A resiliência dos pais afeta o impacto da cárie dentária e suas consequências pulpares na qualidade de vida de pré-escolares?

• Autor(a) principal: Jéssica Madeira Bittencourt
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/31072
• topic: Cárie dentária; Qualidade de Vida; Pré-escolar; Resiliência psicológica; Cárie dentária; Qualidade de vida; Pré-escolar; Pais

A cárie dentária é a condição bucal que mais afeta a qualidade de vida de crianças pré-escolares e sua presença pode trazer consequências pulpares, como envolvimento pulpar, fístulas e abscessos. Estes, por sua vez, podem ser mais prejudiciais para a saúde e bem-estar da criança do que as próprias lesões cariosas. Dessa forma, é importante explorar resultados de saúde bucal utilizando um quadro mais amplo com a inclusão de fatores contextuais e, dentre estes fatores, está a resiliência. Esta, por sua vez, pode alterar a atitude dos pais/responsáveis, sendo que isto pode influenciar a saúde bucal e a percepção do seu impacto na Qualidade de Vida Relacionada à Saúde Bucal (QVRSB) de seus filhos. Observa-se que não há, na literatura, estudos que testam se a resiliência dos pais e/ou responsáveis afeta a QVRSB das crianças. Diante disso, o objetivo desse estudo foi avaliar o impacto da cárie dentária e suas consequências pulpares na QVRSB de pré-escolares, bem como se a resiliência dos pais/responsáveis atua como fator moderador alterando a forma de percepção e relato desse impacto. Foi realizado um estudo transversal representativo de pré-escolares de 4-6 anos de idade de Ribeirão das Neves, MG. Os pais/responsáveis responderam as versões brasileiras do Early Childhood Oral Health Impact Scale (ECOHIS) e da Escala de Resiliência, assim como um questionário com dados socioeconômicos e de comportamento de saúde bucal da criança. Um total de 497 pré-escolares foi examinado por duas dentistas calibradas para o diagnóstico de cárie dentária, utilizando-se o índice ICDAS simplificado: estágio inicial (opacidade notável/pigmentação retida em fundo de fóssulas e fissuras), estágio moderado (cavitação em esmalte/sombreamento em dentina subjacente), estágio extenso (cavitação com exposição pulpar); e suas consequências pulpares, por meio do índice pufa: envolvimento pulpar, ulceração causada por fragmentos de dentes, fístula e abscesso. Análises descritivas, regressão de Poisson bivariada e multivariada, com abordagem hierárquica, e teste de sensibilidade foram utilizadas para análise dos dados (p<0,05). O modelo multivariado final, ajustado para resiliência, condições socioeconômicas e comportamentais, mostrou que a presença de lesões cariosas não impacta a QVRSB de pré-escolares, independente do estágio do ICDAS (p>0,05). Entretanto, quando consideramos as consequências pulpares das lesões cariosas, observamos que envolvimento pulpar (RP=2,01; 95%IC:1,47-2,74) e fístula/abscesso (RP=3,18; 95%IC:2,05-4,92) apresentam associação com maiores escores do ECOHIS, comparado com aquelas lesões cariosas que não apresentam consequências pulpares. As seções do ECOHIS, Impacto na Criança e Impacto na Família, também estavam associados à presença de envolvimento pulpar (RP=2,11 ;95%IC:1,48-3,00; RP=1,99; 95%IC:1,36-2,91) e fístula/abscesso (RP=3,38; 95%IC:2,14-5,33; RP=2,85; 95%IC:1,73-4,67), respectivamente. Além disso, o teste de sensibilidade mostrou que praticamente não houve diferença na força da associação, quando a resiliência foi removida do modelo, entre presença de envolvimento pulpar e fístula/abscesso com as Seções de Impacto na criança (RP=2,10; 95%IC:1,48-2,98; p<0,001; RP=1,99; 95%IC:1,37-2,87; p<0,001) e Impacto na Família (RP=3,43; 95%IC:2,16-5,45; p<0,001; RP=2,88; 95%IC:1,75-4,75; p<0,001), respectivamente. Portanto, conclui-se que a presença de consequências clínicas pulpares da cárie repercutiu negativamente na QVRSB de pré-escolares e suas famílias e a resiliência dos pais não atuou como fator moderador alterando esta associação.