Encenações narrativas do arquivo público e pessoal: fricções-ficções (João Tordo, Orhan Pamuk, Chico Buarque)

• Autor(a) principal: Nathalia de Aguiar Ferreira Campos
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/35115
• topic: Arquivo; Ficção; Fricção; História; Memória; Verdade; Tordo, João, 1975- – Três vidas – Crítica e interpretação; Tordo, João, 1975- – Anatomia dos mártires – Crítica e interpretação; Pamuk, Orhan, 1952- – Museu da inocência – Crítica e interpretação; Buarque, Chico, 1944- – Irmão alemão – Crítica e interpretação; Literatura comparada – Portuguesa, turca e brasileira; Literatura comparada – Turca, portuguesa e brasileira; Literatura comparada – Brasileira, turca e portuguesa; Memória na literatura; Literatura e História

Esta tese examina as encenações narrativas do arquivo em um quarteto de ficções contemporâneas: As três vidas (2008) e Anatomia dos mártires (2011), de João Tordo, O Museu da Inocência (2008), de Orhan Pamuk, e O irmão alemão (2015), de Chico Buarque. Tomando como provocação inaugural o fenômeno de insistência do arquivo como elemento de composição na produção ficcional, a análise agrupa narrativas que, pela presença comum do arquivo (trazido em suas figuras, a saber, documento, coleção, museu, enciclopédia, entre outras), refletem questões como a obsessão pela constituição de memórias no contexto presentista e permitem aferir o compromisso ou descompromisso do arquivo com as histórias monumentais e/ou já contadas. Partindo daí, a pesquisa navega por alguns tópicos centrais: mise en archive – figuras do arquivo (modalidades), personagens e seus papéis perante o arquivo; situações antagônicas de relacionamento com ele, denominadas como fricções (tensão/disforia X afinidade/euforia), conforme os sentidos operantes de história nas narrativas e as esferas pública ou pessoal do arquivo; compromissos assumidos pela narrativa ficcional com a abertura do fazer historiográfico, a partir de fissuras nas abordagens convencionais e de pretextos e objetos nelas marginalizados; estatutos de ficção e realidade/verdade nas ficções examinadas. Tendo em vista algumas recorrências em tais representações da figura estética e epistemológica do arquivo, busca-se ainda verificar a hipótese de uma categoria ou linhagem para tais ficções (ficções do arquivo), consideradas as diversas possibilidades existentes de articulação entre os domínios de significação de arquivo e de ficção.