A força discursiva do silêncio em "Baú de ossos" de Pedro Nava
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/43179 |
Resumo: | O presente trabalho objetiva colocar em diálogo a opacidade viabilizada pela materialidade do silêncio considerado como um tipo singular de discurso. Por meio de excertos do primeiro volume das memórias do escritor brasileiro Pedro Nava, intitulado Baú de ossos, publicado em 1972, pretendeu-se vislumbrar, ao longo do fio narrativo, a cristalização de não-ditos e a respectiva potencialização do processo de significação que esses hiatos no plano enunciativo ofertam ao leitor. Foram conclamados, neste artigo, alguns momentos em que Pedro Nava, em sua labuta com as memórias de sua infância, como também com o resgate da história dos seus antepassados no Ceará, Rio de Janeiro e Minas Gerais, subitamente interrompe a narração, optando por silenciar e, talvez, potencializar a significação através de não-ditos. Nesse mecanismo de enquadramento da memória, o incansável jogo de lembrar e esquecer cumpre variadas funções e Nava, com destreza ímpar, conduz o fio narrativo ora detalhando minuciosamente cada acontecimento, ora trancafiando situações e fatos em circunscrições de silêncios. Para delinear uma organização mínima aos fragmentos que foram escolhidos, o critério é que os mesmos contemplassem, simultaneamente ou não, a tríade de Michael Pollak: i) silêncio em conseqüência da angústia de não encontrar uma escuta; ii) silêncio para evitar punição por aquilo que se diz; e iii) silêncio para não se expor a mal-entendidos. Com auxílio da tipologia de discursos, de silêncios, de Pollak, verticalizou-se a leitura do Baú de ossos tentando resgatar alguns não-ditos cuja existência se deve muito menos em conseqüência da inexequibilidade em rememorar um dado específico, do que da habilidade com a qual o narrador, autodiegético, optou mantê-los indizíveis e, assim o fazendo, dilatou o potencial de significação residente nesses lugares de opacidade. |
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A força discursiva do silêncio em "Baú de ossos" de Pedro NavaBaú de ossos - memóriasLiteratura brasileira – crítica e interpretaçãoNão-ditosOpacidadeO presente trabalho objetiva colocar em diálogo a opacidade viabilizada pela materialidade do silêncio considerado como um tipo singular de discurso. Por meio de excertos do primeiro volume das memórias do escritor brasileiro Pedro Nava, intitulado Baú de ossos, publicado em 1972, pretendeu-se vislumbrar, ao longo do fio narrativo, a cristalização de não-ditos e a respectiva potencialização do processo de significação que esses hiatos no plano enunciativo ofertam ao leitor. Foram conclamados, neste artigo, alguns momentos em que Pedro Nava, em sua labuta com as memórias de sua infância, como também com o resgate da história dos seus antepassados no Ceará, Rio de Janeiro e Minas Gerais, subitamente interrompe a narração, optando por silenciar e, talvez, potencializar a significação através de não-ditos. Nesse mecanismo de enquadramento da memória, o incansável jogo de lembrar e esquecer cumpre variadas funções e Nava, com destreza ímpar, conduz o fio narrativo ora detalhando minuciosamente cada acontecimento, ora trancafiando situações e fatos em circunscrições de silêncios. Para delinear uma organização mínima aos fragmentos que foram escolhidos, o critério é que os mesmos contemplassem, simultaneamente ou não, a tríade de Michael Pollak: i) silêncio em conseqüência da angústia de não encontrar uma escuta; ii) silêncio para evitar punição por aquilo que se diz; e iii) silêncio para não se expor a mal-entendidos. Com auxílio da tipologia de discursos, de silêncios, de Pollak, verticalizou-se a leitura do Baú de ossos tentando resgatar alguns não-ditos cuja existência se deve muito menos em conseqüência da inexequibilidade em rememorar um dado específico, do que da habilidade com a qual o narrador, autodiegético, optou mantê-los indizíveis e, assim o fazendo, dilatou o potencial de significação residente nesses lugares de opacidade.Universidade Federal de Minas GeraisBrasilECI - ESCOLA DE CIENCIA DA INFORMAÇÃOUFMG2022-07-12T00:49:46Z2022-07-12T00:49:46Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlepdfapplication/pdf2238-7587http://hdl.handle.net/1843/43179porRevista de estudos de literatura, cultura e alteridade - IgarapéWellington Marçal de Carvalhoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMG2022-07-12T00:49:47Zoai:repositorio.ufmg.br:1843/43179Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oairepositorio@ufmg.bropendoar:2022-07-12T00:49:47Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
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