida em função do interesse de determinados grupos de criadores ao se importar animais. Dessa forma, não se pode atribuir ao acaso a entrada da peste suína africana no Brasil. Em maio de 1978, restos de alimentos servidos em vôos internacionais foram desviados, de forma clandestina, do Aeroporto Internacional do Galeão para uma suinocultura particular em Paracambi, Estado do Rio de Janeiro, dando origem ao surto de peste suína africana. O fato veio revelar a vulnerabilidade da vigilância sanitária. O diagnóstico definitivo foi estabelecido pelo Centro de Doenças Animais de Plum Island, nos Estados Unidos, em 1º de junho de 1978. Graças aos esforços das autoridades do Ministério da Agricultura, foi erradicado o foco inicial, porém casos secundários passaram a ser registrados em vários municípios do Estado do Rio de Janeiro. A difusão da doença para outras regiões do país, quase que simultaneamente, sem correspondência com o quadro clínico esperado, chamou a atenção detécnicos e criadores, que acreditavam tratar-se de casos subagudos e crônicos de peste suína clássica. Baseado nos depoimentos de criadores, técnicos, pessoas-chave e consultas a outras fontes documentais, considero que a PSA somente existiu no município de Paracambi e que os casos observados no restante do país correspondiam a diagnósticos sorológicos falsopositivos. |
id |
UFMG_b2ecd9f96a60f8d7146242e472f54eaf |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-8FTK28 |
network_acronym_str |
UFMG |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFMG |
repository_id_str |
|
spelling |
Jose Ailton da SilvaFrancisco Cecilio Viana2019-08-13T04:54:47Z2019-08-13T04:54:47Z2004-01-02http://hdl.handle.net/1843/BUOS-8FTK28Com o objetivo de resgatar a história e a memória da peste suína africana no Brasil, foram analisados os informes, relatórios e outros documentos oficiais e entrevistadas 18 pessoaschave. Foram também enviados roteiros semi-estruturados para 434 médicos veterinários, 25 associações de suinocultores, 43 empresas e cooperativas de produção do setor de suinocultura. A estrutura da vigilância sanitária foi analisada do ponto de vista da história nova, abrangendo o período entre 1500 e 1984. Considerando-se a importância da produção animal no Brasil, verifica-se, ao longo do tempo, que freqüentemente a legislação sanitária animal era descumprida em função do interesse de determinados grupos de criadores ao se importar animais. Dessa forma, não se pode atribuir ao acaso a entrada da peste suína africana no Brasil. Em maio de 1978, restos de alimentos servidos em vôos internacionais foram desviados, de forma clandestina, do Aeroporto Internacional do Galeão para uma suinocultura particular em Paracambi, Estado do Rio de Janeiro, dando origem ao surto de peste suína africana. O fato veio revelar a vulnerabilidade da vigilância sanitária. O diagnóstico definitivo foi estabelecido pelo Centro de Doenças Animais de Plum Island, nos Estados Unidos, em 1º de junho de 1978. Graças aos esforços das autoridades do Ministério da Agricultura, foi erradicado o foco inicial, porém casos secundários passaram a ser registrados em vários municípios do Estado do Rio de Janeiro. A difusão da doença para outras regiões do país, quase que simultaneamente, sem correspondência com o quadro clínico esperado, chamou a atenção detécnicos e criadores, que acreditavam tratar-se de casos subagudos e crônicos de peste suína clássica. Baseado nos depoimentos de criadores, técnicos, pessoas-chave e consultas a outras fontes documentais, considero que a PSA somente existiu no município de Paracambi e que os casos observados no restante do país correspondiam a diagnósticos sorológicos falsopositivos.Aiming to ransom the history and memory of the African swine fever in Brazil, this dissertation not only analyses the letters, reports and other official documents in this field, but also interviews 18 key persons . Half-structured guide lines were also sent to 434 veterinarians, 25hog raiser associations, 43 production companies and cooperatives involved with the hog raising business. The structure of the sanitary care has been analyzed from the point of view of the new history, encompassing the period between 1500 and 1984. Considering the importance of animal production in Brazil, one can find out that, all along, the sanitary legislation for animals was often disregarded due to the interest of certain hog raiser groups in importing animals. Thusone cannot impute to hazard the outbreak of the African swine fever in Brazil. In May, 1978,leftovers of food which had been served in international flights were clandestinely switched over from Galeão International Airport to a private hog raising farrm in Paracambi, Rio de Janeiro State, originating a boom of the African swine fever. This fact revealed the vulnerability of the national sanitary care. The final diagnosis was established by the Plum Island Animal Disease Center, in the United States, on the 1st of June, 1978. Thanks to the efforts of the Ministry ofAgriculture, the initial focus was eradicated, however secondary cases started to be registered in several municipalities of Rio de Janeiro State. The almost simultaneously dissemination of the disease to other regions of the country, and with no correspondence to the expected clinical findings, called the attention of technicians and hog raisers, who believed they were subacute and chronic cases of the classical swine fever. Based on hog raisers, technicians and key persons testimonies and on consultation to other documental sources, I conclude that the African swine fever only existed in the Paracambi municipality and that the other cases observed in other parts of the country corresponded to false-positive serologic diagnosis.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGPeste suína africana Brasil HistóriaPeste suína africanaEpidemiologiaHistória e memória da PSAHistória e memória da peste suína africana no Brasil,1978-1984: passos e descompassosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALc_pia_de_tese_de_doutorado_de_francisco_cec_lio_viana.pdfapplication/pdf4782289https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-8FTK28/1/c_pia_de_tese_de_doutorado_de_francisco_cec_lio_viana.pdf87dafde34cf02c5b88586481989fb3aaMD51TEXTc_pia_de_tese_de_doutorado_de_francisco_cec_lio_viana.pdf.txtc_pia_de_tese_de_doutorado_de_francisco_cec_lio_viana.pdf.txtExtracted texttext/plain586961https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-8FTK28/2/c_pia_de_tese_de_doutorado_de_francisco_cec_lio_viana.pdf.txtbdb1a867188006daeb2609cadc9807bfMD521843/BUOS-8FTK282019-11-14 21:15:00.733oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-8FTK28Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-15T00:15Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
História e memória da peste suína africana no Brasil,1978-1984: passos e descompassos |
title |
História e memória da peste suína africana no Brasil,1978-1984: passos e descompassos |
spellingShingle |
História e memória da peste suína africana no Brasil,1978-1984: passos e descompassos Francisco Cecilio Viana Peste suína africana Epidemiologia História e memória da PSA Peste suína africana Brasil História |
title_short |
História e memória da peste suína africana no Brasil,1978-1984: passos e descompassos |
title_full |
História e memória da peste suína africana no Brasil,1978-1984: passos e descompassos |
title_fullStr |
História e memória da peste suína africana no Brasil,1978-1984: passos e descompassos |
title_full_unstemmed |
História e memória da peste suína africana no Brasil,1978-1984: passos e descompassos |
title_sort |
História e memória da peste suína africana no Brasil,1978-1984: passos e descompassos |
author |
Francisco Cecilio Viana |
author_facet |
Francisco Cecilio Viana |
author_role |
author |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Jose Ailton da Silva |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Francisco Cecilio Viana |
contributor_str_mv |
Jose Ailton da Silva |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Peste suína africana Epidemiologia História e memória da PSA |
topic |
Peste suína africana Epidemiologia História e memória da PSA Peste suína africana Brasil História |
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv |
Peste suína africana Brasil História |
description |
Com o objetivo de resgatar a história e a memória da peste suína africana no Brasil, foram analisados os informes, relatórios e outros documentos oficiais e entrevistadas 18 pessoaschave. Foram também enviados roteiros semi-estruturados para 434 médicos veterinários, 25 associações de suinocultores, 43 empresas e cooperativas de produção do setor de suinocultura. A estrutura da vigilância sanitária foi analisada do ponto de vista da história nova, abrangendo o período entre 1500 e 1984. Considerando-se a importância da produção animal no Brasil, verifica-se, ao longo do tempo, que freqüentemente a legislação sanitária animal era descumprida em função do interesse de determinados grupos de criadores ao se importar animais. Dessa forma, não se pode atribuir ao acaso a entrada da peste suína africana no Brasil. Em maio de 1978, restos de alimentos servidos em vôos internacionais foram desviados, de forma clandestina, do Aeroporto Internacional do Galeão para uma suinocultura particular em Paracambi, Estado do Rio de Janeiro, dando origem ao surto de peste suína africana. O fato veio revelar a vulnerabilidade da vigilância sanitária. O diagnóstico definitivo foi estabelecido pelo Centro de Doenças Animais de Plum Island, nos Estados Unidos, em 1º de junho de 1978. Graças aos esforços das autoridades do Ministério da Agricultura, foi erradicado o foco inicial, porém casos secundários passaram a ser registrados em vários municípios do Estado do Rio de Janeiro. A difusão da doença para outras regiões do país, quase que simultaneamente, sem correspondência com o quadro clínico esperado, chamou a atenção detécnicos e criadores, que acreditavam tratar-se de casos subagudos e crônicos de peste suína clássica. Baseado nos depoimentos de criadores, técnicos, pessoas-chave e consultas a outras fontes documentais, considero que a PSA somente existiu no município de Paracambi e que os casos observados no restante do país correspondiam a diagnósticos sorológicos falsopositivos. |
publishDate |
2004 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2004-01-02 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2019-08-13T04:54:47Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2019-08-13T04:54:47Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
format |
doctoralThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/1843/BUOS-8FTK28 |
url |
http://hdl.handle.net/1843/BUOS-8FTK28 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Minas Gerais |
dc.publisher.initials.fl_str_mv |
UFMG |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Minas Gerais |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFMG instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) instacron:UFMG |
instname_str |
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) |
instacron_str |
UFMG |
institution |
UFMG |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFMG |
collection |
Repositório Institucional da UFMG |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-8FTK28/1/c_pia_de_tese_de_doutorado_de_francisco_cec_lio_viana.pdf https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-8FTK28/2/c_pia_de_tese_de_doutorado_de_francisco_cec_lio_viana.pdf.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
87dafde34cf02c5b88586481989fb3aa bdb1a867188006daeb2609cadc9807bf |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1803589299998818304 |