A dimensão técnico-pedagógica do apoio matricial no Núcleo de apoio à saúde da família (NASF) em Belo Horizonte

• Autor(a) principal: Thayna Larissa Aguilar dos Santos
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/30050
• topic: Apoio matricial; Núcleo de apoio à saúde da família; Atenção primária a saúde; Pesquisa-intervenção; Educação Permanente em saúde

O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) possui como organizador de seu trabalho o apoio matricial, que se divide em duas dimensões, uma assistencial e outra técnico-pedagógica. Interessa-nos a dimensão técnico-pedagógica do apoio matricial realizado pelo NASF, por seu potencial de contribuir para uma maior produção de autonomia nas Equipes de Saúde da Família (EqSF) e de qualificar suas ações em saúde. Entretanto, a priorização da assistência individual no NASF, em detrimento do seu aspecto técnico-pedagógico, é um de seus grandes desafios, segundo a literatura do tema. Este estudo teve como objetivo geral, portanto, analisar a dimensão técnico-pedagógica do apoio matricial no NASF de Belo Horizonte (BH) e como objetivos específicos: conhecer como a dimensão técnico-pedagógica se apresenta nas concepções e expectativas dos profissionais da EqSF e NASF quanto ao apoio matricial do NASF; compreender como acontece o compartilhamento de saberes e a responsabilização pelos casos entre NASF e EqSF; entender potencialidades e possíveis dificuldades na execução das práticas técnico-pedagógicas no âmbito do NASF. Para isso, foram realizadas observações participantes, entrevistas com coordenadoras técnicas do NASF de BH e grupos de reflexão com profissionais da EqSF e NASF. Trata-se de uma pesquisa-intervenção participativa para a qual foi constituído um coletivo ampliado de pesquisadores, provenientes da universidade e do serviço, que participou da concepção desta pesquisa, de decisões referentes ao campo, da análise dos dados e de restituições processuais. As entrevistas foram utilizadas como material de consulta para a pesquisa, os dados da observação foram analisados de forma dedutiva a partir de categorias teóricas da literatura e os dados produzidos nos grupos de reflexão foram analisados de forma indutiva. Nas observações das reuniões de matriciamento, encontrou-se uma realidade muito diversa entre as equipes. Houve encontros em que havia compartilhamento de saber entre todos os profissionais envolvidos, mas em alguns lugares notou-se dificuldade de participação de algumas categorias. Em relação à responsabilização, em alguns locais os profissionais pareceram mais apropriados e resolutivos em relação aos casos, atuando de forma integrada, mas em outros havia apenas a transferência da responsabilidade de um profissional para outro. Nos grupos de reflexão foi considerado que o apoio matricial está aquém daquilo que poderia ser, muitas vezes se resumindo às reuniões de matriciamento dominadas pela “passação de casos”. Constatamos que os profissionais não reconhecem prontamente a dimensão técnico-pedagógica do apoio matricial, mas que ela está presente nas práticas, ainda que despotencializada pelo desconhecimento da sua função pelos profissionais; pelo pouco investimento na formação dos apoiadores; por problemas de gestão da demanda; por atravessamentos da gestão e da gerência; pela dominância da prática do atendimento individual não compartilhado e por eventuais dificuldades de participação de algumas categorias, com destaque para os agentes comunitários de saúde.