A dimensão ética do corpo nos pensamentos de Schopenhauer e de Freud

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marinella Morgana de Mendonça
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/48648
Resumo: O presente estudo tem como objetivo principal investigar a problemática referente ao modo de apreensão do corpo na filosofia de Arthur Schopenhauer e na psicanálise de Sigmund Freud, com enfoque nas suas implicações para a ética. Partimos do pressuposto de que os dois pensadores, a partir de suas problemáticas teóricas específicas, propuseram uma nova compreensão do corpo em relação ao materialismo difuso, que via nesse objeto uma realidade física a ser tomada como elemento de uma ciência da natureza. O filósofo frankfurtiano parte da filosofia crítica kantiana para tentar compreender o mundo, mas sê vê diante do impasse do idealismo transcendental: todos os objetos, como propõe a revolução copernicana, giram em torno do sujeito, mas não há sujeito humano sem corpo. Esse sujeito desencarnado, alheio aos avanços das ciências biológicas, desconhece a especificidade do corpo, que é o único dos objetos do mundo que é, ao mesmo tempo, representação e Vontade. Essa condição singular do corpo faz com que o idealismo schopenhaueriano desemboque em uma teoria metafísica, a qual coloca a Vontade como essência do mundo. O psicanalista vienense, por sua vez, não parte do idealismo, mas inicia a sua prática clínica inserido no cenário médico-científico do final do século XIX, fortemente orientado plo materialismo fisicalista. No entanto, no tratamento dos pacientes histéricos, ele se depara com um corpo distinto daquele que era explicado pela medicina de seu tempo. Freud cria, então, a teoria metapsicológica com o intuito de compreender o corpo e, concomitantemente, acolher o sofrimento de seus pacientes. Tanto Schopenhauer como Freud empreendem uma crítica à visão de homem pautada apenas na racionalidade. Ambos, o filósofo e o psicanalista, reconhecem o pathos do homem como sujeito encarnado e marcado por um sofrimento incontornável, derivado de sua condição de indivíduo marcado pela Pulsão e pela Vontade. Diante dessa condição, o tratamento psicanalítico se orientou, desde o seu nascimento, por uma ética do cuidado compreendida como escuta do desejo do sujeito, e foi esse compromisso ético inicial que orientou a teoria freudiana numa direção cada vez mais distanciada de seu ponto de partida reducionista. Por outro lado, a perspectiva filosófica de Schopenhauer não desembocou no niilismo ou em um pensamento indiferente ao sofrimento inerente ao querer viver cego. Ao contrário, a sua cerrada crítica aos sistemas filosóficos de seu tempo desemboca na busca de diversos caminhos de salvação e, dentre eles, o de uma ética da compaixão pela via da supressão das diferenças entre um querer e outro. Ora, o corpo padecente é o caminho privilegiado para que essa compreensão da dor de viver do outro seja possível. Freud, por sua vez, não propôs uma perspectiva ascética para minorar o sofrimento humano, contudo, entende que, por meio da experiência analítica, o sujeito pode se destituir de suas idealizações e identificações narcísicas, fonte não só do sofrimento próprio, mas também de alheamento em relação ao sofrimento do outro. Os dois pensadores seguem rumos distintos, uma vez que Freud, a partir de sua prática clínica, fundou um novo campo do saber, e Schopenhauer, a partir de sua especulação filosófica, descortinou um novo modo de pensar. Não obstante, a nossa hipótese consiste na possibilidade de uma fecunda aproximação dos dois autores, não só em decorrência da influência do filósofo sobre o psicanalista, mas porque o primeiro abre novas possibilidades de elucidação filosófica da teoria psicanalítica. Afinal de contas, a metafísica schopenhaueriana converge com a metapsicologia freudiana numa orientação ética comum: a da destituição do eu como saída para o pathos humano, cuja manifestação mais evidente consiste no sofrimento psicossomático, ou seja, na dor de viver como sujeito encarnado. Os modos de pensar de Schopenhauer e de Freud, portanto, apontam nessa mesma direção, ainda que de maneiras distintas.
id UFMG_b6d968e7d86dcbf19b03022faf5990f6
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/48648
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Carlos Roberto Drawinhttp://lattes.cnpq.br/0517721081062439Bruno Almeida GuimarãesJacqueline de Oliveira MoreiraJair Lopes BarbozaPaulo Roberto Margutti Pintohttp://lattes.cnpq.br/5556305460129964Marinella Morgana de Mendonça2023-01-04T16:14:39Z2023-01-04T16:14:39Z2015-10-02http://hdl.handle.net/1843/48648O presente estudo tem como objetivo principal investigar a problemática referente ao modo de apreensão do corpo na filosofia de Arthur Schopenhauer e na psicanálise de Sigmund Freud, com enfoque nas suas implicações para a ética. Partimos do pressuposto de que os dois pensadores, a partir de suas problemáticas teóricas específicas, propuseram uma nova compreensão do corpo em relação ao materialismo difuso, que via nesse objeto uma realidade física a ser tomada como elemento de uma ciência da natureza. O filósofo frankfurtiano parte da filosofia crítica kantiana para tentar compreender o mundo, mas sê vê diante do impasse do idealismo transcendental: todos os objetos, como propõe a revolução copernicana, giram em torno do sujeito, mas não há sujeito humano sem corpo. Esse sujeito desencarnado, alheio aos avanços das ciências biológicas, desconhece a especificidade do corpo, que é o único dos objetos do mundo que é, ao mesmo tempo, representação e Vontade. Essa condição singular do corpo faz com que o idealismo schopenhaueriano desemboque em uma teoria metafísica, a qual coloca a Vontade como essência do mundo. O psicanalista vienense, por sua vez, não parte do idealismo, mas inicia a sua prática clínica inserido no cenário médico-científico do final do século XIX, fortemente orientado plo materialismo fisicalista. No entanto, no tratamento dos pacientes histéricos, ele se depara com um corpo distinto daquele que era explicado pela medicina de seu tempo. Freud cria, então, a teoria metapsicológica com o intuito de compreender o corpo e, concomitantemente, acolher o sofrimento de seus pacientes. Tanto Schopenhauer como Freud empreendem uma crítica à visão de homem pautada apenas na racionalidade. Ambos, o filósofo e o psicanalista, reconhecem o pathos do homem como sujeito encarnado e marcado por um sofrimento incontornável, derivado de sua condição de indivíduo marcado pela Pulsão e pela Vontade. Diante dessa condição, o tratamento psicanalítico se orientou, desde o seu nascimento, por uma ética do cuidado compreendida como escuta do desejo do sujeito, e foi esse compromisso ético inicial que orientou a teoria freudiana numa direção cada vez mais distanciada de seu ponto de partida reducionista. Por outro lado, a perspectiva filosófica de Schopenhauer não desembocou no niilismo ou em um pensamento indiferente ao sofrimento inerente ao querer viver cego. Ao contrário, a sua cerrada crítica aos sistemas filosóficos de seu tempo desemboca na busca de diversos caminhos de salvação e, dentre eles, o de uma ética da compaixão pela via da supressão das diferenças entre um querer e outro. Ora, o corpo padecente é o caminho privilegiado para que essa compreensão da dor de viver do outro seja possível. Freud, por sua vez, não propôs uma perspectiva ascética para minorar o sofrimento humano, contudo, entende que, por meio da experiência analítica, o sujeito pode se destituir de suas idealizações e identificações narcísicas, fonte não só do sofrimento próprio, mas também de alheamento em relação ao sofrimento do outro. Os dois pensadores seguem rumos distintos, uma vez que Freud, a partir de sua prática clínica, fundou um novo campo do saber, e Schopenhauer, a partir de sua especulação filosófica, descortinou um novo modo de pensar. Não obstante, a nossa hipótese consiste na possibilidade de uma fecunda aproximação dos dois autores, não só em decorrência da influência do filósofo sobre o psicanalista, mas porque o primeiro abre novas possibilidades de elucidação filosófica da teoria psicanalítica. Afinal de contas, a metafísica schopenhaueriana converge com a metapsicologia freudiana numa orientação ética comum: a da destituição do eu como saída para o pathos humano, cuja manifestação mais evidente consiste no sofrimento psicossomático, ou seja, na dor de viver como sujeito encarnado. Os modos de pensar de Schopenhauer e de Freud, portanto, apontam nessa mesma direção, ainda que de maneiras distintas.The current study has as its aim the investigation of the issue referring to the apprehension mode of the body in the philosophy of Arthur Schopenhauer and in the psychoanalysis of Sigmund Freud, focusing in its implications to the field of ethics. We start from the presupposition that both thinkers, departing from their own specific theoretical concerns, have proposed a new comprehension of the body which is different from diffused materialism, which saw in this object a physical reality to be taken as an element of a science of nature. The Frankfurt philosopher starts out from the Kantian critical philosophy in order to try to understand the world, but seems himself in front of the impasse of transcendental idealism: all the objects, as is proposed by the Copernican Revolution, revolve around the subject, but there is no human subject without a body. This fleshless subject, foreign to the advances of the biological sciences, knows not the specificity of the body, which is the only object in the world that is, at the same time, representation and Will. This singular condition of the body turns the Schopenhauerian idealism into a metaphysical theory, which places the Will as an essence of the world. The Viennese psychoanalyst, on his turn, does not start out from idealism, but starts its clinical practice inserted in the medical scientific scenario at the end of the 19th century, deeply oriented by a physicalistic materialism. However, in the treatment of hysterical patients, he comes across a different body from that one that the medicine of his time used to explain. Freud, then, creates the metapsychological theory with the intent of understanding the body and, concomitantly, to harbor the suffering of his patients. Both Schopenhauer and Freud have undertaken criticism of the view of man that is based solely on rationality. The philosopher and the psychoanalyst have recognized man‟s pathos as a subject that is incarnated and liable to an unavoidable suffering, derived from his condition as an individual that is marked by Drive and by Will. In front of this condition, psychoanalytic treatment has been oriented, since its birth, by an ethics of care – understood as hearing the desire of the subject – and it was this initial ethical commitment that oriented the Freudian theory in a direction progressively further from its reductionist starting point. On the other hand, Schopenhauer‟s philosophical perspective did not unfold into nihilism or a thought that is indifferent to suffering inherent to the blind will to live. On the contrary, his dense criticism to philosophical systems of his time results in the search for different paths of salvation and, amongst them, the path of an ethics of compassion by means of the suppression of the differences between a wanting and another. The suffering body is the privileged path so that this understanding of the other‟s pain and living can be possible. Freud, on his turn, did not propose an ascetic perspective in order to extenuate human suffering; however, he understands that, by means of the analytic experience, the subject can destitute himself from his idealizations and narcissistic identifications – which are source not only of one‟s own suffering, but also of alienation towards the other‟s suffering. The two thinkers follow different paths, since Freud, from his clinical practice, has founded a new field of knowledge, and Schopenhauer, starting from his philosophical speculation, has unveiled a new way of thinking. Nevertheless, our hypothesis consists in the possibility of a fruitful approximation between both authors, not just due to the philosopher‟s influence in the psychoanalyst, but because the former opens new possibilities for a philosophical elucidation of the latter‟ psychoanalytic theory. After all, the Schopenhauerian metaphysics converges with Freudian metapsychology in a common ethical orientation: the destitution of the self as an outlet for human pathos, the most evident manifestation of which consists in psychosomatic suffering, i. e., in the pain of living as an incarnated subject. Schopenhauer and Freud‟s ways of thinking, therefore, point to the same direction, even though in different manners.porUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em FilosofiaUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE FILOSOFIAFilosofia - TesesÉtica - TesesMetafísica - TesesVontade - TesesSchopenhauerMetafísica da VontadeFreudMetapsicologiaCorpoÉtica da compaixãoA dimensão ética do corpo nos pensamentos de Schopenhauer e de Freudinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALTese Marinella Morgana de Mendonça - versão final (1).pdfTese Marinella Morgana de Mendonça - versão final (1).pdfapplication/pdf1827091https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/48648/1/Tese%20Marinella%20Morgana%20de%20Mendon%c3%a7a%20-%20vers%c3%a3o%20final%20%281%29.pdf3579c23c3a49160a1f0bcb56b96513fcMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/48648/2/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD521843/486482023-01-04 13:14:40.103oai:repositorio.ufmg.br:1843/48648TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2023-01-04T16:14:40Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv A dimensão ética do corpo nos pensamentos de Schopenhauer e de Freud
title A dimensão ética do corpo nos pensamentos de Schopenhauer e de Freud
spellingShingle A dimensão ética do corpo nos pensamentos de Schopenhauer e de Freud
Marinella Morgana de Mendonça
Schopenhauer
Metafísica da Vontade
Freud
Metapsicologia
Corpo
Ética da compaixão
Filosofia - Teses
Ética - Teses
Metafísica - Teses
Vontade - Teses
title_short A dimensão ética do corpo nos pensamentos de Schopenhauer e de Freud
title_full A dimensão ética do corpo nos pensamentos de Schopenhauer e de Freud
title_fullStr A dimensão ética do corpo nos pensamentos de Schopenhauer e de Freud
title_full_unstemmed A dimensão ética do corpo nos pensamentos de Schopenhauer e de Freud
title_sort A dimensão ética do corpo nos pensamentos de Schopenhauer e de Freud
author Marinella Morgana de Mendonça
author_facet Marinella Morgana de Mendonça
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Carlos Roberto Drawin
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/0517721081062439
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Bruno Almeida Guimarães
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Jacqueline de Oliveira Moreira
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Jair Lopes Barboza
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Paulo Roberto Margutti Pinto
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/5556305460129964
dc.contributor.author.fl_str_mv Marinella Morgana de Mendonça
contributor_str_mv Carlos Roberto Drawin
Bruno Almeida Guimarães
Jacqueline de Oliveira Moreira
Jair Lopes Barboza
Paulo Roberto Margutti Pinto
dc.subject.por.fl_str_mv Schopenhauer
Metafísica da Vontade
Freud
Metapsicologia
Corpo
Ética da compaixão
topic Schopenhauer
Metafísica da Vontade
Freud
Metapsicologia
Corpo
Ética da compaixão
Filosofia - Teses
Ética - Teses
Metafísica - Teses
Vontade - Teses
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Filosofia - Teses
Ética - Teses
Metafísica - Teses
Vontade - Teses
description O presente estudo tem como objetivo principal investigar a problemática referente ao modo de apreensão do corpo na filosofia de Arthur Schopenhauer e na psicanálise de Sigmund Freud, com enfoque nas suas implicações para a ética. Partimos do pressuposto de que os dois pensadores, a partir de suas problemáticas teóricas específicas, propuseram uma nova compreensão do corpo em relação ao materialismo difuso, que via nesse objeto uma realidade física a ser tomada como elemento de uma ciência da natureza. O filósofo frankfurtiano parte da filosofia crítica kantiana para tentar compreender o mundo, mas sê vê diante do impasse do idealismo transcendental: todos os objetos, como propõe a revolução copernicana, giram em torno do sujeito, mas não há sujeito humano sem corpo. Esse sujeito desencarnado, alheio aos avanços das ciências biológicas, desconhece a especificidade do corpo, que é o único dos objetos do mundo que é, ao mesmo tempo, representação e Vontade. Essa condição singular do corpo faz com que o idealismo schopenhaueriano desemboque em uma teoria metafísica, a qual coloca a Vontade como essência do mundo. O psicanalista vienense, por sua vez, não parte do idealismo, mas inicia a sua prática clínica inserido no cenário médico-científico do final do século XIX, fortemente orientado plo materialismo fisicalista. No entanto, no tratamento dos pacientes histéricos, ele se depara com um corpo distinto daquele que era explicado pela medicina de seu tempo. Freud cria, então, a teoria metapsicológica com o intuito de compreender o corpo e, concomitantemente, acolher o sofrimento de seus pacientes. Tanto Schopenhauer como Freud empreendem uma crítica à visão de homem pautada apenas na racionalidade. Ambos, o filósofo e o psicanalista, reconhecem o pathos do homem como sujeito encarnado e marcado por um sofrimento incontornável, derivado de sua condição de indivíduo marcado pela Pulsão e pela Vontade. Diante dessa condição, o tratamento psicanalítico se orientou, desde o seu nascimento, por uma ética do cuidado compreendida como escuta do desejo do sujeito, e foi esse compromisso ético inicial que orientou a teoria freudiana numa direção cada vez mais distanciada de seu ponto de partida reducionista. Por outro lado, a perspectiva filosófica de Schopenhauer não desembocou no niilismo ou em um pensamento indiferente ao sofrimento inerente ao querer viver cego. Ao contrário, a sua cerrada crítica aos sistemas filosóficos de seu tempo desemboca na busca de diversos caminhos de salvação e, dentre eles, o de uma ética da compaixão pela via da supressão das diferenças entre um querer e outro. Ora, o corpo padecente é o caminho privilegiado para que essa compreensão da dor de viver do outro seja possível. Freud, por sua vez, não propôs uma perspectiva ascética para minorar o sofrimento humano, contudo, entende que, por meio da experiência analítica, o sujeito pode se destituir de suas idealizações e identificações narcísicas, fonte não só do sofrimento próprio, mas também de alheamento em relação ao sofrimento do outro. Os dois pensadores seguem rumos distintos, uma vez que Freud, a partir de sua prática clínica, fundou um novo campo do saber, e Schopenhauer, a partir de sua especulação filosófica, descortinou um novo modo de pensar. Não obstante, a nossa hipótese consiste na possibilidade de uma fecunda aproximação dos dois autores, não só em decorrência da influência do filósofo sobre o psicanalista, mas porque o primeiro abre novas possibilidades de elucidação filosófica da teoria psicanalítica. Afinal de contas, a metafísica schopenhaueriana converge com a metapsicologia freudiana numa orientação ética comum: a da destituição do eu como saída para o pathos humano, cuja manifestação mais evidente consiste no sofrimento psicossomático, ou seja, na dor de viver como sujeito encarnado. Os modos de pensar de Schopenhauer e de Freud, portanto, apontam nessa mesma direção, ainda que de maneiras distintas.
publishDate 2015
dc.date.issued.fl_str_mv 2015-10-02
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2023-01-04T16:14:39Z
dc.date.available.fl_str_mv 2023-01-04T16:14:39Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/48648
url http://hdl.handle.net/1843/48648
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Filosofia
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv FAF - DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/48648/1/Tese%20Marinella%20Morgana%20de%20Mendon%c3%a7a%20-%20vers%c3%a3o%20final%20%281%29.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/48648/2/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 3579c23c3a49160a1f0bcb56b96513fc
cda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589213939040256