O cuidado familiar à pessoa idosa com transtorno mental: Modelo Calgary de avaliação da família

• Autor(a) principal: Quesia Nayrane Ferreira
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/45803; https://orcid.org/0000-0002-2144-2313
• topic: Idoso; Transtornos mentais; Relações familiares; Enfermeiros; Idoso; Transtornos Mentais; Relações Familiares; Enfermeiros; Planejamento de Assistência ao Paciente

Pesquisa descritivo-exploratória de abordagem qualitativa com o objetivo de analisar o cuidado familiar prestado à pessoa idosa com transtorno mental. O estudo foi desenvolvido em uma das nove regionais do município de Belo Horizonte, tendo como participantes 326 idosos atendidos no CERSAM, entre julho de 2017 e junho de 2019, e sete familiares de três desses idosos que estiveram em tratamento no serviço. A coleta de dados se deu em três etapas: análise documental em prontuários físicos, para levantamento dos dados no CERSAM, com posterior sorteio realizado entre os idosos em tratamento, seguido de análise documental no Sistema de Informação de Gestão da Saúde do município e, por fim, entrevistas semiestruturadas com os familiares, em seus domicílios. Para organização dos dados coletados durante análise documental, utilizou-se de tabelas do Excel e da digitalização de alguns documentos pelo aplicativo CamScanner. As entrevistas foram gravadas, transcritas e codificadas. Seguiram-se as etapas de análise proposta por Yin (2005), de examinar, categorizar e recombinar as evidências para tratar as proposições do estudo. Ressalta-se que o Modelo Calgary de Avaliação da Família (MCAF) foi utilizado como referencial teórico-metodológico do estudo desde a elaboração do roteiro das entrevistas à análise dos casos, com a utilização das representações gráficas de genograma e ecomapa na apresentação dos resultados. Os preceitos éticos foram respeitados e os nomes descritos no trabalho são fictícios. Os resultados foram apresentados em cinco capítulos, incluindo a caracterização dos 326 idosos atendidos no CERSAM, sendo 63,2% do sexo feminino com média de idade de 68,06, com idades entre 60 e 94 anos, prevalecendo a faixa etária de 60 a 69 anos em 65,64%. Quanto à escolaridade, 43,75% tinham entre um e quatro anos de estudo, 45,3% eram casados, 46,11% eram donas de casa e 35% aposentados, e 32,82% tinham acompanhamento prolongado no CERSAM. Os três casos apresentavam semelhanças na configuração familiar: dois eram famílias extensas e um consanguínea, com grande influência de irmãos no cuidado. Os diagnósticos de transtorno mental aconteceram após os trinta anos de idade, nos casos de Rosa e Lorenzo, e antes dos 25 anos, no caso de Alvarez. Ressalta-se a prevalência de diagnósticos de transtornos mentais em outros membros da família nos três casos, sendo todos irmãos do idoso. Os três eram idosos jovens e apenas Rosa apresentava outras patologias crônicas que desencadearam quadros de dependência, embora sua dependência relacionava-se a uma instabilidade associada ao transtorno mental. Fato este, que em conjunto com a falta de preparo e conhecimento da família acerca da doença, agravou a sobrecarga e prevalência de vínculos negativos na família desta idosa. Para o cuidado familiar ao idoso com transtorno mental houve necessidades de adaptação da família, com estabilidade, organização e dedicação para conhecer a doença e o próprio idoso. Verificou-se também a escassez de apoio de serviços de saúde e sociais na atenção aos idosos com transtornos mentais e seus familiares. Espera-se que este estudo contribua para o conhecimento sobre o cuidado de familiares a esse público, e mobilização do Estado por meio de políticas e serviços de cuidados continuados. Ainda, que direcione ações de profissionais de saúde, em especial enfermeiros, com a utilização do MCAF, para o planejamento de intervenções, orientações e elaboração de plano de cuidados para idosos e familiares cuidadores.