Violência obstétrica em julgamento: etnografia de acórdãos sobre um conceito em disputa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ana Clara Matias Brasileiro
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/68288
https://orcid.org/0000-0002-8986-3237
Resumo: Apesar de não haver, no Brasil, um consenso em relação ao conceito de violência obstétrica, as evidências indicam sua ocorrência, sendo que uma em cada quatro mulheres relata ter sofrido alguma forma de violência por parte da equipe que a assistia durante gestação, parto e pós-parto. A despeito disso, são relativamente poucos os julgados em cujo inteiro teor ela seja encontrada. Nesta pesquisa, busca-se investigar o tratamento dado pelo Judiciário brasileiro a casos envolvendo violência obstétrica, identificar e analisar os tipos de demandas que, quando julgadas, ensejam a utilização da expressão e, por fim, verificar se há alguma tendência pelo reconhecimento ou não do dever de indenizar danos em função da prática de violência obstétrica. Para tanto, foi realizada uma pesquisa teórica em que se discutiu o embate dos modelos de assistência ao parto, o descortinamento da violência obstétrica, a partir da ideia de insulto moral, e o combate a essa forma de violência, com estratégias de comunicação que a localizaram como um problema público, como um capítulo contemporâneo na luta pelos direitos humanos das mulheres. Em seguida, adotou-se a metodologia de etnografia de documentos, realizando pesquisa quantitativa e análise panorâmica do conjunto de julgados, em primeiro plano, análise qualiquantitativa dos acórdãos julgados pelo TJMG e análise qualitativa de processos emblemáticos para o campo com foco na argumentação e no tratamento dado a violência obstétrica em cada caso. Considerando as compreensões e disputas sobre o tema, foi possível constatar que, do embate entre os modelos de assistência tecnicista e humanizado, possibilita-se o questionamento de práticas protocolares, corriqueiras e naturalizadas, na obstetrícia praticada com a hospitalização do parto. Essas novas demandas, chegando aos tribunais brasileiros, têm recebido tratamentos difusos, não sendo possível identificar, no corpus analisado, uma compreensão conceitual estabilizada. Vê-se, contudo, uma mobilização mais frequente, embora ainda tímida, da expressão, algo que faz parte do processo de expansão dos direitos.
id UFMG_c46b91580e1892ca97f7125a8a28a952
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/68288
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Camila Silva Nicáciohttp://lattes.cnpq.br/7229812227743668Fabiana de Menezes SoaresBárbara Gomes Lupetti BaptistaAna Lúcia Pastore SchritzmeyerStephania Gonçalves Klujszahttp://lattes.cnpq.br/1293167894955290Ana Clara Matias Brasileiro2024-05-14T13:53:12Z2024-05-14T13:53:12Z2023-09-26http://hdl.handle.net/1843/68288https://orcid.org/0000-0002-8986-3237Apesar de não haver, no Brasil, um consenso em relação ao conceito de violência obstétrica, as evidências indicam sua ocorrência, sendo que uma em cada quatro mulheres relata ter sofrido alguma forma de violência por parte da equipe que a assistia durante gestação, parto e pós-parto. A despeito disso, são relativamente poucos os julgados em cujo inteiro teor ela seja encontrada. Nesta pesquisa, busca-se investigar o tratamento dado pelo Judiciário brasileiro a casos envolvendo violência obstétrica, identificar e analisar os tipos de demandas que, quando julgadas, ensejam a utilização da expressão e, por fim, verificar se há alguma tendência pelo reconhecimento ou não do dever de indenizar danos em função da prática de violência obstétrica. Para tanto, foi realizada uma pesquisa teórica em que se discutiu o embate dos modelos de assistência ao parto, o descortinamento da violência obstétrica, a partir da ideia de insulto moral, e o combate a essa forma de violência, com estratégias de comunicação que a localizaram como um problema público, como um capítulo contemporâneo na luta pelos direitos humanos das mulheres. Em seguida, adotou-se a metodologia de etnografia de documentos, realizando pesquisa quantitativa e análise panorâmica do conjunto de julgados, em primeiro plano, análise qualiquantitativa dos acórdãos julgados pelo TJMG e análise qualitativa de processos emblemáticos para o campo com foco na argumentação e no tratamento dado a violência obstétrica em cada caso. Considerando as compreensões e disputas sobre o tema, foi possível constatar que, do embate entre os modelos de assistência tecnicista e humanizado, possibilita-se o questionamento de práticas protocolares, corriqueiras e naturalizadas, na obstetrícia praticada com a hospitalização do parto. Essas novas demandas, chegando aos tribunais brasileiros, têm recebido tratamentos difusos, não sendo possível identificar, no corpus analisado, uma compreensão conceitual estabilizada. Vê-se, contudo, uma mobilização mais frequente, embora ainda tímida, da expressão, algo que faz parte do processo de expansão dos direitos.Although there is no consensus in Brazil on the concept of obstetric violence, the evidence indicates that it does occur, with one in four women reporting having suffered some form of violence from the team assisting them during pregnancy, childbirth and the postpartum period. Despite this, there are relatively few judgments in which it is found. This research aims to investigate the treatment given by the Brazilian judiciary to cases involving obstetric violence, to identify and analyze the types of claims that, when judged, give rise to the use of the expression and, finally, to verify whether there is any tendency to recognize or not the duty to compensate damages due to the practice of obstetric violence. Therefore, theoretical research was carried out to discuss the clash between models of childbirth care, the unveiling of obstetric violence, based on the idea of moral insult, and the fight against this form of violence, with communication strategies that locate it as a public problem, as a contemporary chapter in the fight for women's human rights. The methodology of ethnography of documents was then adopted, carrying out quantitative research and panoramic analysis of the set of judgments, in the foreground, qualitative and quantitative analysis of the judgments judged by the TJMG and qualitative analysis of emblematic cases for the field with a focus on the argumentation and treatment given to obstetric violence in each case. Considering the understandings and disputes on the subject, it was possible to see that the clash between the technicist and humanized models of care has made it possible to question protocol practices, which are commonplace and naturalized, in obstetrics practiced with the hospitalization of childbirth. These new demands, which have reached the Brazilian courts, have received diffuse treatment, and it was not possible to identify a stabilized conceptual understanding in the corpus analyzed. There is, however, a more frequent, albeit still timid, use of the term, which is part of the process of expanding rights.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em DireitoUFMGBrasilDIREITO - FACULDADE DE DIREITOhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/info:eu-repo/semantics/openAccessDireitos humanosParto (Obstetrícia)Poder JudiciárioEtnologia jurídicaViolência obstétricaViolência obstétricaEtnografia de documentosInsulto moralAntropologia do direitoHumanização do partoViolência obstétrica em julgamento: etnografia de acórdãos sobre um conceito em disputaObstetric violence on trial: ethnography of cases on a concept under disputeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINAL[Tese Ana Clara Matias Brasileiro] VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA EM JULGAMENTO - etnografia de acórdãos sobre um conceito em disputa. 2023.pdf[Tese Ana Clara Matias Brasileiro] VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA EM JULGAMENTO - etnografia de acórdãos sobre um conceito em disputa. 2023.pdfapplication/pdf3625232https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/68288/1/%5bTese%20Ana%20Clara%20Matias%20Brasileiro%5d%20VIOL%c3%8aNCIA%20OBST%c3%89TRICA%20EM%20JULGAMENTO%20-%20etnografia%20de%20ac%c3%b3rd%c3%a3os%20sobre%20um%20conceito%20em%20disputa.%202023.pdfe3599d188e1bf4c4a0d2d8dc52e1be25MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/68288/2/license_rdfcfd6801dba008cb6adbd9838b81582abMD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/68288/3/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD531843/682882024-05-14 10:53:12.678oai:repositorio.ufmg.br:1843/68288TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2024-05-14T13:53:12Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Violência obstétrica em julgamento: etnografia de acórdãos sobre um conceito em disputa
dc.title.alternative.pt_BR.fl_str_mv Obstetric violence on trial: ethnography of cases on a concept under dispute
title Violência obstétrica em julgamento: etnografia de acórdãos sobre um conceito em disputa
spellingShingle Violência obstétrica em julgamento: etnografia de acórdãos sobre um conceito em disputa
Ana Clara Matias Brasileiro
Violência obstétrica
Etnografia de documentos
Insulto moral
Antropologia do direito
Humanização do parto
Direitos humanos
Parto (Obstetrícia)
Poder Judiciário
Etnologia jurídica
Violência obstétrica
title_short Violência obstétrica em julgamento: etnografia de acórdãos sobre um conceito em disputa
title_full Violência obstétrica em julgamento: etnografia de acórdãos sobre um conceito em disputa
title_fullStr Violência obstétrica em julgamento: etnografia de acórdãos sobre um conceito em disputa
title_full_unstemmed Violência obstétrica em julgamento: etnografia de acórdãos sobre um conceito em disputa
title_sort Violência obstétrica em julgamento: etnografia de acórdãos sobre um conceito em disputa
author Ana Clara Matias Brasileiro
author_facet Ana Clara Matias Brasileiro
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Camila Silva Nicácio
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/7229812227743668
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Fabiana de Menezes Soares
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Bárbara Gomes Lupetti Baptista
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Stephania Gonçalves Klujsza
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/1293167894955290
dc.contributor.author.fl_str_mv Ana Clara Matias Brasileiro
contributor_str_mv Camila Silva Nicácio
Fabiana de Menezes Soares
Bárbara Gomes Lupetti Baptista
Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer
Stephania Gonçalves Klujsza
dc.subject.por.fl_str_mv Violência obstétrica
Etnografia de documentos
Insulto moral
Antropologia do direito
Humanização do parto
topic Violência obstétrica
Etnografia de documentos
Insulto moral
Antropologia do direito
Humanização do parto
Direitos humanos
Parto (Obstetrícia)
Poder Judiciário
Etnologia jurídica
Violência obstétrica
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Direitos humanos
Parto (Obstetrícia)
Poder Judiciário
Etnologia jurídica
Violência obstétrica
description Apesar de não haver, no Brasil, um consenso em relação ao conceito de violência obstétrica, as evidências indicam sua ocorrência, sendo que uma em cada quatro mulheres relata ter sofrido alguma forma de violência por parte da equipe que a assistia durante gestação, parto e pós-parto. A despeito disso, são relativamente poucos os julgados em cujo inteiro teor ela seja encontrada. Nesta pesquisa, busca-se investigar o tratamento dado pelo Judiciário brasileiro a casos envolvendo violência obstétrica, identificar e analisar os tipos de demandas que, quando julgadas, ensejam a utilização da expressão e, por fim, verificar se há alguma tendência pelo reconhecimento ou não do dever de indenizar danos em função da prática de violência obstétrica. Para tanto, foi realizada uma pesquisa teórica em que se discutiu o embate dos modelos de assistência ao parto, o descortinamento da violência obstétrica, a partir da ideia de insulto moral, e o combate a essa forma de violência, com estratégias de comunicação que a localizaram como um problema público, como um capítulo contemporâneo na luta pelos direitos humanos das mulheres. Em seguida, adotou-se a metodologia de etnografia de documentos, realizando pesquisa quantitativa e análise panorâmica do conjunto de julgados, em primeiro plano, análise qualiquantitativa dos acórdãos julgados pelo TJMG e análise qualitativa de processos emblemáticos para o campo com foco na argumentação e no tratamento dado a violência obstétrica em cada caso. Considerando as compreensões e disputas sobre o tema, foi possível constatar que, do embate entre os modelos de assistência tecnicista e humanizado, possibilita-se o questionamento de práticas protocolares, corriqueiras e naturalizadas, na obstetrícia praticada com a hospitalização do parto. Essas novas demandas, chegando aos tribunais brasileiros, têm recebido tratamentos difusos, não sendo possível identificar, no corpus analisado, uma compreensão conceitual estabilizada. Vê-se, contudo, uma mobilização mais frequente, embora ainda tímida, da expressão, algo que faz parte do processo de expansão dos direitos.
publishDate 2023
dc.date.issued.fl_str_mv 2023-09-26
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2024-05-14T13:53:12Z
dc.date.available.fl_str_mv 2024-05-14T13:53:12Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/68288
dc.identifier.orcid.pt_BR.fl_str_mv https://orcid.org/0000-0002-8986-3237
url http://hdl.handle.net/1843/68288
https://orcid.org/0000-0002-8986-3237
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Direito
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv DIREITO - FACULDADE DE DIREITO
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/68288/1/%5bTese%20Ana%20Clara%20Matias%20Brasileiro%5d%20VIOL%c3%8aNCIA%20OBST%c3%89TRICA%20EM%20JULGAMENTO%20-%20etnografia%20de%20ac%c3%b3rd%c3%a3os%20sobre%20um%20conceito%20em%20disputa.%202023.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/68288/2/license_rdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/68288/3/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv e3599d188e1bf4c4a0d2d8dc52e1be25
cfd6801dba008cb6adbd9838b81582ab
cda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589480616034304