Escola de Enfermagem Carlos Chagas: projeto, mudanças e resistência - 1933-1950

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fernanda Batista Oliveira Santos
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/GCPA-9HJPQZ
Resumo: O presente trabalho é uma pesquisa documental, de natureza histórica, que teve como objetivo analisar a trajetória das relações construídas entre a Escola de Enfermagem Carlos Chagas (EECC) e a saúde em Minas Gerais da perspectiva do atendimento das demandas do governo do estado mineiro e dos novos campos da saúde, no período de 1933 a 1950. Esses marcos são, respectivamente, o ano de criação da escola e o ano em que ela foi anexada à Faculdade de Medicina da Universidade Minas Gerais e federalizada. A escola de enfermagem foi idealizada para ser uma modelar instituição formadora de enfermeiras de alto nível para a saúde pública e para os hospitais. O ensino era ministrado principalmente por médicos, catedráticos da Faculdade de Medicina. No currículo da EECC predominavam disciplinas voltadas para o ensino hospitalar em detrimento das voltadas para a saúde pública, o que era uma das tentativas de espelhamento na Escola de Enfermagem Anna Nery, a única oficial do país àquela época. Entre as especificidades da EECC no ensino, destacavam-se disciplinas como a de religião, ministrada por padres católicos, e a de canto orfeônico, que faziam com que a escola fosse identificada como brasileira, cristã e nacionalista, conforme fontes da época. Mesmo com todo o entusiasmo e o prestígio de seus idealizadores nos primeiros anos de funcionamento, a instituição passou por diversas dificuldades no ensino teórico e prático. A EECC equilibrou-se para manter o ensino da enfermagem científica em Minas Gerais apesar da falta de professores e de campos de estágio, em especial os hospitalares. Além disso, a escola diplomou um número de enfermeiras inferior à enorme necessidade do país nesse período: embora cerca de 50% delas ocupassem cargos na saúde pública, a demanda do governo mineiro e do país não era suprida, e poucas egressas foram atuar no interior do estado. O campo hospitalar, por sua vez, não foi dominado pelas alunas da EECC no período, excetuando-se as diplomadas que eram irmãs de caridade, o que denota que a tradição do cuidado pelas religiosas e o poder delas no campo hospitalar ainda eram predominantes. Houve um progressivo desinteresse do governo estadual mineiro pela escola, evidenciado pela falta de repasse de verbas para o sustento mínimo da EECC, que, no entanto, foi relativizado pela maior definição das políticas públicas federais implementadas no período, principalmente por meio do Serviço Especial de Saúde Pública, com o investimento em profissionais de nível técnico com formação mais curta. Isso culminou na criação de outra instituição, a Escola de Saúde Pública de Minas Gerais, para o atendimento das demandas da saúde pública mineira, e na federalização da EECC, com sua anexação à Faculdade de Medicina.
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No currículo da EECC predominavam disciplinas voltadas para o ensino hospitalar em detrimento das voltadas para a saúde pública, o que era uma das tentativas de espelhamento na Escola de Enfermagem Anna Nery, a única oficial do país àquela época. Entre as especificidades da EECC no ensino, destacavam-se disciplinas como a de religião, ministrada por padres católicos, e a de canto orfeônico, que faziam com que a escola fosse identificada como brasileira, cristã e nacionalista, conforme fontes da época. Mesmo com todo o entusiasmo e o prestígio de seus idealizadores nos primeiros anos de funcionamento, a instituição passou por diversas dificuldades no ensino teórico e prático. A EECC equilibrou-se para manter o ensino da enfermagem científica em Minas Gerais apesar da falta de professores e de campos de estágio, em especial os hospitalares. Além disso, a escola diplomou um número de enfermeiras inferior à enorme necessidade do país nesse período: embora cerca de 50% delas ocupassem cargos na saúde pública, a demanda do governo mineiro e do país não era suprida, e poucas egressas foram atuar no interior do estado. O campo hospitalar, por sua vez, não foi dominado pelas alunas da EECC no período, excetuando-se as diplomadas que eram irmãs de caridade, o que denota que a tradição do cuidado pelas religiosas e o poder delas no campo hospitalar ainda eram predominantes. Houve um progressivo desinteresse do governo estadual mineiro pela escola, evidenciado pela falta de repasse de verbas para o sustento mínimo da EECC, que, no entanto, foi relativizado pela maior definição das políticas públicas federais implementadas no período, principalmente por meio do Serviço Especial de Saúde Pública, com o investimento em profissionais de nível técnico com formação mais curta. Isso culminou na criação de outra instituição, a Escola de Saúde Pública de Minas Gerais, para o atendimento das demandas da saúde pública mineira, e na federalização da EECC, com sua anexação à Faculdade de Medicina.This is a historical documentary research, which aimed to analyze the trajectory of the relation between Carlos Chagas School of Nursing (EECC), in Minas Gerais, and the public health policies, considering the satisfaction of the demands posed by the state government of Minas Gerais and the new fields of health, in the period 1933-1950. These landmarks are, respectively, the year of foundation of the school and the year in which it was attached to the Medical College of Belo Horizonte and federalized. It was found that the nursing school was projected to be a model training institution for high-level nurses who would be able to work in public health and hospital fields. The teaching at the institution was given mainly by doctors, professors at the Medical College. In the curriculum of EECC there was a predominance of disciplines aimed at the hospital field, instead of the public health, which was an attempt to mirror the Anna Nery School of Nursing, the only official nursing school of the country at that time. We highlight the specifics of EECC in teaching, such as the subjects Religion, taught by Catholic priests, and Orpheonic Singing, which led the school to be recognized as Brazilian, Christian and nationalist, according to sources of that time. Despite the excitement and prestige of its founders in the early years of operation, the school underwent several difficulties concerning theoretical teaching and practice. The school struggled to keep the teaching of scientific nursing in Minas Gerais, dealing with the lack of teachers and field internship, particularly hospitals. Moreover, the EECC graduated a low number of nurses, considering the enormous need for professionals in the country in this period, and although about 50% of the graduates held positions in public health, the demand of the state government and the country was still high and few nurses would work in the state rural areas. As to the hospital field, this was not owned by the EECC students during the period, except for the graduates who were sisters of charity. This indicates that the religious tradition of care and the power of religious institutions in the hospital field were still predominant. There was a growing indifference of the state government towards the school, evidenced by the lack of providing for the minimum support of EECC, a situation that, however, was mitigated by the definition of federal public health policies implemented during the period, mainly through the Public Health Special Service, and investments in technical professionals with shorter training. This culminated in the creation of another school, the School of Public Health of Minas Gerais, to meet the demands of the state public health, and the annexation of the EECC to the Medical College, followed by its federalization.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEstudos RetrospectivosEducação em EnfermagemHumanosEscolas de Enfermagem/tendênciasEnfermagemHistória da EnfermagemEnfermagem em Saúde Pública/organização & administraçãoHistória da enfermagemEnfermagemEscolas de EnfermagemEscola de Enfermagem Carlos Chagas: projeto, mudanças e resistência - 1933-1950info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALfernanda_batista_oliveira_santos_tese.pdfapplication/pdf1675371https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/GCPA-9HJPQZ/1/fernanda_batista_oliveira_santos_tese.pdf7003f3e36a5f43bbddabacc9afaed426MD51TEXTfernanda_batista_oliveira_santos_tese.pdf.txtfernanda_batista_oliveira_santos_tese.pdf.txtExtracted texttext/plain365422https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/GCPA-9HJPQZ/2/fernanda_batista_oliveira_santos_tese.pdf.txt34ceab3b2118d58bd66d767672cb39eeMD521843/GCPA-9HJPQZ2019-11-14 22:55:17.439oai:repositorio.ufmg.br:1843/GCPA-9HJPQZRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-15T01:55:17Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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