Intencionalidade e consciência pura : a constituição do resíduo fenomenológico como acesso ao mundo na fenomenologia transcendental de Husserl

• Autor(a) principal: Juliana Torres Madureira
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/62163
• topic: Intencionalidade; Consciência pura; Reduções fenomenológicas; Fenomenologia transcendental; Filosofia - Teses; Intencionalidade (Filosofia) - Teses; Consciência - Teses; Fenomenologia - Teses

O objetivo deste trabalho é investigar a correlação entre consciência pura e mundo de coisas na fenomenologia de Edmund Husserl, e entender a partir desta correlação o que é denominado por ele de resíduo fenomenológico. Num primeiro momento, em Investigações Lógicas (1900/01), procuramos delinear a concepção de consciência pura tendo em vista a intencionalidade. A partir desta foi possível delimitar os fenômenos das vivências intuitivas e a possibilidade de variação eidética proporcionada pelos diversos graus de intuição. Num segundo momento, a partir de A ideia da Fenomenologia (1907) e Ideias I (Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica: Introdução geral à fenomenologia pura, 1913), buscamos compreender a passagem às reduções fenomenológicas e como elas asseguram um método específico para a análise reflexiva da consciência pura. Na distinção da atitude fenomenológica perante a atitude natural tentamos elucidar o tipo de descrição eidética que abarca o horizonte da Umwelt (mundo circundante) e o aparato egológico. Ainda neste segundo momento circunscrevemos a temporalidade fenomenológica por meio da análise do fluxo da consciência e mostramos o cume das reduções na fundamentação da fenomenologia transcendental em Husserl. Em seguida examinamos a estrutura da intencionalidade como guia transcendental das análises constitutivas. Encontramos o que conduz à base constitutiva revelada nos modos de doação e na unidade intencional, ambos contemplados pela orientação noético-noemática. Enfim, exploramos os desdobramentos da fenomenologia transcendental husserliana por intermédio do que remanesce na consciência como resíduo fenomenológico e, na medida do possível, também pincelamos este tema presente em obras mais tardias de Husserl. Detectamos que o enfoque dado à co-implicação entre as reduções fenomenológicas e a constituição transcendental é indispensável para depreender a correlação entre consciência e mundo de coisas. Com esta correlação argumentamos que o resíduo fenomenológico não resulta do apagamento do mundo, mas sim de uma consciência que se constitui com o mundo.