Renovando a tradição: o caso da Cavalhada Mirim na comunidade de Morro Vermelho

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Camila Pereira Lisboa
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9PQGF2
Resumo: Nossa jornada vai em direção a Morro Vermelho, distrito rural da cidade de Caeté, nas proximidades de Belo Horizonte (MG). Lá, encontramos moradores orgulhosos em conservar suas tradições, algumas delas com mais de três séculos de existência. Enquanto umas tradições se mantiveram, outras se perderam e outras foram criadas, a exemplo da Cavalhada Mirim, que nasceu na década de oitenta do século XX. Inicialmente, ela foi proposta como uma forma de criar um espaço para as crianças, que brincavam ao imitar os cavaleiros da Cavalhada de Nossa Senhora de Nazareth, tradição mais antiga de Morro Vermelho. Porém, os anos se passaram e ainda hoje a Cavalhada das crianças continua acontecendo, em especial pelo empenho de três gerações de responsáveis em ensaiar os meninos e cuidar de todos os detalhes do festejo. Nosso objetivo foi investigar como essa responsabilidade era, e ainda é, vivenciada por esses sujeitos de diferentes gerações, procurando saber as motivações para criar a festa, mantê-la e transmiti-la a outras pessoas que pudessem assegurar sua existência. A fim de ajudar no entendimento sobre tradição, cultura e outros conceitos caros ao nosso trabalho, contamos com o auxílio de autores de distintas áreas do conhecimento, sempre na perspectiva da ligação entre subjetividade e contexto fundamento da Psicologia Social. Nosso referencial teórico-metodológico principal foi a fenomenologia clássica, de onde o conceito de mundo-da-vida tem muito a dizer sobre o mundo das tradições. Recorremos também às ideias de Maurice Halbwachs, a partir da constatação de que o passado é dinâmico e permanece bem vivo no presente. Empreendemos uma pesquisa qualitativa de cunho etnográfico, observando, fotografando e recolhendo relatos que nos ajudavam a compreender o tema em questão. Foram analisadas as entrevistas dos três responsáveis pela Cavalhada Mirim, um de cada geração. Buscamos realizar uma análise rigorosa, conforme proposta por Husserl e sistematizada por van der Leeuw. As vivências mais significativas de cada participante com a responsabilidade pela Cavalhada Mirim foram então dispostas em categorias, usadas para depois descrevermos essas vivências de modo transversal nessas três gerações. Com isso, pudemos observar a legitimação da presença das crianças nas festas tradicionais de Morro Vermelho. Percebemos também um relacionamento significativo com a figura de Nossa Senhora. Essa experiência religiosa nasce a partir de uma influência da família e da comunidade, fazendo brotar diferentes modalidades de resposta dentre elas, a responsabilidade. Notamos ainda que cada sujeito incorpora um momento dessa trajetória de vida em Morro Vermelho: da iniciação na devoção e nas tradições, até a resposta como responsabilidade, culminando na preocupação pela transmissão às gerações seguintes. Constatamos que a responsabilidade se sustentava não como uma mera obrigação, e sim como o desejo de manter algo verdadeiramente significativo para esses três sujeitos em particular e para Morro Vermelho de modo geral, ajudando a sustentar as tradições locais.
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Porém, os anos se passaram e ainda hoje a Cavalhada das crianças continua acontecendo, em especial pelo empenho de três gerações de responsáveis em ensaiar os meninos e cuidar de todos os detalhes do festejo. Nosso objetivo foi investigar como essa responsabilidade era, e ainda é, vivenciada por esses sujeitos de diferentes gerações, procurando saber as motivações para criar a festa, mantê-la e transmiti-la a outras pessoas que pudessem assegurar sua existência. A fim de ajudar no entendimento sobre tradição, cultura e outros conceitos caros ao nosso trabalho, contamos com o auxílio de autores de distintas áreas do conhecimento, sempre na perspectiva da ligação entre subjetividade e contexto fundamento da Psicologia Social. Nosso referencial teórico-metodológico principal foi a fenomenologia clássica, de onde o conceito de mundo-da-vida tem muito a dizer sobre o mundo das tradições. Recorremos também às ideias de Maurice Halbwachs, a partir da constatação de que o passado é dinâmico e permanece bem vivo no presente. Empreendemos uma pesquisa qualitativa de cunho etnográfico, observando, fotografando e recolhendo relatos que nos ajudavam a compreender o tema em questão. Foram analisadas as entrevistas dos três responsáveis pela Cavalhada Mirim, um de cada geração. Buscamos realizar uma análise rigorosa, conforme proposta por Husserl e sistematizada por van der Leeuw. As vivências mais significativas de cada participante com a responsabilidade pela Cavalhada Mirim foram então dispostas em categorias, usadas para depois descrevermos essas vivências de modo transversal nessas três gerações. Com isso, pudemos observar a legitimação da presença das crianças nas festas tradicionais de Morro Vermelho. Percebemos também um relacionamento significativo com a figura de Nossa Senhora. Essa experiência religiosa nasce a partir de uma influência da família e da comunidade, fazendo brotar diferentes modalidades de resposta dentre elas, a responsabilidade. Notamos ainda que cada sujeito incorpora um momento dessa trajetória de vida em Morro Vermelho: da iniciação na devoção e nas tradições, até a resposta como responsabilidade, culminando na preocupação pela transmissão às gerações seguintes. Constatamos que a responsabilidade se sustentava não como uma mera obrigação, e sim como o desejo de manter algo verdadeiramente significativo para esses três sujeitos em particular e para Morro Vermelho de modo geral, ajudando a sustentar as tradições locais.Our journey goes toward Morro Vermelho, rural district of Caeté, near Belo Horizonte (MG). There we found residents proud to preserve their traditions, some of them dating back to more than three centuries. While some traditions remained, others were lost and others were created, such as the Cavalhada Mirim, who was born in the eighties of the 20th century. Initially, it was proposed as a way to create a space for the children, who were playing to imitate knights from Cavalhada of Our Lady of Nazareth, the oldest tradition of Morro Vermelho. But the years have passed and still the Cavalhada Mirim keeps happening, especially due to commitment of three generations of responsible for rehearsing the boys and take care of all the details of the celebration. Then, our goal was to investigate how this responsibility was, and still is, lived by these individuals from different generations, seeking to know the motivations for creating the party, keep it and pass it on to others who could ensure their existence. In order to assist us in the understanding of tradition, culture and other dear concepts to our work, we rely on the help of authors from different areas of knowledge, always in view of the connection between subjectivity and context - foundation of Social Psychology. Our main theoretical and methodological referential was classical phenomenology, where the concept of life-world has a lot to say about the world of traditions. Moreover, we resorted to ideas of Maurice Halbwachs, from the realization that the past is dynamic and remains very much alive in the present. We undertook a qualitative and ethnographic research, observing, photographing and collecting stories that could help us to understand the topic in question. We analyzed the interviews of the three responsible for Cavalhada Mirim, one from each generation. We tried made a rigorous analysis, as proposed by Husserl and systematized by van der Leeuw. The most significant livings of each participant about the responsibility for Cavalhada Mirim were then placed into categories, after used to describe these livings transversely in these three generations. Then, we could observe a legitimizing of the children in the traditional festivals of Morro Vermelho. Additionally, we also noticed a significant relationship with the figure of Our Lady. This religious experience born from an influence of family and community, originating different ways of response - among them, the responsibility. We noticed too that each subject incorporate a moment by this life course from Morro Vermelho: by initiation in devotion and traditions, to answer as responsibility, culminating in the concern of transmission to subsequent generations. We note that the responsibility is not supported as a mere obligation, but as a desire to keep something truly significant for these three subjects in particular and to Morro Vermelho in general, helping to sustain local traditions.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGCulturaFenomenologiaPsicologiaCavalhada MirimTradiçãoCulturaMundo-da-cidaMorro VermelhoFenomenologia clássicaRenovando a tradição: o caso da Cavalhada Mirim na comunidade de Morro Vermelhoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_vers_o_final_camila_lisboa.pdfapplication/pdf4709852https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9PQGF2/1/disserta__o_vers_o_final_camila_lisboa.pdff06dd2b9bbdd1fc1802e88b00565ebf7MD51TEXTdisserta__o_vers_o_final_camila_lisboa.pdf.txtdisserta__o_vers_o_final_camila_lisboa.pdf.txtExtracted texttext/plain477912https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9PQGF2/2/disserta__o_vers_o_final_camila_lisboa.pdf.txt47323908ee66947ae29eccf3e303808eMD521843/BUOS-9PQGF22019-11-14 13:40:20.397oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-9PQGF2Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T16:40:20Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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