Estudo de sintomas de despersonalização em pacientes com migrânea e controles

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ana Carolina Sarquis Salgado
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-A28FYR
Resumo: Introdução: A despersonalização, ou sensação de estranhamento em relação a si mesmo, é um fenômeno intrigante e, até o momento, pouco investigado. Os sintomas de despersonalização - que incluem desrealização, deafetualização e alterações nas recordações subjetivas - podem se manifestar em forma de episódios transitórios, fazer parte da apresentação de transtornos neuropsiquiátricos ou ocorrer de forma primária, no transtorno de despersonalização e desrealização. A migrânea é uma cefaleia primária recorrente presente em 15,8% da população brasileira, e cerca de 30% dos pacientes com migrânea relatam aura premonitória. Nos últimos anos, surgiram trabalhos investigando a relação entre as duas condições e hipotetizando um mecanismo fisiopatológico comum. É relevante a observação de que tanto a migrânea quanto o transtorno de despersonalização apresentam alto índice de comorbidades psiquiátricas, principalmente transtornos ansiosos e depressivos. Objetivos: Avaliar a frequência e intensidade dos sintomas de despersonalização em migrânea com e sem aura e controles saudáveis, controlando para a co-ocorrência de ansiedade e depressão, e realizar a tradução e adaptação cultural da Escala de Despersonalização de Cambridge. Método: Foi realizado um estudo transversal observacional utilizando entrevistas psiquiátricas estruturadas em 49 pacientes que preenchiam critérios da Sociedade Internacional de Cefaleias (2013) para migrânea e 30 controles saudáveis. Foi utilizado o MINI para diagnosticar transtornos psiquiátricos do eixo I; a Escala de Despersonalização de Cambridge (versão em português brasileiro) e entrevista clínica visando identificar sintomas de despersonalização, BDI e BAI para quantificar os sintomas depressivos e ansiosos respectivamente e a MIDAS para avaliar o impacto da migrânea no trabalho e atividades diárias desses pacientes. O impacto da aura nos sintomas de despersonalização também foi avaliado. Resultados: Encontraram-se experiências transitórias de despersonalização nos últimos seis meses em 59,1% do grupo migrânea e 43,3% no grupo controle. A despersonalização clinicamente significativa, identificada por entrevista clínica semi-estruturada, esteve presente em 7,5% dos participantes, sendo associada ao diagnóstico de transtornos depressivos ou ansiosos em 85% dos casos. O transtorno de despersonalização e desrealização foi identificado em apenas um caso, representando 1,3% da amostra total ou 2,1% do grupo migrânea. Não foi encontrada associação entre a ocorrência da aura e a frequência ou duração das experiências de despersonalização. Conclusão: No grupo migrânea, as experiências clinicamente significativas de despersonalização estão ligadas à depressão e ansiedade, não sendo possível afirmar a existência de uma relação independente.
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É relevante a observação de que tanto a migrânea quanto o transtorno de despersonalização apresentam alto índice de comorbidades psiquiátricas, principalmente transtornos ansiosos e depressivos. Objetivos: Avaliar a frequência e intensidade dos sintomas de despersonalização em migrânea com e sem aura e controles saudáveis, controlando para a co-ocorrência de ansiedade e depressão, e realizar a tradução e adaptação cultural da Escala de Despersonalização de Cambridge. Método: Foi realizado um estudo transversal observacional utilizando entrevistas psiquiátricas estruturadas em 49 pacientes que preenchiam critérios da Sociedade Internacional de Cefaleias (2013) para migrânea e 30 controles saudáveis. Foi utilizado o MINI para diagnosticar transtornos psiquiátricos do eixo I; a Escala de Despersonalização de Cambridge (versão em português brasileiro) e entrevista clínica visando identificar sintomas de despersonalização, BDI e BAI para quantificar os sintomas depressivos e ansiosos respectivamente e a MIDAS para avaliar o impacto da migrânea no trabalho e atividades diárias desses pacientes. O impacto da aura nos sintomas de despersonalização também foi avaliado. Resultados: Encontraram-se experiências transitórias de despersonalização nos últimos seis meses em 59,1% do grupo migrânea e 43,3% no grupo controle. A despersonalização clinicamente significativa, identificada por entrevista clínica semi-estruturada, esteve presente em 7,5% dos participantes, sendo associada ao diagnóstico de transtornos depressivos ou ansiosos em 85% dos casos. O transtorno de despersonalização e desrealização foi identificado em apenas um caso, representando 1,3% da amostra total ou 2,1% do grupo migrânea. Não foi encontrada associação entre a ocorrência da aura e a frequência ou duração das experiências de despersonalização. Conclusão: No grupo migrânea, as experiências clinicamente significativas de despersonalização estão ligadas à depressão e ansiedade, não sendo possível afirmar a existência de uma relação independente.Introduction: Depersonalization, a feeling of strangeness towards the self, is an intriguing phenomenon, and, up until now, it was subjected to few investigations. Symptoms of depersonalization - including derealization, deaffectualization and anomalous subjective recall may manifest as transient episodes, along the course of neuropsychiatric disorders or occur as a primary disease, namely depersonalization and derealization disorder. Migraine is a recurrent primary headache found in 15,8% of the Brazilian population, and around 30% of patients with migraine report premonitory aura. Over the last years, studies have investigated the relationship between migraine and depersonalization and hypothesized a common pathophysiological mechanism. It is relevant to note that both migraine and depersonalization disorder present a high rate of comorbid psychiatric disorders, specially anxiety and depression. Objectives: The goals of this study are to evaluate the frequency and duration of depersonalization symptoms in patients suffering from migraine with and without aura and healthy controls, controlling for the co-ocurrence of depression and anxiety, and perform the translation and cultural adaptation of the Cambridge Depersonalization Scale. Methods: An observational transversal study was conducted, using structured psychiatric interviews in 49 patients with migraine according to the criteria of the International Headache Society (2013) and 30 healthy controls. To diagnose axis I psychiatric disorders, MINI structured interviews were performed. The Cambridge Depersonalization Scale (Brazilian Portuguese version) and clinical interviews were used to identify depersonalization symptoms, BDI and BAI to quantify depressive and anxious symptoms respectively and MIDAS to evaluate migraine impact in the patients work and daily activities. The impact of aura in depersonalization symptoms has also been evaluated. Results: Transient depersonalization experiencies within the past six months were found in 59,1% of the migraine group and 43,3% of the controls. Clinically significant depersonalization, identified by a semi-structured clinical interview, was diagnosed in 7,5% of the sample, and associated to the diagnosis of depressive or anxious disorders in 85% of the cases. Depersonalization and derealization disorder was diagnosed in only one case, which represents 1,3% of the total sample and 2,1% of the migraine group. An association between the occurrence of aura and the frequency or intensity of depersonalization experiences has not been found. Conclusion: In the migraine group, clinically significant depersonalization experiencies are strongly related to depression and anxiety, therefore, it is not possible to assume an independent relation.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGNeurociênciasDespersonalizaçãoTranstornos psiquiátricosMigrâneaDepressãoansiedadeDesrealizaçãoEscala de Despersonalização de CambridgeauraEstudo de sintomas de despersonalização em pacientes com migrânea e controlesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_ana_salgado.pdfapplication/pdf1277676https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A28FYR/1/disserta__o_ana_salgado.pdfa44b739861b716380809dd44da9dceb0MD51TEXTdisserta__o_ana_salgado.pdf.txtdisserta__o_ana_salgado.pdf.txtExtracted texttext/plain153708https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A28FYR/2/disserta__o_ana_salgado.pdf.txt99601b114149cb18470787ce91758d28MD521843/BUBD-A28FYR2019-11-14 19:23:18.513oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-A28FYRRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T22:23:18Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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