A pulsão de morte e sua relação com as psicopatologias não neuróticas
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/BUOS-AUGJ54 |
Resumo: | A teoria das pulsões é considerada por Freud fundamental para a psicanálise, contudo, ele manifesta seu descontentamento acerca do caráter provisório e especulativo de suas formulações, especialmente com relação ao conceito de pulsão de morte, o qual associa à compulsão à repetição, à reação terapêutica negativa, ao sentimento de culpa, à ambivalência, à agressividade, ao sadismo e ao masoquismo, presentes, por exemplo, na clínica da neurose obsessiva e da melancolia. Dentre os teóricos pós-freudianos, M. Klein adota o conceito de pulsão de morte de forma muito semelhante a Freud, pelo contrário, D. Winnicott rejeita totalmente sua utilidade teórica, enquanto J. Laplanche não lhe destitui o caráter sexual e o integra à sua teoria da sedução generalizada, sob a forma de uma pulsão sexual desligada com funcionamento semelhante ao processo primário. Finalmente, A. Green o relaciona ao processo de desinvestimento dos objetos e ao narcisismo negativo. Todas essas características atribuídas à pulsão de morte se articulam com as manifestações observadas nas psicopatologias não neuróticas (somatizações, síndrome do pânico, adições, transtornos alimentares, estados-limítrofes e depressão), as quais seriam resultantes de problemas na constituição do Eu, envolvendo basicamente uma fragilidade narcísica, falhas nos processos de simbolização, além da tendência à atuação e à compulsão, sem o recurso da elaboração psíquica, e a predominância de uma economia do trauma relacionada ao gozo e ao excesso pulsional. A partir dessas relações foi possível estabelecer um paralelo entre a não neurose e a neurose obsessiva, tendo em vista a utilização de mecanismos defensivos semelhantes e o papel marcante da pulsão de morte, garantindo ainda o lugar da sexualidade infantil inconsciente como fator etiológico predominante. |
id |
UFMG_de276e01091d72ae00aba2dc8527e984 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-AUGJ54 |
network_acronym_str |
UFMG |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFMG |
repository_id_str |
|
spelling |
Paulo Cesar de Carvalho RibeiroCassandra Pereira FrancaDaniel KupermannAldo Ivan Pereira Paiva2019-08-12T03:17:10Z2019-08-12T03:17:10Z2012-11-09http://hdl.handle.net/1843/BUOS-AUGJ54A teoria das pulsões é considerada por Freud fundamental para a psicanálise, contudo, ele manifesta seu descontentamento acerca do caráter provisório e especulativo de suas formulações, especialmente com relação ao conceito de pulsão de morte, o qual associa à compulsão à repetição, à reação terapêutica negativa, ao sentimento de culpa, à ambivalência, à agressividade, ao sadismo e ao masoquismo, presentes, por exemplo, na clínica da neurose obsessiva e da melancolia. Dentre os teóricos pós-freudianos, M. Klein adota o conceito de pulsão de morte de forma muito semelhante a Freud, pelo contrário, D. Winnicott rejeita totalmente sua utilidade teórica, enquanto J. Laplanche não lhe destitui o caráter sexual e o integra à sua teoria da sedução generalizada, sob a forma de uma pulsão sexual desligada com funcionamento semelhante ao processo primário. Finalmente, A. Green o relaciona ao processo de desinvestimento dos objetos e ao narcisismo negativo. Todas essas características atribuídas à pulsão de morte se articulam com as manifestações observadas nas psicopatologias não neuróticas (somatizações, síndrome do pânico, adições, transtornos alimentares, estados-limítrofes e depressão), as quais seriam resultantes de problemas na constituição do Eu, envolvendo basicamente uma fragilidade narcísica, falhas nos processos de simbolização, além da tendência à atuação e à compulsão, sem o recurso da elaboração psíquica, e a predominância de uma economia do trauma relacionada ao gozo e ao excesso pulsional. A partir dessas relações foi possível estabelecer um paralelo entre a não neurose e a neurose obsessiva, tendo em vista a utilização de mecanismos defensivos semelhantes e o papel marcante da pulsão de morte, garantindo ainda o lugar da sexualidade infantil inconsciente como fator etiológico predominante.The theory of drives is considered by Freud fundamental to psychoanalysis, however, he expresses his displeasure about the provisional and speculative character of his formulations, especially with regard to the concept of the death drive, which relates the repetition to compulsion, negative therapeutic reaction, feelings of guilt, ambivalence, aggression, sadism and masochism, found, for instance, on clinic of obsessive neurosis and melancholia. Among the post-Freudian theorists, M. Klein takes the concept of death drive very similarly to Freud, by contrast, D. Winnicott totally rejects its theoretical usefulness, while J. Laplanche did not depose its sexual character and integrates it to his generalized seduction theory in the form of a turned off sexual drive with similar operation to the primary process, and finally, A. Green relates it to the process of disinvestment of objects and to the negative narcissism. All these characteristics attributed to the death drive are articulated with the manifestations observed in non neurotic psychopathology (psychosomatic disorders, panic disorder, addictions, eating disorders, borderline and depression) that would result from problems in the constitution of the self, which involve basically a narcissistic fragility, flaws in the processes of symbolization, besides the tendency to acting out and compulsion without the use of psychic elaboration, and the predominance of an economy of trauma related to jouissance and drive excess. From these relations was possible to establish a parallel between the non neurosis and obsessive neurosis, considering the use of similar defensive mechanisms and the important role of the death drive, ensuring still the place of unconscious infantile sexuality as predominant etiologic factor.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGMorteNeurosesPsicanálisePsicopatologiaPsicologiaNeurose obsessivaNão neurosesPulsão de mortePsicopatologiaA pulsão de morte e sua relação com as psicopatologias não neuróticasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALaldo_dissertacao.pdfapplication/pdf1216317https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-AUGJ54/1/aldo_dissertacao.pdfc73a0a35f0860fa300886b8cad26ecc1MD51TEXTaldo_dissertacao.pdf.txtaldo_dissertacao.pdf.txtExtracted texttext/plain269341https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-AUGJ54/2/aldo_dissertacao.pdf.txt9dec5eff88fdd375d1da87eddd615becMD521843/BUOS-AUGJ542019-11-14 08:08:16.088oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-AUGJ54Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T11:08:16Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
A pulsão de morte e sua relação com as psicopatologias não neuróticas |
title |
A pulsão de morte e sua relação com as psicopatologias não neuróticas |
spellingShingle |
A pulsão de morte e sua relação com as psicopatologias não neuróticas Aldo Ivan Pereira Paiva Neurose obsessiva Não neuroses Pulsão de morte Psicopatologia Morte Neuroses Psicanálise Psicopatologia Psicologia |
title_short |
A pulsão de morte e sua relação com as psicopatologias não neuróticas |
title_full |
A pulsão de morte e sua relação com as psicopatologias não neuróticas |
title_fullStr |
A pulsão de morte e sua relação com as psicopatologias não neuróticas |
title_full_unstemmed |
A pulsão de morte e sua relação com as psicopatologias não neuróticas |
title_sort |
A pulsão de morte e sua relação com as psicopatologias não neuróticas |
author |
Aldo Ivan Pereira Paiva |
author_facet |
Aldo Ivan Pereira Paiva |
author_role |
author |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Paulo Cesar de Carvalho Ribeiro |
dc.contributor.referee1.fl_str_mv |
Cassandra Pereira Franca |
dc.contributor.referee2.fl_str_mv |
Daniel Kupermann |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Aldo Ivan Pereira Paiva |
contributor_str_mv |
Paulo Cesar de Carvalho Ribeiro Cassandra Pereira Franca Daniel Kupermann |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Neurose obsessiva Não neuroses Pulsão de morte Psicopatologia |
topic |
Neurose obsessiva Não neuroses Pulsão de morte Psicopatologia Morte Neuroses Psicanálise Psicopatologia Psicologia |
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv |
Morte Neuroses Psicanálise Psicopatologia Psicologia |
description |
A teoria das pulsões é considerada por Freud fundamental para a psicanálise, contudo, ele manifesta seu descontentamento acerca do caráter provisório e especulativo de suas formulações, especialmente com relação ao conceito de pulsão de morte, o qual associa à compulsão à repetição, à reação terapêutica negativa, ao sentimento de culpa, à ambivalência, à agressividade, ao sadismo e ao masoquismo, presentes, por exemplo, na clínica da neurose obsessiva e da melancolia. Dentre os teóricos pós-freudianos, M. Klein adota o conceito de pulsão de morte de forma muito semelhante a Freud, pelo contrário, D. Winnicott rejeita totalmente sua utilidade teórica, enquanto J. Laplanche não lhe destitui o caráter sexual e o integra à sua teoria da sedução generalizada, sob a forma de uma pulsão sexual desligada com funcionamento semelhante ao processo primário. Finalmente, A. Green o relaciona ao processo de desinvestimento dos objetos e ao narcisismo negativo. Todas essas características atribuídas à pulsão de morte se articulam com as manifestações observadas nas psicopatologias não neuróticas (somatizações, síndrome do pânico, adições, transtornos alimentares, estados-limítrofes e depressão), as quais seriam resultantes de problemas na constituição do Eu, envolvendo basicamente uma fragilidade narcísica, falhas nos processos de simbolização, além da tendência à atuação e à compulsão, sem o recurso da elaboração psíquica, e a predominância de uma economia do trauma relacionada ao gozo e ao excesso pulsional. A partir dessas relações foi possível estabelecer um paralelo entre a não neurose e a neurose obsessiva, tendo em vista a utilização de mecanismos defensivos semelhantes e o papel marcante da pulsão de morte, garantindo ainda o lugar da sexualidade infantil inconsciente como fator etiológico predominante. |
publishDate |
2012 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2012-11-09 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2019-08-12T03:17:10Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2019-08-12T03:17:10Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/1843/BUOS-AUGJ54 |
url |
http://hdl.handle.net/1843/BUOS-AUGJ54 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Minas Gerais |
dc.publisher.initials.fl_str_mv |
UFMG |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Minas Gerais |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFMG instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) instacron:UFMG |
instname_str |
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) |
instacron_str |
UFMG |
institution |
UFMG |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFMG |
collection |
Repositório Institucional da UFMG |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-AUGJ54/1/aldo_dissertacao.pdf https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-AUGJ54/2/aldo_dissertacao.pdf.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
c73a0a35f0860fa300886b8cad26ecc1 9dec5eff88fdd375d1da87eddd615bec |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1803589541613797376 |