Ciclo de vida domiciliar, ciclo do lote e mudança no uso da terra na Amazônia rural brasileira: um estudo de caso para Altamira, Pará

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gilvan Ramalho Guedes
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/AMSA-88ENSV
Resumo: RESUMONeste trabalho argumentamos que a mudança na composição demográfica do domicílio rural (ponto-chave da teoria do ciclo de vida) é incapaz de prever a dinâmica do uso da terra em ambientes caracterizados pela crescente influência de instituições regionais e dos mercados. Assim, propusemos alterações na teoria do ciclo de vida, sugerindo que a influência da estrutura demográfica sobre a dinâmica de uso da terra decresce quanto maior a exposição dos domicílios e seus lotes rurais às influências de fatores exógenos a eles. Ademais, nosso modelo sugere que existe um ciclo do lote, distinto do ciclo de vida, mas que influencia a relação deste com o uso da terra. Assim, quanto maior a exposição dos domicílios ao ambiente de fronteira (ciclo do lote), menor a influência da composição demográfica (ciclo de vida) sobre o uso da terra em fronteiras consolidadas. Para testar nosso modelo, utilizamos dados com naturezas distintas: a) dados longitudinais socioeconômicos e de uso da terra no nível do domicílio para 402 propriedades rurais entrevistadas em 1997/1998 e revisitadas em 2005, numa região próxima a Altamira, Pará; b) descrições espaciais das propriedades e seus sistemas de uso do solo; c) entrevistas semi-estruturadas com proprietários rurais selecionados, e d) imagens classificadas de satélite sobre a cobertura do solo das 402 propriedades rurais, em 1996 e 2005.Nossos resultados apresentam fraco suporte aos indicadores do ciclo de vida e do lote sobre a dinâmica do uso da terra. Fatores exógenos ao domicílio rural, em especial as características biofísicas do solo, as redes sociais e familiares e a integração aos mercados, emergem como fatores predominantes para explicar a mudança na paisagem no nível do lote rural. Apesar de menos consistente, obtivemos evidência da redução da influência do ciclo de vida sobre as estratégias de uso do solo na medida em que os domicílios aumentam seu tempo de exposição ao ambiente da fronteira. Por fim, o aumento das conexões com as áreas urbanas parece possibilitar às famílias a utilização da emigração seletiva como um instrumento de expansão informal do crédito ao investir a remessa de dinheiro por parte dos filhos em culturas agrícolas de alto valor comercial (como as perenes). O ciclo de vida e do lote, portanto, tem pouca capacidade de prever as trajetórias de uso do solo num ambiente caracterizado pelo pluralismo das estratégias de sobrevivência e pela predominância de fatores para além dos domicílios rurais.
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Assim, quanto maior a exposição dos domicílios ao ambiente de fronteira (ciclo do lote), menor a influência da composição demográfica (ciclo de vida) sobre o uso da terra em fronteiras consolidadas. Para testar nosso modelo, utilizamos dados com naturezas distintas: a) dados longitudinais socioeconômicos e de uso da terra no nível do domicílio para 402 propriedades rurais entrevistadas em 1997/1998 e revisitadas em 2005, numa região próxima a Altamira, Pará; b) descrições espaciais das propriedades e seus sistemas de uso do solo; c) entrevistas semi-estruturadas com proprietários rurais selecionados, e d) imagens classificadas de satélite sobre a cobertura do solo das 402 propriedades rurais, em 1996 e 2005.Nossos resultados apresentam fraco suporte aos indicadores do ciclo de vida e do lote sobre a dinâmica do uso da terra. Fatores exógenos ao domicílio rural, em especial as características biofísicas do solo, as redes sociais e familiares e a integração aos mercados, emergem como fatores predominantes para explicar a mudança na paisagem no nível do lote rural. Apesar de menos consistente, obtivemos evidência da redução da influência do ciclo de vida sobre as estratégias de uso do solo na medida em que os domicílios aumentam seu tempo de exposição ao ambiente da fronteira. Por fim, o aumento das conexões com as áreas urbanas parece possibilitar às famílias a utilização da emigração seletiva como um instrumento de expansão informal do crédito ao investir a remessa de dinheiro por parte dos filhos em culturas agrícolas de alto valor comercial (como as perenes). O ciclo de vida e do lote, portanto, tem pouca capacidade de prever as trajetórias de uso do solo num ambiente caracterizado pelo pluralismo das estratégias de sobrevivência e pela predominância de fatores para além dos domicílios rurais.This study examines the ability of life cycle theory to predict land use and cover change in agricultural frontiers characterized by the growing influence of regional institutions and markets. Based on this post-frontier scenario, we propose a revisited life cycle model of land use/cover change, which suggests the declining influence of life cycle variables on land use strategies among rural households exposed to market influences. Furthermore, our model suggests an interaction between life cycle and lot cycle in influencing land use change. That is, the longer a households time in the frontier, the smaller the influence of life cycle indicators on land use change in consolidated agricultural frontiers. To test the proposed model, we use data from different sources and of different types: a) panel data on 402 rural lots in a settlement area near Altamira, Pará, interviewed in 1997/1998 and revisited in 2005; c) property sketch maps and its associated land use systems; c) semi-structured interviews with selected property owners, and d) land cover based on remote sensing of the 402 surveyed rural lots, for 1996 and 2005.We find that life and lot cycle indicators do not adequately predict land use/cover change in our study site. To the contrary, they lose significance when exogenous drivers of land cover change, such as biophysical characteristics, social and familial networks and integration to markets, are added to the models. We also find some evidence of declining influence of life cycle indicators on land use strategies as rural households increase time on the lot - a proxy of exposure to frontier environment. Finally, the increasing level of connection to surrounding urban areas and family migration seem to be strategic responses to credit constraints, allowing rural households to invest financial remittances in commercial crops, compensating for the loss of family labor. Household life cycle and lot life cycle, therefore, show limited ability to predict land use trajectories in frontiers characterized by complex livelihood strategies and growing influences of forces beyond the boundaries of the rural households and their lots.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGAltamira (PA) PopulaçãoSolo Uso Amazonia LegalSolo Uso Altamira (PA)Amazonia Legal Populaçãopós-fronteiraAmazôniaCiclo de vida domiciliarciclo do loteuso da terraCiclo de vida domiciliar, ciclo do lote e mudança no uso da terra na Amazônia rural brasileira: um estudo de caso para Altamira, Paráinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALgilvan_ramalho_guedes_2010.pdfapplication/pdf3744788https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/AMSA-88ENSV/1/gilvan_ramalho_guedes_2010.pdff7e0cf79d1601e7f35c2c3929a24c188MD51TEXTgilvan_ramalho_guedes_2010.pdf.txtgilvan_ramalho_guedes_2010.pdf.txtExtracted texttext/plain511013https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/AMSA-88ENSV/2/gilvan_ramalho_guedes_2010.pdf.txte79718b41ce26888cca04ee49365f9a3MD521843/AMSA-88ENSV2019-11-14 09:58:47.358oai:repositorio.ufmg.br:1843/AMSA-88ENSVRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T12:58:47Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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