Sensibilidade melancólica, uma epistemologia de afronta
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/68808 https://orcid.org/0000-0002-7177-4623 |
Resumo: | De Byung-Chul Han (1959-) a Walter Benjamin (1892-1940), passando por Slavoj Žižek (1949-) e Laura U. Marks (1963-), é possível encontrar abordagens acerca da melancolia distintas de uma mirada patológica. São perspectivas que a pensam como sensibilidade, um despertar para o outro, fazendo novo trajeto: agora, um afeto da ordem do pensamento mobilizado (que impulsiona a agir), partindo de um primeiro grau de opressão e se deslocando para um gesto de resistência. Apesar disso, não se coloca em cena, nessas correntes teóricas, o “eu mesmo” – o pesquisador – como alguém desperto para o outro. Esta tese, porém, lança-se a este exercício: enquanto sujeito-pesquisador, ponho-me a analisar certos desatinos de minha melancolia, os registros visuais que possuo em álbuns fotográficos de família, para também pensá-la pela via da sensibilidade, propondo sua conceituação via tais imagens e relatos pessoais a partir delas, ambos registros empíricos deste trabalho. Isso porque, ao me deparar com as mortes de minha avó materna e de meu pai, que ocorreram durante o percurso do doutorado, resgatei nossos álbuns fotográficos para lidar com a perda e a passagem do tempo, que há muito me atravessavam melancolicamente. As fotos intensificavam a tristeza e me arremessavam à inexorabilidade da disposição e ocorrência das coisas no mundo – tudo vai passar e se perder. Contudo, também diziam que o sofrimento não faria com que algo se interrompesse ou voltasse atrás, mas sim, que as formas de agir diante dele produziriam novos sentidos, tomando de modo discrepante os acontecimentos iniciais. Logo, a melancolia alternou sua face: não era somente a tristeza por passagens e perdas, mas outro acordar para o mundo. Nesta pesquisa, isso funciona como uma epistemologia de afronta: contornar teorias mais estanques ao se alçar a melancolia à ideia de processo comunicacional do sensível (uma sensibilidade melancólica), rompendo ainda com uma ciência clássica que ordena ao pesquisador apartar-se daquilo que investiga e manter-se neutro – ilusão ou fetiche de lógicas positivistas do fazer-ciência. Com isso, vê-se que a sensibilidade revela maneiras de não escamotear da memória o outro, tal qual descreve Walter Benjamin ao pensar o melancólico como aquele que possui certa dificuldade de esquecer. E aponta para tentativas diferentes de recuperação do outro, de dedicação ou devoção a ele – modo como a melancolia é defendida pela filósofa Laura U. Marks. Por mais que a melancolia seja uma catástrofe, é por esse fenômeno apocalíptico que se fabula o porvir, asseguram Byung-Chul Han e Slavoj Žižek. |
id |
UFMG_cb7580b182224ccf96f778620c4db0bc |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ufmg.br:1843/68808 |
network_acronym_str |
UFMG |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFMG |
repository_id_str |
|
spelling |
Bruno Guimarães Martinshttp://lattes.cnpq.br/5373587413061913Ângela Cristina Salgueiro MarquesRoberta Oliveira VeigaCláudio Rodrigues CoraçãoFrederico de Mello Brandão Tavareshttp://lattes.cnpq.br/0142983644324945William David Vieira2024-06-05T12:13:43Z2024-06-05T12:13:43Z2024-02-27http://hdl.handle.net/1843/68808https://orcid.org/0000-0002-7177-4623De Byung-Chul Han (1959-) a Walter Benjamin (1892-1940), passando por Slavoj Žižek (1949-) e Laura U. Marks (1963-), é possível encontrar abordagens acerca da melancolia distintas de uma mirada patológica. São perspectivas que a pensam como sensibilidade, um despertar para o outro, fazendo novo trajeto: agora, um afeto da ordem do pensamento mobilizado (que impulsiona a agir), partindo de um primeiro grau de opressão e se deslocando para um gesto de resistência. Apesar disso, não se coloca em cena, nessas correntes teóricas, o “eu mesmo” – o pesquisador – como alguém desperto para o outro. Esta tese, porém, lança-se a este exercício: enquanto sujeito-pesquisador, ponho-me a analisar certos desatinos de minha melancolia, os registros visuais que possuo em álbuns fotográficos de família, para também pensá-la pela via da sensibilidade, propondo sua conceituação via tais imagens e relatos pessoais a partir delas, ambos registros empíricos deste trabalho. Isso porque, ao me deparar com as mortes de minha avó materna e de meu pai, que ocorreram durante o percurso do doutorado, resgatei nossos álbuns fotográficos para lidar com a perda e a passagem do tempo, que há muito me atravessavam melancolicamente. As fotos intensificavam a tristeza e me arremessavam à inexorabilidade da disposição e ocorrência das coisas no mundo – tudo vai passar e se perder. Contudo, também diziam que o sofrimento não faria com que algo se interrompesse ou voltasse atrás, mas sim, que as formas de agir diante dele produziriam novos sentidos, tomando de modo discrepante os acontecimentos iniciais. Logo, a melancolia alternou sua face: não era somente a tristeza por passagens e perdas, mas outro acordar para o mundo. Nesta pesquisa, isso funciona como uma epistemologia de afronta: contornar teorias mais estanques ao se alçar a melancolia à ideia de processo comunicacional do sensível (uma sensibilidade melancólica), rompendo ainda com uma ciência clássica que ordena ao pesquisador apartar-se daquilo que investiga e manter-se neutro – ilusão ou fetiche de lógicas positivistas do fazer-ciência. Com isso, vê-se que a sensibilidade revela maneiras de não escamotear da memória o outro, tal qual descreve Walter Benjamin ao pensar o melancólico como aquele que possui certa dificuldade de esquecer. E aponta para tentativas diferentes de recuperação do outro, de dedicação ou devoção a ele – modo como a melancolia é defendida pela filósofa Laura U. Marks. Por mais que a melancolia seja uma catástrofe, é por esse fenômeno apocalíptico que se fabula o porvir, asseguram Byung-Chul Han e Slavoj Žižek.From Byung-Chul Han (1959-) to Walter Benjamin (1892-1940), passing through Slavoj Žižek (1949-) and Laura U. Marks (1963-), it is possible to find approaches to wistfulness that are different from a pathological perspective. These are perspectives that think of it as sensibility, an awakening to the other, taking a new path: now, an affect of the order of mobilized thought (which drives us to action), starting from a first degree of oppression and moving towards a gesture of resistance. Despite this, in these theoretical currents, the “myself” – the researcher – does not appear on the scene as someone awakened to the other. This thesis, however, is based on this exercise: as a subject-researcher, I start to analyze certain follies of my wistfulness, the visual records I have in family photographic albums, to also think about it through sensibility, proposing its conceptualization via such images and personal reports based on them, both empirical records of this work. This is because when I faced with the deaths of my maternal grandmother and my father, which occurred during the course of my PhD, I rescued our photo albums to deal with the loss and the passage of time, which had been crossing me wistfully for a long time. The photos heightened the sadness and threw me into the inexorability of the arrangement and occurrence of things in the world – everything will pass and get lost. However, they also said that suffering would not interrupt something or even made it go back, but rather that the ways of acting in the face of it would produce new meanings, taking the initial events in a different way. Soon, wistfulness changed its face: it was not just sadness for passages and losses, but another awakening to the world. In this research, this works as an epistemology of affront: bypassing more stagnant theories by raising wistfulness to the idea of the communicational process of the sensible (a wistful sensibility), breaking with a classical science that orders the researcher to separate himself from what he investigates and also tells him to remaining neutral – illusion or fetish of positivist science. With this, we can see that sensibility reveals ways of not concealing the other from memory, what Walter Benjamin describes when he thinks of the melancholic as someone who has some difficulty to forget. And it points to different attempts to recover the other, of dedication or devotion to them – the way in which wistfulness is defended by philosopher Laura U. Marks. As much as wistfulness is a catastrophe, it is because of this apocalyptic phenomenon that the future is fabled, assure Byung-Chul Han and Slavoj Žižek.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em Comunicação SocialUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIALComunicação - TesesMelancolia - TesesEpistemologia - TesesLuto - TesesMelancoliaEpistemologiaSensívelLutoFotografiaSensibilidade melancólica, uma epistemologia de afrontaWistful sensibility, an epistemology of affrontinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALTese - William David Vieira - Final.pdfTese - William David Vieira - Final.pdfapplication/pdf32519583https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/68808/3/Tese%20-%20William%20David%20Vieira%20-%20Final.pdffc0072c1c87d6999d86ed7a93b092008MD53LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/68808/4/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD541843/688082024-06-05 09:13:43.489oai:repositorio.ufmg.br:1843/68808TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2024-06-05T12:13:43Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
Sensibilidade melancólica, uma epistemologia de afronta |
dc.title.alternative.pt_BR.fl_str_mv |
Wistful sensibility, an epistemology of affront |
title |
Sensibilidade melancólica, uma epistemologia de afronta |
spellingShingle |
Sensibilidade melancólica, uma epistemologia de afronta William David Vieira Melancolia Epistemologia Sensível Luto Fotografia Comunicação - Teses Melancolia - Teses Epistemologia - Teses Luto - Teses |
title_short |
Sensibilidade melancólica, uma epistemologia de afronta |
title_full |
Sensibilidade melancólica, uma epistemologia de afronta |
title_fullStr |
Sensibilidade melancólica, uma epistemologia de afronta |
title_full_unstemmed |
Sensibilidade melancólica, uma epistemologia de afronta |
title_sort |
Sensibilidade melancólica, uma epistemologia de afronta |
author |
William David Vieira |
author_facet |
William David Vieira |
author_role |
author |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Bruno Guimarães Martins |
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv |
http://lattes.cnpq.br/5373587413061913 |
dc.contributor.referee1.fl_str_mv |
Ângela Cristina Salgueiro Marques |
dc.contributor.referee2.fl_str_mv |
Roberta Oliveira Veiga |
dc.contributor.referee3.fl_str_mv |
Cláudio Rodrigues Coração |
dc.contributor.referee4.fl_str_mv |
Frederico de Mello Brandão Tavares |
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv |
http://lattes.cnpq.br/0142983644324945 |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
William David Vieira |
contributor_str_mv |
Bruno Guimarães Martins Ângela Cristina Salgueiro Marques Roberta Oliveira Veiga Cláudio Rodrigues Coração Frederico de Mello Brandão Tavares |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Melancolia Epistemologia Sensível Luto Fotografia |
topic |
Melancolia Epistemologia Sensível Luto Fotografia Comunicação - Teses Melancolia - Teses Epistemologia - Teses Luto - Teses |
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv |
Comunicação - Teses Melancolia - Teses Epistemologia - Teses Luto - Teses |
description |
De Byung-Chul Han (1959-) a Walter Benjamin (1892-1940), passando por Slavoj Žižek (1949-) e Laura U. Marks (1963-), é possível encontrar abordagens acerca da melancolia distintas de uma mirada patológica. São perspectivas que a pensam como sensibilidade, um despertar para o outro, fazendo novo trajeto: agora, um afeto da ordem do pensamento mobilizado (que impulsiona a agir), partindo de um primeiro grau de opressão e se deslocando para um gesto de resistência. Apesar disso, não se coloca em cena, nessas correntes teóricas, o “eu mesmo” – o pesquisador – como alguém desperto para o outro. Esta tese, porém, lança-se a este exercício: enquanto sujeito-pesquisador, ponho-me a analisar certos desatinos de minha melancolia, os registros visuais que possuo em álbuns fotográficos de família, para também pensá-la pela via da sensibilidade, propondo sua conceituação via tais imagens e relatos pessoais a partir delas, ambos registros empíricos deste trabalho. Isso porque, ao me deparar com as mortes de minha avó materna e de meu pai, que ocorreram durante o percurso do doutorado, resgatei nossos álbuns fotográficos para lidar com a perda e a passagem do tempo, que há muito me atravessavam melancolicamente. As fotos intensificavam a tristeza e me arremessavam à inexorabilidade da disposição e ocorrência das coisas no mundo – tudo vai passar e se perder. Contudo, também diziam que o sofrimento não faria com que algo se interrompesse ou voltasse atrás, mas sim, que as formas de agir diante dele produziriam novos sentidos, tomando de modo discrepante os acontecimentos iniciais. Logo, a melancolia alternou sua face: não era somente a tristeza por passagens e perdas, mas outro acordar para o mundo. Nesta pesquisa, isso funciona como uma epistemologia de afronta: contornar teorias mais estanques ao se alçar a melancolia à ideia de processo comunicacional do sensível (uma sensibilidade melancólica), rompendo ainda com uma ciência clássica que ordena ao pesquisador apartar-se daquilo que investiga e manter-se neutro – ilusão ou fetiche de lógicas positivistas do fazer-ciência. Com isso, vê-se que a sensibilidade revela maneiras de não escamotear da memória o outro, tal qual descreve Walter Benjamin ao pensar o melancólico como aquele que possui certa dificuldade de esquecer. E aponta para tentativas diferentes de recuperação do outro, de dedicação ou devoção a ele – modo como a melancolia é defendida pela filósofa Laura U. Marks. Por mais que a melancolia seja uma catástrofe, é por esse fenômeno apocalíptico que se fabula o porvir, asseguram Byung-Chul Han e Slavoj Žižek. |
publishDate |
2024 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2024-06-05T12:13:43Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2024-06-05T12:13:43Z |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2024-02-27 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
format |
doctoralThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/1843/68808 |
dc.identifier.orcid.pt_BR.fl_str_mv |
https://orcid.org/0000-0002-7177-4623 |
url |
http://hdl.handle.net/1843/68808 https://orcid.org/0000-0002-7177-4623 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Minas Gerais |
dc.publisher.program.fl_str_mv |
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social |
dc.publisher.initials.fl_str_mv |
UFMG |
dc.publisher.country.fl_str_mv |
Brasil |
dc.publisher.department.fl_str_mv |
FAF - DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Minas Gerais |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFMG instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) instacron:UFMG |
instname_str |
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) |
instacron_str |
UFMG |
institution |
UFMG |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFMG |
collection |
Repositório Institucional da UFMG |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/68808/3/Tese%20-%20William%20David%20Vieira%20-%20Final.pdf https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/68808/4/license.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
fc0072c1c87d6999d86ed7a93b092008 cda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1803589527437049856 |