Sistema de esgotamento sanitário na ocupação Eliana Silva

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marcelo Duarte Borges Caixeta
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/MMMD-AY7N7N
Resumo: A autoconstrução em assentamentos precários no Brasil não se resume às moradias, mas inclui também sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário, pavimentação etc. Na ocupação Eliana Silva, em Belo Horizonte, a autoconstrução de sistemas de esgotamento sanitário envolveu parcerias entre moradores, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e o grupo da Escola de Arquitetura, Práticas Sociais no Espaço Urbano (Praxis UFMG), entre outros atores. No contexto dessas parcerias, os sistemas construídos incluíram uma rede convencional, tanques de evapotranspiração (Tevaps) e círculos de bananeiras. Quando iniciei esta pesquisa, ocorria na ocupação Eliana Silva a substituição dos sistemas autoconstruídos pelo sistema convencional da Copasa. Com isso, a pesquisa pretendeu responder à questão: por que os moradores desejam o sistema convencional da Copasa? Partiu-se do pressuposto de que existe uma imposição do sistema hegemônico centralizado e empresarial, atrelado à lógica capitalista. A investigação buscou então compreender a construção da lógica mercantilista do esgotamento sanitário a partir das instituições e políticas públicas implementadas durante a ditadura militar, de cujo contexto autoritário surgiram as CESBs, dentre as quais a Copasa-MG. Além disso, investigou-se aspectos da produção do sistema hegemônico de esgotamento sanitário de Belo Horizonte, que decorreu do planejamento baseado em preceitos positivistas e higienistas. A temática se desenrolou em torno de diferentes concepções sobre planejamento, meio-ambiente e gestão do esgotamento sanitário, a saber: a concepção modernista, as proposições de Saturnino de Brito, e o conceito Urbanização Reversa (que, ao longo do trabalho, agregou ideias de Margarete Silva (Leta), Edézio Carvalho, e Johan Van Lengen). Em diálogo com as discussões teóricas, foram sistematizadas ações experimentais de assessoria técnica em arquitetura, voltadas às soluções de esgotamento sanitário nas ocupações urbanas. Essas ações vêm sendo organizadas e apoiadas, desde 2009, seja no âmbito de trabalhos acadêmicos, projetos de extensão, ou equipes formadas espontaneamente. Destacam-se nesse contexto, além do Praxis UFMG, o Escritório de Integração da PUC-MG e a Associação Arquitetas sem Fronteiras Brasil, sediada em Belo Horizonte. A metodologia desta pesquisa envolve revisão teórica e análise empírica, feita a partir de entrevistas e mapeamentos, no período entre outubro de 2016 e março de 2017. As ações experimentais de assessoria técnica contribuíram para a diminuição da desigualdade de acesso ao serviço de esgotamento sanitário na ocupação Eliana Silva, porém, os desafios da autoconstrução com poucos recursos e sem apoio do Estado se evidenciou como um fator crucial para o desejo dos moradores pelo sistema hegemônico, que na verdade se trata de uma necessidade: o acesso ao serviço público é negado aos moradores, ao mesmo tempo em que não se desenvolve nem se apoia iniciativas de autoprodução das soluções, visto que o modelo é baseado na centralização de tecnologia e de recursos. Por isso, apesar da boa aceitação por parte dos moradores em relação aos sistemas alternativos, devido à sua simplicidade e baixo custo, foi necessário lutar pelo acesso ao sistema da Copasa, que nesse sentido se trata de uma solução uniformizante e impositiva.
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Com isso, a pesquisa pretendeu responder à questão: por que os moradores desejam o sistema convencional da Copasa? Partiu-se do pressuposto de que existe uma imposição do sistema hegemônico centralizado e empresarial, atrelado à lógica capitalista. A investigação buscou então compreender a construção da lógica mercantilista do esgotamento sanitário a partir das instituições e políticas públicas implementadas durante a ditadura militar, de cujo contexto autoritário surgiram as CESBs, dentre as quais a Copasa-MG. Além disso, investigou-se aspectos da produção do sistema hegemônico de esgotamento sanitário de Belo Horizonte, que decorreu do planejamento baseado em preceitos positivistas e higienistas. A temática se desenrolou em torno de diferentes concepções sobre planejamento, meio-ambiente e gestão do esgotamento sanitário, a saber: a concepção modernista, as proposições de Saturnino de Brito, e o conceito Urbanização Reversa (que, ao longo do trabalho, agregou ideias de Margarete Silva (Leta), Edézio Carvalho, e Johan Van Lengen). Em diálogo com as discussões teóricas, foram sistematizadas ações experimentais de assessoria técnica em arquitetura, voltadas às soluções de esgotamento sanitário nas ocupações urbanas. Essas ações vêm sendo organizadas e apoiadas, desde 2009, seja no âmbito de trabalhos acadêmicos, projetos de extensão, ou equipes formadas espontaneamente. Destacam-se nesse contexto, além do Praxis UFMG, o Escritório de Integração da PUC-MG e a Associação Arquitetas sem Fronteiras Brasil, sediada em Belo Horizonte. A metodologia desta pesquisa envolve revisão teórica e análise empírica, feita a partir de entrevistas e mapeamentos, no período entre outubro de 2016 e março de 2017. As ações experimentais de assessoria técnica contribuíram para a diminuição da desigualdade de acesso ao serviço de esgotamento sanitário na ocupação Eliana Silva, porém, os desafios da autoconstrução com poucos recursos e sem apoio do Estado se evidenciou como um fator crucial para o desejo dos moradores pelo sistema hegemônico, que na verdade se trata de uma necessidade: o acesso ao serviço público é negado aos moradores, ao mesmo tempo em que não se desenvolve nem se apoia iniciativas de autoprodução das soluções, visto que o modelo é baseado na centralização de tecnologia e de recursos. Por isso, apesar da boa aceitação por parte dos moradores em relação aos sistemas alternativos, devido à sua simplicidade e baixo custo, foi necessário lutar pelo acesso ao sistema da Copasa, que nesse sentido se trata de uma solução uniformizante e impositiva.The self-built construction in precarious settlements in Brazil is not limited to houses, but also includes water supply systems, sanitation, paving etc. In the Eliana Silva Occupation, in Belo Horizonte, the self-construction of sanitary sewage systems involved partnerships between residents, the Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) and the school of architecture group, Práticas Sociais no Espaço Urbano (Praxis UFMG), among other actors. In the context of these partnerships, the systems built included a conventional network, tanks of evapotranspiration (Tevaps) and banana tree circles. When this research began, there occurred in the Eliana Silva occupation a replacement of the self-built systems by the conventional Copasa system. With this, the research attempted to answer the question: why do residents want the conventional Copasa system? The assumption was that there is an imposition of the centralized hegemonic system linked to the capitalist logic. The research then sought to understand the construction of the mercantilist logic of sanitary sewage from the institutions and public policies implemented during the military dictatorship, whose authoritarian context emerged the CESBs, among them Copasa-MG. In addition, investigate how the production of the hegemonic system of sanitary sewage of the city of Belo Horizonte, since it was created. Experimental actions were also systematized for the technical assistance of architecture for sanitary sewage solutions in urban occupations The methodology of this research involves theoretical revision and empirical analysis, made from interviews and mappings, between October 2016 and March 2017. The experimental technical assistance actions contributed to reduce the inequality of access to sanitary sewage service in the Eliana Silva occupation, however, the challenges of self-built construction with few resources and without State support were evidenced as a crucial factor for the residents' desire for hegemonic system, which is actually a necessity: access to the public service is denied to the residents, at the same time that initiatives are not developed or supported by self-production of the solutions, since the model is based on the centralization of technology and of resources. Therefore, despite the good acceptance by the residents of alternative systems, due to its simplicity and low cost, it was necessary to fight for access to the Copasa system, which is thus configured in a single, standardized and imposed solution.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGPolíticas públicasConglomerado habitacionalPlanejamento urbanoSaneamentoConglomerado habitacional Belo HorizontePlanejamento urbanoSaneamentoSistema de esgotamento sanitário na ocupação Eliana Silvainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINAL171218_vers_o_final_para_publica__o_marcelo.pdfapplication/pdf11147432https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MMMD-AY7N7N/1/171218_vers_o_final_para_publica__o_marcelo.pdfa7ffddbad92e8aea6dfcdc7570488d29MD51TEXT171218_vers_o_final_para_publica__o_marcelo.pdf.txt171218_vers_o_final_para_publica__o_marcelo.pdf.txtExtracted texttext/plain357173https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MMMD-AY7N7N/2/171218_vers_o_final_para_publica__o_marcelo.pdf.txt9543778cfbbe8f3f68eeb7830ee15fd6MD521843/MMMD-AY7N7N2019-11-14 15:53:56.114oai:repositorio.ufmg.br:1843/MMMD-AY7N7NRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T18:53:56Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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