As avenidas da metrópole, as ruas do lugar: produção social do espaço a partir das transformações da Lagoinha e da Avenida Presidente Antônio Carlos (Belo Horizonte, MG)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Daila Coutinho Araujo
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B2MKDD
Resumo: As avenidas e as ruas de uma cidade representam mais que apenas locais destinados à circulação de veículos, pedestres e mercadorias: elas são elementos cruciais para a produção social do espaço urbano. Na primeira parte desta dissertação, relacionamos a avenida à dimensão espacial definida por Henri Lefebvre como espaço concebido, fruto do planejamento urbano tecnicista, burocrático e racional distante da ordem próxima e, portanto, abstrato. Destacamos o seu papel na constituição da metrópole orientando-nos por dois elementos: o plano, no qual o plano urbanístico de Belo Horizonte é apresentado como símbolo de um projeto de modernização alheio à realidade social; e as avenidas, trazendo as avenidas do plano como elementos articuladores da ordem e do progresso anunciados e, posteriormente, da expansão urbana para o norte e para o oeste dando indícios de uma configuração metropolitana. Ao final, nos dedicamos às reformas e aos projetos de remodelação da Avenida Presidente Antônio Carlos, que marcam profundamente o espaço belo-horizontino principalmente a região do bairro tradicional da Lagoinha. Na segunda parte, nos norteamos pela compreensão de que, apesar da abstração do espaço concebido das avenidas, a cidade pode ser apropriada com outros sentidos a partir do espaço vivido. Trazemos como elementos orientadores: as ruas, que estabelecem sua urbanidade na medida em que se tornam locus do encontro, da festa, da celebração das diferenças e, também, da vida cotidiana com suas inerentes contradições e alienação; e o espaço vivido, evidenciando o bairro da Lagoinha segundo as formas de apropriação dos seus espaços como lugar e como obra. Na apropriação como lugar, são as experiências dos moradores as responsáveis pela criação de sentidos e identidades em nível subjetivo. Na apropriação como obra, os processos de significação partem das propostas dos seus autores, sendo ela a responsável por inspirar sentidos em seus observadores. Desta maneira, se a vida cotidiana representa o tempo da alienação a partir da repetição maçante dos eventos do dia a dia, é através dela que se dão as apropriações criativas e transformadoras do espaço. Por meio de uma prática coletiva centrada no valor de uso e na cotidianidade (o cotidiano não dirigido pelo consumo), nasce a práxis urbana uma prática reflexiva e não alienada. A revolução urbana almejada por Lefebvre pode se realizar, então, através das transformações do cotidiano na criação de obras e lugares.
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Destacamos o seu papel na constituição da metrópole orientando-nos por dois elementos: o plano, no qual o plano urbanístico de Belo Horizonte é apresentado como símbolo de um projeto de modernização alheio à realidade social; e as avenidas, trazendo as avenidas do plano como elementos articuladores da ordem e do progresso anunciados e, posteriormente, da expansão urbana para o norte e para o oeste dando indícios de uma configuração metropolitana. Ao final, nos dedicamos às reformas e aos projetos de remodelação da Avenida Presidente Antônio Carlos, que marcam profundamente o espaço belo-horizontino principalmente a região do bairro tradicional da Lagoinha. Na segunda parte, nos norteamos pela compreensão de que, apesar da abstração do espaço concebido das avenidas, a cidade pode ser apropriada com outros sentidos a partir do espaço vivido. Trazemos como elementos orientadores: as ruas, que estabelecem sua urbanidade na medida em que se tornam locus do encontro, da festa, da celebração das diferenças e, também, da vida cotidiana com suas inerentes contradições e alienação; e o espaço vivido, evidenciando o bairro da Lagoinha segundo as formas de apropriação dos seus espaços como lugar e como obra. Na apropriação como lugar, são as experiências dos moradores as responsáveis pela criação de sentidos e identidades em nível subjetivo. Na apropriação como obra, os processos de significação partem das propostas dos seus autores, sendo ela a responsável por inspirar sentidos em seus observadores. Desta maneira, se a vida cotidiana representa o tempo da alienação a partir da repetição maçante dos eventos do dia a dia, é através dela que se dão as apropriações criativas e transformadoras do espaço. Por meio de uma prática coletiva centrada no valor de uso e na cotidianidade (o cotidiano não dirigido pelo consumo), nasce a práxis urbana uma prática reflexiva e não alienada. A revolução urbana almejada por Lefebvre pode se realizar, então, através das transformações do cotidiano na criação de obras e lugares.The avenues and streets of a city represent more than just sites designated to circulation of vehicles, pedestrians and goods: they are crucial in the social production of urban space process. In the first part of this research, we approach the avenue to the spatial dimension defined by Henri Lefebvre as conceived space, result of a technicist, bureaucratic and rational urban planning distant from the near order and therefore abstract. We highlight its role in the constitution of the metropolis oriented by two elements: the plan, in which the urban plan of Belo Horizonte is presented as a symbol of a modernization project alienated to social reality; and avenues, bringing forward the avenues of the plan as elements of articulation of order and progress ideals, and dictating the urban expansion to north and west directions giving evidence of a metropolitan setting. In the end of the first part, we present the reconstruction and remodeling projects of President Antônio Carlos Avenue as deep scars in the city space especially in the traditional neighborhood of Lagoinha. In the second part, we are oriented by the comprehension that, despite the abstraction of the conceived space of the avenues, the city may be appropriated with other senses through the lived space. We use as guiding elements: streets, which establish their urbanity as they become locus of the encounter, the party, the celebration of differences and also of everyday life with its inherent contradictions and alienation; and the lived space, presenting the neighborhood of Lagoinha from the appropriations of its spaces (the streets, but also the President Antônio Carlos Avenue) as a sense of place and artwork. In the appropriation process as a place, the experiences of the dwellers are responsible for the construction of meanings and identities in a subjective level. In the appropriation as an artwork, the signification processes refer to the proposals of its authors. Thus, if everyday life is a time of alienation consisted from the dull repetition of the everyday life events, it is through it that the creative appropriations of the space occur. Through a shared practice centered on the value of use and everydayness (the everyday life not driven by consumption values), the urban praxis arises as a reflexive and not alienated practice. The urban revolution desired by Lefebvre could happen, then, through the modifications in everyday life aimed to the creation of artworks and places.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGPlanejamento urbano Belo Horizonte (MG)Espaço urbanoAvenida Presidente Antônio Carlos (Belo Horizonte, MG)Lagoinha (Belo Horizonte, MG)Espaço VividoEspaço ConcebidoApropriação como LugarCotidianidadeApropriação como ObraPlano Urbanístico de Belo HorizonteAs avenidas da metrópole, as ruas do lugar: produção social do espaço a partir das transformações da Lagoinha e da Avenida Presidente Antônio Carlos (Belo Horizonte, MG)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserts__o_daila_coutinho_de_ara_jo_2016.pdfapplication/pdf57493220https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B2MKDD/1/disserts__o_daila_coutinho_de_ara_jo_2016.pdfdb77c57ed8f33652825c6cc6747883fdMD51TEXTdisserts__o_daila_coutinho_de_ara_jo_2016.pdf.txtdisserts__o_daila_coutinho_de_ara_jo_2016.pdf.txtExtracted texttext/plain380696https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B2MKDD/2/disserts__o_daila_coutinho_de_ara_jo_2016.pdf.txt0aa5beb97217121afbd696001b28f7f3MD521843/BUOS-B2MKDD2019-11-14 20:03:13.368oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-B2MKDDRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T23:03:13Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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