Nem que a vida os separe: dúvidas e prescrições sobre casamento nos Anos Dourados da revista O Cruzeiro (1946 a 1963)

• Autor(a) principal: Luciana de Moura Ribeiro
• Data de Publicação: 2012
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-96UGNX
• topic: Relação homem-mulher; Mídia feminina; Casamento; Gênero; Da mulher para a mulher; Relações homem-mulher; Casamento; O Cruzeiro (Revista)Da mulher para a mulher; Psicologia

A presente pesquisa teve como objetivo identificar, organizar e analisar interesses, comportamentos e valores sobre o casamento, vivenciados cotidianamente no Brasil das décadas de 1940 a 1960, relatados por meio de uma seção feminina intitulada Da Mulher para a Mulher, na revista de época O Cruzeiro. Por se saber que a mídia impressa é geradora de bens simbólicos e um importante meio veiculador dos mesmos, promovendo assim a circulação social, tem um papel destacado na realização desse estudo. Nesse sentido,escolhemos o Casamento como tema central dessa investigação, visto que, ao longo do tempo, esse tem sido o eixo fundamental das relações entre os gêneros. A seção mencionada era voltada ao diálogo com o público feminino, apresentada em formato de carta dos leitores, com linguagem direta e pessoal, cujo intuito era também o de dirimir dúvidas e orientar comportamentos. As seções recuperadas das revistas mantidas pela Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa em Belo Horizonte/MG integraram um material importante como fonte da pesquisa desenvolvida para a compreensão dos complexos elementos sociais que circundam o casamento, a exemplo das relações entre os gêneros feminino e masculino. A pesquisa documental foi realizada com uma amostra de 231 artigos da seção feminina (202 artigos de mulheres e 29 artigos de homem), localizados em 212 revistas. Os dados foram classificados em oito categorias, norteados pela análise de conteúdo e aporte teórico de gênero. A organização do material de análise foi feita com o auxílio do software Nvivo 8. Os resultados obtidos apresentaram uma permanência de valores tradicionais da mulher como: ser responsável pelo lar, pelo exercício das funções de esposa, dona de casa e mãe, agindo de acordo com a identidade tradicional, tendo como cumprimento de suas tarefas uma representação de mulher ideal. Com relação à representação do homem, os resultados também demonstraram a preservação de lugares tradicionais, os quais faziam referências ao marido como chefe de família e mantenedor da honra, permanecendo a representação do homem ainda como provedor, o que demonstra a força e a resistência desse valor. Há também prenúncios das mudanças sociais que seriam vislumbradas em décadas posteriores com relação às mulheres. Portanto, percebe-se que houve avanços na discussão sobre temas de socialização da mulher em relação à década anterior. Entretanto, a representação de homem ideal hegemônico ainda persiste.