Pensar a imagem outramente: à escuta ética do rosto e a política por vir

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Frederico da Cruz Vieira de Souza
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B88FWC
Resumo: O presente trabalho se propõe a pensar a comunicação a partir de uma perspectiva ética, sobretudo no campo de análise das imagens, valendo-se de conceitos como: Rosto, Hospitalidade, Responsabilidade, Vulnerabilidade, Testemunho e a Escuta, desenvolvidos a partir da visão filosófica de Emmanuel Lévinas e de autores que com ela dialogam. Discuto o entrelaçamento das sonoridades do Dizer e o Dito dos rostos/corpos expostos nas fotografias, considerando a base conceitual de Lévinas, alinhavando-a principalmente às contribuições de Derrida, Didi-Huberman, Marie-José Mondzain, Jean-Luc Nancy e Judith Butler. Entendo que os conceitos apresentados por esses autores embasam a noção de abertura como o escutar outramente numa perspectiva ética. A pesquisa elege como um de seus focos um conjunto de fotografias relativas aos povos de rua, a maior parte delas da cidade de São Paulo, sejam de autoria de fotógrafos, sejam outras, produzidas pelas próprias pessoas que vivem nas ruas. O corpus está organizado em sete séries, num total de 60 imagens, com destaque para as imagens de Thiago Fogolin. A análise das imagens procura desenvolver reflexões sobre como essas fotografias poderiam dar vida ao gesto de abrir-se à escuta do outro e a partir de quais apreensões das visualidades relativas a essas pessoas isso se torna viável. A metodologia se articula em quatro movimentos principais, a saber: (1) incursões, com os registros em texto da experiência vivenciada nas ruas do centro de São Paulo; (2) entrevistas; (3) montagem das sequências fotográficas; (4) análise das imagens em relação. Por serem apresentados nessa sequência, não significa que tais movimentos tenham seguido uma ordem cronológica, ao contrário: durante a pesquisa, eles ocorreram muitas vezes concomitantemente, remetendo-se os achados de pesquisa de uns aos outros. Privilegio o protagonismo da susceptibilidade na condução da pesquisa, em que são valorizadas as formas corpóreas que em nós atuam como catalisadoras de significâncias, por excederem e nos ultrapassar, valorizando atravessamentos do contato que se estabelece no face a face constituído pela tríade eu-outro-terceiro. Neste trabalho persegue-se uma tomada de posição diante dos rostos vulneráveis, da vida precária que se mostra nas imagens fotográficas, rostos que não coincidem justamente com as faces/corpos fotografados. A tese procura reconhecer a imagem como um nó górdio da experiência estética que padecemos no cotidiano. Uma via de estudo e reflexão a respeito das relações que estabelecemos com as imagens e pela qual acreditamos ser possível fazer uma política outramente, a partir de uma espécie de visitação e transcendência desses rostos precários, rumo a uma democracia por vir das infinitas singularidades, subjetivamente gestadas e nas fotografias expostas; compostas por branco, preto, mas antes por incontáveis cinzas.
id UFMG_f2b70ff26480ae131b5791a754a4dc1b
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-B88FWC
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Angela Cristina Salgueiro MarquesOsmar Gonçalves dos Reis FilhoLuís Mauro Sá MartinoNilo Ribeiro JúniorCesar Geraldo GuimaraesFrederico da Cruz Vieira de Souza2019-08-09T15:45:23Z2019-08-09T15:45:23Z2018-03-27http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B88FWCO presente trabalho se propõe a pensar a comunicação a partir de uma perspectiva ética, sobretudo no campo de análise das imagens, valendo-se de conceitos como: Rosto, Hospitalidade, Responsabilidade, Vulnerabilidade, Testemunho e a Escuta, desenvolvidos a partir da visão filosófica de Emmanuel Lévinas e de autores que com ela dialogam. Discuto o entrelaçamento das sonoridades do Dizer e o Dito dos rostos/corpos expostos nas fotografias, considerando a base conceitual de Lévinas, alinhavando-a principalmente às contribuições de Derrida, Didi-Huberman, Marie-José Mondzain, Jean-Luc Nancy e Judith Butler. Entendo que os conceitos apresentados por esses autores embasam a noção de abertura como o escutar outramente numa perspectiva ética. A pesquisa elege como um de seus focos um conjunto de fotografias relativas aos povos de rua, a maior parte delas da cidade de São Paulo, sejam de autoria de fotógrafos, sejam outras, produzidas pelas próprias pessoas que vivem nas ruas. O corpus está organizado em sete séries, num total de 60 imagens, com destaque para as imagens de Thiago Fogolin. A análise das imagens procura desenvolver reflexões sobre como essas fotografias poderiam dar vida ao gesto de abrir-se à escuta do outro e a partir de quais apreensões das visualidades relativas a essas pessoas isso se torna viável. A metodologia se articula em quatro movimentos principais, a saber: (1) incursões, com os registros em texto da experiência vivenciada nas ruas do centro de São Paulo; (2) entrevistas; (3) montagem das sequências fotográficas; (4) análise das imagens em relação. Por serem apresentados nessa sequência, não significa que tais movimentos tenham seguido uma ordem cronológica, ao contrário: durante a pesquisa, eles ocorreram muitas vezes concomitantemente, remetendo-se os achados de pesquisa de uns aos outros. Privilegio o protagonismo da susceptibilidade na condução da pesquisa, em que são valorizadas as formas corpóreas que em nós atuam como catalisadoras de significâncias, por excederem e nos ultrapassar, valorizando atravessamentos do contato que se estabelece no face a face constituído pela tríade eu-outro-terceiro. Neste trabalho persegue-se uma tomada de posição diante dos rostos vulneráveis, da vida precária que se mostra nas imagens fotográficas, rostos que não coincidem justamente com as faces/corpos fotografados. A tese procura reconhecer a imagem como um nó górdio da experiência estética que padecemos no cotidiano. Uma via de estudo e reflexão a respeito das relações que estabelecemos com as imagens e pela qual acreditamos ser possível fazer uma política outramente, a partir de uma espécie de visitação e transcendência desses rostos precários, rumo a uma democracia por vir das infinitas singularidades, subjetivamente gestadas e nas fotografias expostas; compostas por branco, preto, mas antes por incontáveis cinzas.The present work proposes to think about communication at an ethical perspective, especially in the field of image analysis, using concepts such as: Face, Hospitality, Responsibility, Vulnerability, Testimony and Listening, developed from the philosophical view of Emmanuel Lévinas and of authors who dialogue with him. I discuss the interlacing of the sonorities of Saying and Said of the faces / bodies exposed in the photographs, taking into account the conceptual basis of Lévinas, combining it mainly with the contributions of Derrida, Didi-Huberman, Marie-José Mondzain, Jean-Luc Nancy and Judith Butler. I understand that the concepts presented by these authors are based on the notion of openness as listening to others in an ethical perspective. The research chooses as one of its focuses a set of photographs related to street people, most of them in the city of São Paulo, whether by photographers or others, produced by the people living on the streets. The corpus is organized in seven series, a total of 60 images, with emphasis on the Thiago Fogolins photos. The analysis of the images seeks to develop reflections about how these photographs could give life to the gesture of opening oneself to the listening of the other and from which apprehensions of the visualities relative to these people this becomes viable. The methodology is articulated in four main movements, namely: (1) incursions, the text records the experience lived for me with Thiago Fogolin on São Paulos streets; (2) interviews; (3) assembly of photographic sequences; (4) analysis of the images in relation. Because they are presented in this sequence, it does not mean that such movements followed a chronological order: during the research, they occurred many times concomitantly, referring to the findings of each other. I prioritize the protagonism of susceptibility in the conduction of research, in which are valued the corporeal forms that act as catalysts of significances, for exceeding and surpassing, valuing crossings of the contact that is established in the face to face constituted by the triad me-other-third. In this work a position is pursued before vulnerable faces, the precarious life that is shown in the photographic images, faces that do not exactly coincide with the faces/bodies photographed. The thesis seeks to recognize the image as a gordian knot of the aesthetic experience that we suffer in daily life. A way of study and reflection on the relations we establish with the images and for which we believe it is possible to make a politics otherwise, from a kind of visitation and transcendence of these precarious faces, towards a democracy to come from infinite singularities subjectively gestated and exposed on pictures; composed of white, black, but first by countless shades of gray.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGFotografiaComunicaçãoÉticaPovos de ruaRostoÉticaHospitalidadeImagemPensar a imagem outramente: à escuta ética do rosto e a política por virinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALversao_final_tese_frederico_5_3_18.pdfapplication/pdf7061828https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B88FWC/1/versao_final_tese_frederico_5_3_18.pdf6c52b8fb9ab4cd800a520e51efc3cb9bMD51TEXTversao_final_tese_frederico_5_3_18.pdf.txtversao_final_tese_frederico_5_3_18.pdf.txtExtracted texttext/plain797336https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B88FWC/2/versao_final_tese_frederico_5_3_18.pdf.txt5219ee873d6c0076175703ebacf0ef4bMD521843/BUOS-B88FWC2019-11-14 03:13:34.413oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-B88FWCRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T06:13:34Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Pensar a imagem outramente: à escuta ética do rosto e a política por vir
title Pensar a imagem outramente: à escuta ética do rosto e a política por vir
spellingShingle Pensar a imagem outramente: à escuta ética do rosto e a política por vir
Frederico da Cruz Vieira de Souza
Povos de rua
Rosto
Ética
Hospitalidade
Imagem
Fotografia
Comunicação
Ética
title_short Pensar a imagem outramente: à escuta ética do rosto e a política por vir
title_full Pensar a imagem outramente: à escuta ética do rosto e a política por vir
title_fullStr Pensar a imagem outramente: à escuta ética do rosto e a política por vir
title_full_unstemmed Pensar a imagem outramente: à escuta ética do rosto e a política por vir
title_sort Pensar a imagem outramente: à escuta ética do rosto e a política por vir
author Frederico da Cruz Vieira de Souza
author_facet Frederico da Cruz Vieira de Souza
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Angela Cristina Salgueiro Marques
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Osmar Gonçalves dos Reis Filho
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Luís Mauro Sá Martino
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Nilo Ribeiro Júnior
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Cesar Geraldo Guimaraes
dc.contributor.author.fl_str_mv Frederico da Cruz Vieira de Souza
contributor_str_mv Angela Cristina Salgueiro Marques
Osmar Gonçalves dos Reis Filho
Luís Mauro Sá Martino
Nilo Ribeiro Júnior
Cesar Geraldo Guimaraes
dc.subject.por.fl_str_mv Povos de rua
Rosto
Ética
Hospitalidade
Imagem
topic Povos de rua
Rosto
Ética
Hospitalidade
Imagem
Fotografia
Comunicação
Ética
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Fotografia
Comunicação
Ética
description O presente trabalho se propõe a pensar a comunicação a partir de uma perspectiva ética, sobretudo no campo de análise das imagens, valendo-se de conceitos como: Rosto, Hospitalidade, Responsabilidade, Vulnerabilidade, Testemunho e a Escuta, desenvolvidos a partir da visão filosófica de Emmanuel Lévinas e de autores que com ela dialogam. Discuto o entrelaçamento das sonoridades do Dizer e o Dito dos rostos/corpos expostos nas fotografias, considerando a base conceitual de Lévinas, alinhavando-a principalmente às contribuições de Derrida, Didi-Huberman, Marie-José Mondzain, Jean-Luc Nancy e Judith Butler. Entendo que os conceitos apresentados por esses autores embasam a noção de abertura como o escutar outramente numa perspectiva ética. A pesquisa elege como um de seus focos um conjunto de fotografias relativas aos povos de rua, a maior parte delas da cidade de São Paulo, sejam de autoria de fotógrafos, sejam outras, produzidas pelas próprias pessoas que vivem nas ruas. O corpus está organizado em sete séries, num total de 60 imagens, com destaque para as imagens de Thiago Fogolin. A análise das imagens procura desenvolver reflexões sobre como essas fotografias poderiam dar vida ao gesto de abrir-se à escuta do outro e a partir de quais apreensões das visualidades relativas a essas pessoas isso se torna viável. A metodologia se articula em quatro movimentos principais, a saber: (1) incursões, com os registros em texto da experiência vivenciada nas ruas do centro de São Paulo; (2) entrevistas; (3) montagem das sequências fotográficas; (4) análise das imagens em relação. Por serem apresentados nessa sequência, não significa que tais movimentos tenham seguido uma ordem cronológica, ao contrário: durante a pesquisa, eles ocorreram muitas vezes concomitantemente, remetendo-se os achados de pesquisa de uns aos outros. Privilegio o protagonismo da susceptibilidade na condução da pesquisa, em que são valorizadas as formas corpóreas que em nós atuam como catalisadoras de significâncias, por excederem e nos ultrapassar, valorizando atravessamentos do contato que se estabelece no face a face constituído pela tríade eu-outro-terceiro. Neste trabalho persegue-se uma tomada de posição diante dos rostos vulneráveis, da vida precária que se mostra nas imagens fotográficas, rostos que não coincidem justamente com as faces/corpos fotografados. A tese procura reconhecer a imagem como um nó górdio da experiência estética que padecemos no cotidiano. Uma via de estudo e reflexão a respeito das relações que estabelecemos com as imagens e pela qual acreditamos ser possível fazer uma política outramente, a partir de uma espécie de visitação e transcendência desses rostos precários, rumo a uma democracia por vir das infinitas singularidades, subjetivamente gestadas e nas fotografias expostas; compostas por branco, preto, mas antes por incontáveis cinzas.
publishDate 2018
dc.date.issued.fl_str_mv 2018-03-27
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-09T15:45:23Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-09T15:45:23Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B88FWC
url http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B88FWC
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B88FWC/1/versao_final_tese_frederico_5_3_18.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B88FWC/2/versao_final_tese_frederico_5_3_18.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 6c52b8fb9ab4cd800a520e51efc3cb9b
5219ee873d6c0076175703ebacf0ef4b
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589261867352064