O canto de revolta de uma águia nordestina : romantismo e brasilidade revolucionários em Maria Bethânia (1964-2021)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marlon de Souza Silva
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/48643
Resumo: A presente tese analisa a trajetória artística da cantora Maria Bethânia à luz dos conceitos de romantismo e brasilidade revolucionários, desde 1964 até 2021. Tendo como ponto de partida a discussão proposta por Marcelo Ridenti em que afirma que, durante os anos 1960 e 1970, nos meios artísticos e intelectualizados de esquerda, era central o problema da identidade nacional e política do povo brasileiro, em um momento de intenso debate estético e ideológico em torno das artes. O autor utiliza o termo “artistas da revolução” para designar os artistas que possuíam uma visão de mundo romântica e/ou uma estrutura de sentimento característica de uma brasilidade revolucionária. A partir do final da década de 1970 ocorre um declínio das utopias românticas. Desta forma, o estudo visa demonstrar como Bethânia se insere dentro dessa perspectiva apontada por Ridenti, se consolidando como uma das artistas da revolução. Tendo um amplo corpus documental, entende-se que a cantora, desde sua estreia amadora em Salvador, possuía uma postura típica do romantismo revolucionário. Como decorrência de sua atuação questionadora, principalmente, em 1965 no espetáculo Opinião, ocorreu uma maior vigilância por parte dos órgãos do regime, como do departamento de censura e do próprio Serviço Nacional de Informações. Ao longo de toda sua trajetória, observo uma busca no povo brasileiro por parte da cantora que extrapola os limites impostos por Ridenti. Assim, mesmo em momentos de refluxo das utopias revolucionárias, Bethânia continuou a ser a legítima representante desse povo, como no espetáculo A hora da estrela, de 1984. Neste contexto de abertura política, há um tom de desencantamento perante a situação política em que se encontrava o país. Em sua obra e manifestações públicas observo uma preocupação sobre o problema da terra e uma busca de valorização do sertão. Esse desencantamento é combatido através de sua visão do Brasil, explicitada no disco Brasileirinho. Porém, cantar um Brasil possível não significa negar os problemas presentes na sociedade brasileira. Nos últimos 20 anos de produção da cantora é perceptível um misto de revolta pela situação em que se encontra o povo brasileiro e uma esperança de mudanças. Essa postura de Maria Bethânia demonstra uma estrutura de sentimento que é característica de uma brasilidade revolucionária.
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A partir do final da década de 1970 ocorre um declínio das utopias românticas. Desta forma, o estudo visa demonstrar como Bethânia se insere dentro dessa perspectiva apontada por Ridenti, se consolidando como uma das artistas da revolução. Tendo um amplo corpus documental, entende-se que a cantora, desde sua estreia amadora em Salvador, possuía uma postura típica do romantismo revolucionário. Como decorrência de sua atuação questionadora, principalmente, em 1965 no espetáculo Opinião, ocorreu uma maior vigilância por parte dos órgãos do regime, como do departamento de censura e do próprio Serviço Nacional de Informações. Ao longo de toda sua trajetória, observo uma busca no povo brasileiro por parte da cantora que extrapola os limites impostos por Ridenti. Assim, mesmo em momentos de refluxo das utopias revolucionárias, Bethânia continuou a ser a legítima representante desse povo, como no espetáculo A hora da estrela, de 1984. Neste contexto de abertura política, há um tom de desencantamento perante a situação política em que se encontrava o país. Em sua obra e manifestações públicas observo uma preocupação sobre o problema da terra e uma busca de valorização do sertão. Esse desencantamento é combatido através de sua visão do Brasil, explicitada no disco Brasileirinho. Porém, cantar um Brasil possível não significa negar os problemas presentes na sociedade brasileira. Nos últimos 20 anos de produção da cantora é perceptível um misto de revolta pela situação em que se encontra o povo brasileiro e uma esperança de mudanças. Essa postura de Maria Bethânia demonstra uma estrutura de sentimento que é característica de uma brasilidade revolucionária.This Thesis analyze of artistic trajectory from the singer Maria Bethânia in the spotlight of the concepts on revolutionary romanticism and “Brasilidade” (Brazilianity), from 1964 to 2021. Taking as a starting point the discussion proposed by Marcelo Ridenti in which he states that, during the 60’s and the 70’s, at the artistic and intellectualized left-wing circles, the problem of the national and political identity from the Brazilian people was central, at a time of intense aesthetic and ideological debate around the arts. The author uses the term “artists from the revolution” to designate artists who had a romantic world view and/or a structure of feeling characteristic of a revolutionary “Brazilianity”. From the end of the 1970’s onwards, there was a decline in romantic utopias. Thus, this study aims to show how Bethânia fits into this perspective pointed out by Ridenti, consolidating herself as one of the artists from the revolution. Having a wide documentary body, it is understood that the singer, since her amateur debut in Salvador, had a typical attitude of revolutionary romanticism. As a result of his questioning performance, mainly in 1965 in the spectacle “Opinião” (Opinion), there was a greater surveillance by the organs from the regime, such as the censorship department and the National Information Service itself. Throughout her trajectory, I find a search among the Brazilian people by the singer that goes beyond the limits imposed by Ridenti. Thus, even in moments of reflux of revolutionary utopias, Bethânia continued to be the legitimate representative of this people, as in the show “A hora da Estrela” (The Star Hour), from 1984. In this context of political openness, there is a tone of disenchantment in the face of the political situation in which found the country. In his work and public manifestations, I observe a concern about the problem of land and a search for valorization of the far country (Sertão). This disenchantment is fought through his vision from Brazil, made explicit in the album “Brasileirinho” (Little Brazilian). However, singing a possible Brazil does not mean denying the problems present in Brazilian society. In the last 20 years of the singer's production, a mixture of revolt at the situation in which the Brazilian people find themselves and a hope for change is perceptible. This stance by Maria Bethânia demonstrates a structure of feeling that is characteristic of a revolutionary “Brazilianity”.porUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em HistóriaUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE HISTÓRIAHistória - TesesBethânia, Maria, 1946-Romantismo - TesesMaria BethâniaRomantismo revolucionárioBrasilidade revolucionáriaO canto de revolta de uma águia nordestina : romantismo e brasilidade revolucionários em Maria Bethânia (1964-2021)The revolt song from a northeast eagle : revolutionary romanticism and brazilianity in Maria Bethânia (1964-2021)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALTese Final Marlon de Souza Silva.pdfTese Final Marlon de Souza Silva.pdfapplication/pdf6982777https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/48643/1/Tese%20Final%20Marlon%20de%20Souza%20Silva.pdf498b6d80abe4293e5b9b846ffd9d21aeMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/48643/2/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD521843/486432023-01-04 12:21:33.089oai:repositorio.ufmg.br:1843/48643TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2023-01-04T15:21:33Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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