Avaliação do percurso dos pacientes e da qualidade do preenchimento dos prontuários nas disciplinas obrigatórias do departamento de Saúde Bucal da Criança e do Adolescente

• Autor(a) principal: Lorena Castro Rocha
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/47994
• topic: Manutenção preventiva; Intervalo de rechamada; Prontuário odontológico; Saúde bucal; Manutenção preventiva; Encaminhamento e consulta; Ficha clínica; Saúde bucal

Os objetivos desse estudo retrospectivo longitudinal tipo censo foram verificar o percurso dos pacientes entre consultas de manutenção preventiva e curativas, e avaliar a qualidade de preenchimento dos prontuários odontológicos nas disciplinas clínicas obrigatórias do Departamento de Saúde Bucal da Criança e do Adolescente (SCA), da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FAO UFMG). A partir do banco de dados do projeto de extensão “Promoção de Saúde e Gerenciamento do Banco de Dados de Pacientes do SCA”, que gerencia o fluxo dos pacientes nas clínicas do departamento, foram considerados elegíveis para a pesquisa, todos os prontuários odontológicos de pacientes atendidos na clínica de Odontopediatria, a partir do segundo semestre de 2013 até o segundo semestre de 2019. Para serem incluídos no estudo, os prontuários deveriam incluir o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) assinado pelo responsável pelo paciente, serem de pacientes que tiveram a primeira consulta em uma das disciplinas obrigatórias do SCA, e terem ao menos uma alta após a primeira consulta, tendo também comparecido a pelo menos uma consulta de manutenção preventiva. Os prontuários foram avaliados por uma única pesquisadora previamente calibrada (Kappa intraexaminador: 0,888). O desfecho principal avaliado foi a probabilidade de encaminhamento dos pacientes ao tratamento curativo odontológico nas disciplinas obrigatórias da FAO UFMG. A avaliação do percurso dos pacientes entre as consultas de manutenção e curativas foi realizada através de análise de sobrevida, que analisou o intervalo de tempo entre as consultas, o tipo de consulta (se preventiva ou curativa), o sexo e a idade do paciente, enquanto a qualidade de preenchimento dos prontuários foi avaliada descritivamente. Os resultados da análise de Cox foram fornecidos em razão de risco (HR), intervalo de confiança de 95% (IC) e nível de significância p≤ 0,05. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG (CAAE: 44625221.4.0000.5149). Dos 1390 prontuários elegíveis, 296 corresponderam aos critérios de inclusão, sendo que 141 (47,6%) eram de pacientes do sexo feminino e 155 (52,4%), do sexo masculino. A idade média dos pacientes na primeira consulta foi de 5,97 anos (DP = 2,305). Dos 296 prontuários, nenhum deles apresentou o preenchimento adequado para todas as seções analisadas. Para avaliação do desfecho de encaminhamento ao tratamento odontológico, foram contabilizadas 972 consultas odontológicas, sendo que em 281 (28,9%), o paciente apresentou necessidade de tratamento curativo e em 691 (71,1%), o paciente não apresentou necessidade de tratamento curativo. A probabilidade de necessidade de encaminhamento para tratamento curativo na consulta de manutenção preventiva com intervalo de seis meses foi de 18,9%, de 42,6% com intervalo de 12 meses, e de 52,5% com intervalo de 18 meses. Não houve diferença na probabilidade de encaminhamento ao tratamento no tempo de seguimento entre pacientes do sexo feminino e masculino (HR = 1,13; [0,89 – 1,43]; p = 0,304). Pacientes com idade igual ou inferior a 9 anos tiveram 2,07 vezes mais chances de serem encaminhados ao tratamento curativo com o tempo de seguimento do que pacientes com 10 anos ou mais (HR = 2,07; [1,62 – 2,64]; p < 0,001). Desta forma, conclui-se que intervalos superiores a seis meses de acompanhamento aumentaram a chance do paciente necessitar de tratamento curativo, sendo que esta probabilidade foi maior entre crianças com idade igual ou inferior a 9 anos. A qualidade de preenchimento dos prontuários odontológicos pelos alunos de graduação é preocupantemente deficiente.