"O que é um analista?": o analista, entre a psicanálise e a instituição

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bernardo Micherif Carneiro
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-96UG88
Resumo: O crescimento ascendente do número de analistas nas instituições públicas nos dias de hoje nos impõe um questionamento: como pode existir um analista onde a psicanálise, a princípio, não está em questão? Para responder a essa pergunta, se torna imperioso que retornemos a duas obras que delimitam o campo psicanalítico para realizar umacrítica textual da posição de seus autores no debate sobre o estatuto do analista. Percorreremos escritos de Freud e Lacan para depreender deles uma abordagem política, clínica e epistêmica da discussão sobre a formação do analista. Freud, na medida em que empreende o movimento de expansão da psicanálise no mundo, se depara com a deterioração de sua prática como resultado, o que abre a questão sobre o que é um analista. Para controlar a habilitação do analista no campo que havia fundado, cria a Associação Internacional de Psicanálise IPA. Contudo, se esta medida se justificava a favor da expansão do movimento psicanalítico, este acabou por assumir uma posição de extraterritorialidade na sociedade. Para elucidar esse contexto político e recuperar os princípios da prática da psicanálise, Lacan propõe um retorno a Freud, o que se revela um retorno ao desejo de Freud que estava em jogo na origem do movimento psicanalítico. Para realizar tal tarefa, Lacan se empenha em uma crítica dos rumos dados pela IPA ao legado freudiano. Ele propõe uma abertura da teoria e da prática da psicanálise ao debate público, o que faz retornar o impasse da deterioração de seus princípios e ainevitável questão sobre o que é um analista. A contraposição de Lacan à IPA culmina na suaexcomunhão, o que o leva a fundar sua Escola. Lacan propõe a Escola como uma instituição quereabre a questão o que é um analista? no campo que lhe concerne, para, com isso, recolocá-lo na via da tarefa que lhe compete na sociedade. Entretanto, a Escola replica, em seu interior, o movimento de seus membros para retornar ao controle ortodoxo da habilitação dos analistas.Isso leva Lacan a dissolver a Escola, propondo que seus alunos realizem sua contra-experiência.
id UFMG_d6bdd7c1b0218e9489f0f3829f631956
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-96UG88
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Marcia Maria Rosa VieiraOswaldo Franca NetoAna Lucia Lutterbach Rodrigues HolckBernardo Micherif Carneiro2019-08-09T16:44:13Z2019-08-09T16:44:13Z2011-02-18http://hdl.handle.net/1843/BUOS-96UG88O crescimento ascendente do número de analistas nas instituições públicas nos dias de hoje nos impõe um questionamento: como pode existir um analista onde a psicanálise, a princípio, não está em questão? Para responder a essa pergunta, se torna imperioso que retornemos a duas obras que delimitam o campo psicanalítico para realizar umacrítica textual da posição de seus autores no debate sobre o estatuto do analista. Percorreremos escritos de Freud e Lacan para depreender deles uma abordagem política, clínica e epistêmica da discussão sobre a formação do analista. Freud, na medida em que empreende o movimento de expansão da psicanálise no mundo, se depara com a deterioração de sua prática como resultado, o que abre a questão sobre o que é um analista. Para controlar a habilitação do analista no campo que havia fundado, cria a Associação Internacional de Psicanálise IPA. Contudo, se esta medida se justificava a favor da expansão do movimento psicanalítico, este acabou por assumir uma posição de extraterritorialidade na sociedade. Para elucidar esse contexto político e recuperar os princípios da prática da psicanálise, Lacan propõe um retorno a Freud, o que se revela um retorno ao desejo de Freud que estava em jogo na origem do movimento psicanalítico. Para realizar tal tarefa, Lacan se empenha em uma crítica dos rumos dados pela IPA ao legado freudiano. Ele propõe uma abertura da teoria e da prática da psicanálise ao debate público, o que faz retornar o impasse da deterioração de seus princípios e ainevitável questão sobre o que é um analista. A contraposição de Lacan à IPA culmina na suaexcomunhão, o que o leva a fundar sua Escola. Lacan propõe a Escola como uma instituição quereabre a questão o que é um analista? no campo que lhe concerne, para, com isso, recolocá-lo na via da tarefa que lhe compete na sociedade. Entretanto, a Escola replica, em seu interior, o movimento de seus membros para retornar ao controle ortodoxo da habilitação dos analistas.Isso leva Lacan a dissolver a Escola, propondo que seus alunos realizem sua contra-experiência.The upward growth of the number of analysts in public institutions todayimposes a question: how can there be an analyst where psychoanalysis, the principle is not in question? To answer this question, it becomes imperative that we return to two works that define the psychoanalytic field to perform a textual criticism of the position of its authors in the debate on the status of the analyst. We will follow the writings of Freud and Lacan to deduce from them an approach political, clinical and epistemological of the discussion about the formation of the analyst. Freud, as it undertakes the expansion movement of psychoanalysis in the world, is faced with the deterioration of his practice as a result, which opens the question of what is an analyst. To control the qualification of the analyst in the field which he had founded, establish the International Psychoanalytical Association IPA. However, if this measure was justified to support the expansion of the psychoanalytic movement, which eventually assume a position of extraterritoriality in society. To elucidate this political context and restore the principles of the practice of psychoanalysis, Lacan proposes a return to Freud, which reveals a return to Freuds desire that was at stake at the origin of the psychoanalytic movement. To accomplish this task, Lacan engages in a critique of the direction given by IPA to the Freudian legacy. He proposes opening theory and practice of psychoanalysis to the public debate, which does return the impasse of the deterioration of its principles and the inevitable question about what is an analyst. The opposition from Lacan to IPA culminates in his excommunication, which leads him to found his School. Lacan proposes the School as an institution that reopens the question "what is an analyst?" in the field that concerns you, so with that, put it back on the path of the task that he competes in society. However, the School contends, in its interior, the movement of its members to return to thecontrol orthodox of the authority of analysts. This leads Lacan to dissolve the School, suggesting that their students complete her counter-experience.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGFreud, Sigmund, 1856-1939PsicanálisePsicologiaDesejo de FreudFormação do analistaIPAInstituiçãoEscola"O que é um analista?": o analista, entre a psicanálise e a instituiçãoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALo_que___um_analista.pdfapplication/pdf503504https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-96UG88/1/o_que___um_analista.pdfa0b84e8cb95bf4369c91241a2ebb5569MD51TEXTo_que___um_analista.pdf.txto_que___um_analista.pdf.txtExtracted texttext/plain329056https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-96UG88/2/o_que___um_analista.pdf.txtf35500f3b919079c9faa43e87d1980b8MD521843/BUOS-96UG882019-11-14 05:46:32.445oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-96UG88Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T08:46:32Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv "O que é um analista?": o analista, entre a psicanálise e a instituição
title "O que é um analista?": o analista, entre a psicanálise e a instituição
spellingShingle "O que é um analista?": o analista, entre a psicanálise e a instituição
Bernardo Micherif Carneiro
Desejo de Freud
Formação do analista
IPA
Instituição
Escola
Freud, Sigmund, 1856-1939
Psicanálise
Psicologia
title_short "O que é um analista?": o analista, entre a psicanálise e a instituição
title_full "O que é um analista?": o analista, entre a psicanálise e a instituição
title_fullStr "O que é um analista?": o analista, entre a psicanálise e a instituição
title_full_unstemmed "O que é um analista?": o analista, entre a psicanálise e a instituição
title_sort "O que é um analista?": o analista, entre a psicanálise e a instituição
author Bernardo Micherif Carneiro
author_facet Bernardo Micherif Carneiro
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Marcia Maria Rosa Vieira
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Oswaldo Franca Neto
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Ana Lucia Lutterbach Rodrigues Holck
dc.contributor.author.fl_str_mv Bernardo Micherif Carneiro
contributor_str_mv Marcia Maria Rosa Vieira
Oswaldo Franca Neto
Ana Lucia Lutterbach Rodrigues Holck
dc.subject.por.fl_str_mv Desejo de Freud
Formação do analista
IPA
Instituição
Escola
topic Desejo de Freud
Formação do analista
IPA
Instituição
Escola
Freud, Sigmund, 1856-1939
Psicanálise
Psicologia
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Freud, Sigmund, 1856-1939
Psicanálise
Psicologia
description O crescimento ascendente do número de analistas nas instituições públicas nos dias de hoje nos impõe um questionamento: como pode existir um analista onde a psicanálise, a princípio, não está em questão? Para responder a essa pergunta, se torna imperioso que retornemos a duas obras que delimitam o campo psicanalítico para realizar umacrítica textual da posição de seus autores no debate sobre o estatuto do analista. Percorreremos escritos de Freud e Lacan para depreender deles uma abordagem política, clínica e epistêmica da discussão sobre a formação do analista. Freud, na medida em que empreende o movimento de expansão da psicanálise no mundo, se depara com a deterioração de sua prática como resultado, o que abre a questão sobre o que é um analista. Para controlar a habilitação do analista no campo que havia fundado, cria a Associação Internacional de Psicanálise IPA. Contudo, se esta medida se justificava a favor da expansão do movimento psicanalítico, este acabou por assumir uma posição de extraterritorialidade na sociedade. Para elucidar esse contexto político e recuperar os princípios da prática da psicanálise, Lacan propõe um retorno a Freud, o que se revela um retorno ao desejo de Freud que estava em jogo na origem do movimento psicanalítico. Para realizar tal tarefa, Lacan se empenha em uma crítica dos rumos dados pela IPA ao legado freudiano. Ele propõe uma abertura da teoria e da prática da psicanálise ao debate público, o que faz retornar o impasse da deterioração de seus princípios e ainevitável questão sobre o que é um analista. A contraposição de Lacan à IPA culmina na suaexcomunhão, o que o leva a fundar sua Escola. Lacan propõe a Escola como uma instituição quereabre a questão o que é um analista? no campo que lhe concerne, para, com isso, recolocá-lo na via da tarefa que lhe compete na sociedade. Entretanto, a Escola replica, em seu interior, o movimento de seus membros para retornar ao controle ortodoxo da habilitação dos analistas.Isso leva Lacan a dissolver a Escola, propondo que seus alunos realizem sua contra-experiência.
publishDate 2011
dc.date.issued.fl_str_mv 2011-02-18
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-09T16:44:13Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-09T16:44:13Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/BUOS-96UG88
url http://hdl.handle.net/1843/BUOS-96UG88
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-96UG88/1/o_que___um_analista.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-96UG88/2/o_que___um_analista.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv a0b84e8cb95bf4369c91241a2ebb5569
f35500f3b919079c9faa43e87d1980b8
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589265453481984