Cuidado de si de enfermeiras obstétricas: decisões sobre seus corpos e vidas

• Autor(a) principal: Ana Renata Moura Rabelo
• Data de Publicação: 2016
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/ANDO-AK9Q92
• topic: Obstétricas; Mulheres; Enfermagem; Enfermeiras; Saúde da Mulher; Biopolítica; Cuidado de si; Biopoder; Poder (Psicologia); Enfermagem; Enfermeiras/psicologia; Saúde da Mulher; Enfermagem Obstétrica; Parto Humanizado; Parto Normal

A realidade dos serviços de saúde e das práticas dos profissionais da saúde é marcada pela predominância de ações disciplinarizadoras e normatizadoras do comportamento das mulheres. Não obstante, no âmbito da assistência à mulher permanecem manifestações de violência institucional, alto índice de cesáreas, e outras intervenções prescindíveis. Todavia existem movimentos se efetivando em prol do respeito às decisões da mulher e do incentivo ao parto natural e humanizado, com forte participação da enfermagem obstétrica. Pressupõe-se que esta realidade está associada, em grande parte, ao cuidado de si de enfermeiras obstétricas, no que tange as decisões sobre o seu próprio corpo e vida e consequentemente das relações de poder que estabelecem com as outras mulheres de que cuidam. As decisões sobre a vida e corpos são entendidas como uma expressão, materialidade do processo de formação dos sujeitos, incluindoprocessos de objetivação e subjetivação e portanto o cuidado de si. O estudo teve como objetivo analisar o cuidado de si de enfermeiras obstétricas na conformação das decisões sobre seus corpos e vida. Trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa, ancorada em perspectiva Pós Estruturalista e no referencial teórico-metodológico de Michel Foucault. As participantes do estudo foram 14 mulheres, enfermeiras obstétricas de nítido reconhecimento, por parte de quemas indica, na atuação do cuidado a outras mulheres. A técnica amostral utilizada foi snowball, o que resultou na construção de uma rede de entrecruzamento de histórias de vida. A produção dos dados se baseou em entrevista aberta em profundidade, enquanto a análise se sustentou no método de Análise de Discurso. Os resultados revelam que as enfermeiras obstétricas descrevem as suas decisões sobre os corpos e vida, que são subjetivamente influenciadas pelo contexto e práticas discursivas de ser mulher e enfermeira obstétrica, e tocam o corpo de si e da outra mulher de diferentes formas. Existem discursos dominantes, mas também emergentes, que atravessam as decisões sobre os corpos e vida. As narrativas foram marcadas pela dificuldade de falar de si e pela posição na sociedade contemporânea, enquanto mulher eenfermeira, permeada por relações de poder, saber e jogos de verdade. Para as participantes, a profissão não consiste apenas no meio de sustento e trabalho mas em um importante dispositivo de formação enquanto sujeitos. Além disso, parece existir possibilidades de promoção de novas práticas de cuidado às mulheres por meio da construção de redes e coletivos, pelo entrecruzamento das histórias e práticas das enfermeiras obstétricas. A analítica construída é inacabada e consiste em um recorte, bem como recomenda o referencial de Foucault, por meio da desconfiança constante sobre toda tentativa de síntese.