Cultura de paz na vida cotidiana: desafios e possibilidades do Programa Fica Vivo

• Autor(a) principal: Stephanie Marques Moura Franco Belga
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/ANDO-AKWPK9
• topic: Promoção da Saúde; Cultura de Paz; Vida Cotidiana; Conflitos Civis; Enfermagem; Pesquisa Qualitativa; Preconceito; Direitos Humanos; Questionários; Violações dos Direitos Humanos; Violência/prevenção & controle; Assistência Social

De acordo com a organização das nações unidas (ONU), a cultura de paz baseia-se nos princípios do respeito pelos direitos humanos, tolerância, promoção do desenvolvimento e democracia mais substantiva e emancipadoras, educação para a paz e uma maior participação da sociedade para uma abordagem integral na prevenção da violência e dos conflitos. As diversas manifestações de violência vêm modificando as formas de sociabilidade no cotidiano das pessoas e, por isso, é preciso entender a construção da cultura de paz ancorada à vida cotidiana, no contexto das relações sociais. Neste contexto, o objetivo do estudo foi analisar a cultura de paz na vida cotidiana, considerando os aspectos da micro e macro estrutura social. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório de abordagem qualitativa, ancorado no referencial metodológico da dialética marxista. O estudo foi desenvolvido em duas fases: mapeamento e análise em profundidade. A primeira fase do estudo analisou os documentos referentes a sete programas de cultura de paz em Minas Gerais e orientou a definição doprograma Fica Vivo como cenário da pesquisa. A segunda fase permitiu analisar em profundidade a cultura de paz na vida cotidiana para os participantes do Fica Vivo. Os dados foram obtidos de observações e entrevistas, oficineiros e jovens do Programa. Os jovens escreveram ainda um diário que foi incluído como material empírico. Os dados foramorientados pela Análise de Discurso Crítica (ADC), baseado nos legados da teoria da vida cotidiana de Agnes Heller. Os resultados revelam que o programa Fica Vivo é permeado por discursos que indicam a expansão dos direitos sociais e associam essas garantias à promoção da cultura de paz e dos direitos humanos. A mediação de conflitos foi considerada uma importante estratégia de fortalecimento e promoção da cultura de paz, pois revela um processo que valoriza a condição humana, que por sua vez, é capaz de impulsionar mudançasno cotidiano das pessoas. A liberdade dos sujeitos também foi relacionada como uma forma de alcançar a cultura de paz. O Fica Vivo foi apresentado nos discursos como uma estratégia que possibilitou o ir e vir dos jovens nos seus territórios. Os participantes compreendem acultura de paz na sua vida como algo distante, porém necessário. Nesse campo, os achados nos revelam elementos como o preconceito racial e geracional, o estigma social, a naturalização da violência e a desigualdade social como aspectos que atravessam o cotidianodos jovens. Assim, por se tratar de um programa que opera em territórios de violência, a tendência da construção da cultura de paz ainda é marcada pela ideologia e hegemonia que orientam as políticas focalizadas, as práticas discursivas midiáticas e o modo de agir dos8 jovens. Conclui-se que o Fica Vivo representa uma importante estratégia com potencial para modificar o cotidiano na busca da cultura de paz.