Uma discussão sobre regionalismo e acordos preferenciais de comércio internacional como estratégia de inserção internacional dos países da América Latina em um "mundo multiplex"

• Autor(a) principal: Patrícia Nasser de Carvalho
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Artigo de conferência
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/37338
• topic: Ordem liberal; Mundo multiplex; EUA; América Latina; Inserção internacional; Comércio América Latina; Globalização

A partir da discussão do conceito de “Mundo Multiplex”, desenvolvido pelo professor Amitav Acharya em seu livro The End of American Order (2014), para explicar a ordem mundial emergente, que neste início de século substitui a ordem internacional hegemônica liberal liderada pelos EUA desde o final da Segunda Guerra, o objetivo deste trabalho é responder às seguintes perguntas: como o regionalismo na América Latina (AL) e os acordos preferenciais de comércio internacional, realizados pelos países dessa região, vêm sendo usados como estratégia de inserção internacional nesse “Mundo Multiplex”? Como eles influenciam e auxiliam no redesenho das instituições e regras de governança global? Em outras palavras, como o “Mundo Multiplex” baseia-se na ideia de que a ordem global sob a hegemonia norte-americana chegou ao fim, há múltiplos e importantes atores, cultural e politicamente diversos, a interdependência global alcança níveis sem precedentes e a ordem emergente é descentralizada e pluralista, busca-se discutir de que forma o processo de regionalismo e os acordos de comércio de natureza preferencial dos países da AL vêm sendo usados como parte da sua estratégia de inserção internacional no momento em que governos populistas descontentes com as consequências da globalização são eleitos em todas as regiões do mundo? A partir de uma pesquisa qualitativa, identifica-se que dezenas de acordos preferenciais de comércio foram aprovadas nas últimas décadas ou estão em negociação pelos países latino-americanos e diversos processos regionalistas caracterizam seu sistema fragmentado de governança regional. A análise a seguir mostra que os países da AL os veem como forma de reagir à ordem anterior, cujo sistema privilegiava as grandes potências ocidentais, as quais abusavam das normas e regras existentes, e resistiam às reformas das instituições multilaterais. Além disso, são percebidos pelos governos latino-americanos como oportunidades para promover seu desenvolvimento, ampliar a sua posição na economia global e fortalecer a governança regional.