Representações sociais da violência sexual: um estudo realizado com pacientes atendidos em um hospital público de Belo Horizonte

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ramon Luiz Braga Dias Moreira
Data de Publicação: 1997
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-AQJJMQ
Resumo: Para estudarmos as Representações Sociais da Violência Sexual, partimos de uma pesquisa quantitativa, realizada com 202 pacientes do sexo feminino, atendidas no Ambulatório de Sexualidade Humana da Maternidade Odete Valadares (MOV), e de uma pesquisa qualitativa envolvendo 20 voluntários do sexo feminino e 17 do sexo masculino, submetidos a questionários e entrevistas semi-estruturados, e 6 voluntários do sexo feminino e 6 voluntários do sexo masculino, participantes de dois grupos focais abordando os mesmo temas das entrevistas e dos questionário. Na pesquisa quantitativa encontramos uma forte correlação entre passado de haver sofrido violência sexual. Tomamos com hipótese, também, que as condições sociais precárias vividas por nossas pacientes relacionam-se diretamente ao abuso sexual de menores. Pesquisamos quantitativamente os fatores contextuais desta comunidade, que se compõe de moradores da periferia de Belo Horizonte. Entre as pacientes portadoras de disfunção sexual, 35,6% apresentavam passado de vitimização sexual. A pesquisa quantitativa revelou também um índice elevado de alcoolismo entre os parceiros sexuais das pacientes (34,6%), e, entre elas, um alto índice de depressão maior (32.,2%). A correlação mais forte se deu entre passado de violência sexual, depressão e disfunção sexual severa(aversão ou pânico sexual). Para a pesquisa qualitativa utilizamos três métodos de investigação: questionários, entrevistas e grupos focais. Esta metodologia mostrou-se de valor para o aprofundamento temático e emergência das representações sociais sobre o tema da dissertação. Homens e mulheres praticamente compartilham as mesmas representações sociais sobre a violência sexual. Algumas diferenças importantes, observadas a partir da pesquisa qualitativa, foram: mais mulheres do que homens consideraram a preservação do casamento um fator importante para justificar uma relação em que ocorre a agressão sexual; os homens, mais do que as mulheres, tenderam a culpabilizar o agressor sexual e a puni-lo com severas sanções, e até a pena de morte. Mulheres e homens imputaram grande valor à sedução feminina na causa da agressão sexual, embora também o fizessem quanto à sedução masculina, em menor escala. A análise de conteúdo mostrou que os principais temas surgidos dos questionários e das entrevistas, como causas da violência sexual, foram: sedução feminina, sedução masculina, uso de poder social e econômico, troca de interesses e instinto masculino. Os discursos masculinos e femininos foram representativos das crenças que mantêm a violência sexual como parte dessa comunidade. As questões surgidas durante os grupos focais reforçaram as repostas aos questionários e às entrevistas. O fato dos participantes da pesquisa qualitativa perceberem o fenômeno da violência sexual mais no âmbito das relações eróticas e instintivas do que como consequência dos papéis assumidos socialmente, levou-nos à sugestão de que trabalhos visando a conscientização popular quanto às questões de gênero são necessários para a prevenção das agressões sexuais.
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