Formas, processos e materiais: uma proposta de evolução geomorfológica multiescalar da borda meridional do carste de Lagoa Santa, em Vespasiano, Minas Gerais

• Autor(a) principal: Renata Jordan Henriques
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B2QJZD
• topic: Cobertura pedológica; Morfogênese; Geomorfologia; Solos Formação Minas Gerais; Carste Minas Gerais; Geografia do solo; Geomorfologia Minas Gerais

A superfície terrestre é objeto de investigação na Geomorfologia mediante tentativas de se compreender as formas de relevo, seus materiais e os processos que as esculturam ao longo de múltiplas escalas espaço-temporais. Esta pesquisa foi estruturada a partir de observações sobre as coberturas pedológicas situadas na transição entre duas diferentes unidades geotectônicas em Minas Gerais, isto é, a bacia sedimentar do Grupo Bambuí, que arquiteta o carste de Lagoa Santa, e o escudo cristalino exumado de Belo Horizonte. A área de estudo deste trabalho corresponde à bacia hidrográfica do córrego Sujo, localizada no município de Vespasiano acerca de 15 km ao norte da capital Belo Horizonte. Este córrego é um afluente do ribeirão da Mata que, por sua vez, deságua no rio das Velhas. A principal questão que norteia esta pesquisa é: qual o significado geomorfológico da recorrência de concentrações de fragmentos grossos de quartzos subarredondados a subangulosos encontrados nas coberturas pedológicas da bacia hidrográfica do córrego Sujo? Para essa resposta, foram seguidos procedimentos metodológicos que compreenderam etapas de campo, gabinete, laboratório e geoprocessamento, que auxiliassem a interpretar e atribuir significados a esses materiais. O desenvolvimento desta pesquisa ainda esbarrou na lida com múltiplas escalas de abordagem que tangenciaram perspectivas regionais até locais, sobretudo, na análise de outros componentes como a rede hidrográfica e o arcabouço geológico. Para as interpretações foi concluído que essas coberturas possuem filiação alóctone, o qual resguardam testemunhos de diferentes momentos na história de evolução morfogenética da área investigada. Portanto, foram formuladas duas propostas de modelos que reconstituem um passado evolutivo que tenha estruturado os materiais investigados. Um primeiro modelo traduz uma abordagem relativamente regional, e envolve a estruturação do atual perímetro da bacia do córrego Sujo e de suas coberturas pedológicas. O segundo, por sua vez, trata sobre a gênese e evolução de materiais que compõem uma seção representativa dessas coberturas e seus fragmentos grossos de quartzos, isto é, envolve uma perspectiva de análise escalar relativamente local. Ainda que as escalas sejam diferentes, os resultados de ambos os modelos refletem uma relativa coerência entre os fenômenos abordados, ainda que possuíssem diferentes abordagens na escala de investigação. Notadamente, os modelos indicaram que houve diferentes balanços de energia morfodinâmicas, sendo condicionadas por diferentes níveis de base, reajustes crustais intercontinentais e reorganizações hidrológicas que interferiram, por sua vez, na maneira como as formas do relevo foram modeladas e suas coberturas pedológicas estruturadas.