Padrões recentes de inserção e mobilidade do trabalho doméstico no Brasil metropolitano: descontinuidades e persistências
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/FACE-ARNR3W |
Resumo: | O trabalho doméstico é a ocupação que emprega mais mulheres no Brasil. Predominantemente feminino, negro e pobre, essa ocupação é desprotegida e tratada com assimetria até mesmo pela legislação. Suas características próprias originam também no não pertencimento ao circuito produtivo da economia. O objetivo dessa dissertação é identificar se houveram mudanças na inserção e mobilidade nessa ocupação no Brasil metropolitano recente. Utilizando dados da Pesquisa Mensal do Emprego (IBGE) de 2002 a 2014, foram construídas tabelas de contingência com as frequências de transição e imobilidade entre as categorias criadas: inatividade, desocupação e categoria socio-ocupacional - superior, intermediária, manual e serviço doméstico remunerado. A metodologia aplicada determina os efeitos do ciclo de vida, da conjuntura e das gerações nas transições ocupacionais ao comparar os ajustes de modelos log lineares. Encontrou-se que a dimensão de período é a mais importante para modelar as frequências das transições entre as categorias analisadas, seguida da coorte; isso porque a inclusão no modelo de variáveis que representam a condição na família e cor/raça explicita parte das mudanças ocorridas ao longo das coortes. Foi encontrado também que as mulheres mais jovens estão se tornando domésticas cada vez menos; entre as domésticas há maior mobilidade do que nos demais grupos ocupacionais, justificada pela desproteção e desvalorização dessa profissional, e; mulheres mais velhas estão ocupando cada vez mais espaço nessa ocupação já que possuem menor mobilidade ocupacional do que as mais jovens. Dessa forma há um envelhecimento dessa ocupação, que possui média de idade cada vez maior. Foi encontrado também um efeito substancial na condição na família (cônjuge, filha ou chefe) na modelagem das frequências das posições de origem e destino. Da mesma forma, os resultados dos modelos mostram que a influência de ser negra, já controladas todas as demais características da mulher, na inserção e mobilidade entre as categorias de atividade é grande, distinta ao longo das gerações e está diminuindo no período analisado. Entretanto, a diferença na probabilidade entre brancas e negras estarem no emprego doméstico se manteve em patamares constantes e assim, nessa ocupação, não está ocorrendo a superação desses estigmas e marcas nas quais se baseiam a discriminação. |
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Ana Maria Hermeto Camilo de OliveiraSimone WajnmanMariangela Furlan AntigoLarissa Giardini Simoes2019-08-14T11:24:37Z2019-08-14T11:24:37Z2017-07-07http://hdl.handle.net/1843/FACE-ARNR3WO trabalho doméstico é a ocupação que emprega mais mulheres no Brasil. Predominantemente feminino, negro e pobre, essa ocupação é desprotegida e tratada com assimetria até mesmo pela legislação. Suas características próprias originam também no não pertencimento ao circuito produtivo da economia. O objetivo dessa dissertação é identificar se houveram mudanças na inserção e mobilidade nessa ocupação no Brasil metropolitano recente. Utilizando dados da Pesquisa Mensal do Emprego (IBGE) de 2002 a 2014, foram construídas tabelas de contingência com as frequências de transição e imobilidade entre as categorias criadas: inatividade, desocupação e categoria socio-ocupacional - superior, intermediária, manual e serviço doméstico remunerado. A metodologia aplicada determina os efeitos do ciclo de vida, da conjuntura e das gerações nas transições ocupacionais ao comparar os ajustes de modelos log lineares. Encontrou-se que a dimensão de período é a mais importante para modelar as frequências das transições entre as categorias analisadas, seguida da coorte; isso porque a inclusão no modelo de variáveis que representam a condição na família e cor/raça explicita parte das mudanças ocorridas ao longo das coortes. Foi encontrado também que as mulheres mais jovens estão se tornando domésticas cada vez menos; entre as domésticas há maior mobilidade do que nos demais grupos ocupacionais, justificada pela desproteção e desvalorização dessa profissional, e; mulheres mais velhas estão ocupando cada vez mais espaço nessa ocupação já que possuem menor mobilidade ocupacional do que as mais jovens. Dessa forma há um envelhecimento dessa ocupação, que possui média de idade cada vez maior. Foi encontrado também um efeito substancial na condição na família (cônjuge, filha ou chefe) na modelagem das frequências das posições de origem e destino. Da mesma forma, os resultados dos modelos mostram que a influência de ser negra, já controladas todas as demais características da mulher, na inserção e mobilidade entre as categorias de atividade é grande, distinta ao longo das gerações e está diminuindo no período analisado. Entretanto, a diferença na probabilidade entre brancas e negras estarem no emprego doméstico se manteve em patamares constantes e assim, nessa ocupação, não está ocorrendo a superação desses estigmas e marcas nas quais se baseiam a discriminação.Domestic work is the occupation the employs the most women in Brazil. Almost exclusively female, black and poor, this occupation is vulnerable and treated differently even by the legislation. Its unique features also arise from the fact that it is not part of the productive circuit of the economy. The objective of this dissertation is to identify if there were changes in the placement and mobility on this occupation at the metropolitan areas of Brazil in recent years. Data from Pesquisa Mensal do Emprego (IBGE), from 2002 to 2014, was used to formulate contingency tables with the transition and immobility frequencies. The sample was classified in groups: inactivity, unemployment, and four socio-occupational categories (manual, intermediate, superior and domestic workers). The methodology used identifies the effects of the life cycle, conjuncture and generation by comparing the fit of log linear models. It was found that the period was the most important dimension for modeling the frequencies at the transition contingency table. Cohort was the second most important, mainly because the addition of variables like household condition and race dilute the effect on changes across generations. Also, over time less young women are working as domestic workers, and there is more mobility between these professionals than between other occupational groups. The lack of protection and the devaluation of this professional can originate this process. That does not happen in the same way for older women as they have less mobility. Thus, the occupation is getting older, as the average age is getting higher. It was also found that the household conditio has a major effect on the persons category of origin and destiny. Furthermore, there is a large effect of being black on the placement and mobility between these occupational groups, even after controlling for other characteristics of the woman. Although this color effect is diminishing on recent years, the odds of black women being domestic workers remains constant, as the society is not getting over the stigma and prejudice that this profession is based on.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGTrabalho feminino BrasilEmpregados domésticosMobilidade de mão-de-obraEmpregadas domésticasMobilidade ocupacionalSegregação racialTrabalho reprodutivoDivisão sexual do trabalhoPadrões recentes de inserção e mobilidade do trabalho doméstico no Brasil metropolitano: descontinuidades e persistênciasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALlarrisa_giardini_simoes.pdfapplication/pdf1840740https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/FACE-ARNR3W/1/larrisa_giardini_simoes.pdfd4ff289eba3b687d4b9163d1e79f4a0bMD51TEXTlarrisa_giardini_simoes.pdf.txtlarrisa_giardini_simoes.pdf.txtExtracted texttext/plain271280https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/FACE-ARNR3W/2/larrisa_giardini_simoes.pdf.txtd0d3f7c9acb55c5ec84e6fbbc9c375ebMD521843/FACE-ARNR3W2019-11-14 12:28:46.03oai:repositorio.ufmg.br:1843/FACE-ARNR3WRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T15:28:46Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
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