spelling |
Ingrid Faria Gianordoli NascimentoLidio de SouzaSonia Regina Correa LagesFlavia Gotelip Correa Veloso2019-08-13T14:41:57Z2019-08-13T14:41:57Z2011-08-31http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B6ZF5UA Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha), ao criar mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e intrafamiliar contra a mulher, prevê a implementação de Serviço de Responsabilização e Educação do agressor. Nesse cenário, identificamos a pertinência de analisar a dinâmica conjugal e a dinâmica da violência, vivenciada por homens e mulheres em situação de violência conjugal, antes, durante e após a participação do homem no grupo reflexivo destinado a agressores, visando compreender as contribuições e limites do programa para o enfrentamento e prevenção da violência por eles vivida. Com esse objetivo, entrevistamos quatro mulheres e quatro homens, sendo 3 casais, cujos homens participaram do Grupo de Autores de Agressão, executado pelo Núcleo de Apoio Psicossocial à Família em situação de Violência ligado à Delegacia de Proteção a Mulher, Criança, Adolescente e Idoso do município de Divinópolis/MG. As informações foram submetidas ao método fenomenológico para investigação psicológica e reorganizadas em narrativas que procuraram a identificação das particularidades e dos pontos em comum nas experiências relatadas. Os resultados apontam para quatro eixos centrais divergentes entre os sujeitos masculinos e femininos: 1) Percepções sobre a dinâmica da violência na dinâmica conjugal; 2) Percepção sobre o casamento e motivações para o seu fim; 3) Percepção sobre a denúncia da violência; 4) Percepção sobre o grupo para homens autores. Nos discursos femininos observa-se que: as mulheres detalharam os episódios, contextos e tipos da violência vivida na dinâmica conjugal; as representações de casamento apontam para a felicidade do casal atrelada ao ideal de amorromântico, levando-as a esperar por mudanças no comportamento do companheiro, postergando o fim da relação; o ato da denúncia é visto como mandar para prisão, por isso optam por não registrar a ocorrência policial dos fatos, preferindo o encaminhamento do autor para o grupo; e o grupo é um tratamento que em pouco contribuiu para o enfrentamento da situação de violência por elas vivida, o que para elas não significa que não possa ser benéfico em outros casos. Já os homens não admitem o histórico de conjugalidade violenta, mas reconhecem os atos agressivos que geraram o encaminhamento para o grupo; a representação de casamento diz da felicidade da família, não sendo a conjugalidade conflituosa motivação para o seu fim; o ato da denúncia é visto como algo vergonhoso para o homem, mas após a passagem pela delegacia passa a ser entendido como um pedido de ajuda da mulher, e não necessariamente uma tentativa de prejudicá-lo; e o grupo para autores é representado como escola-aprendizado, ou seja, um lugar para aprender a controlar-se. A partir dessas vivências, observamos a permanência de representações tradicionais de gênero que mantém e legitimam a hierarquia conjugal e as práticas de violência, sem que a assistência oferecida às partes promovesse o empoderamento feminino e a ruptura dos valores da masculinidade hegemônica dos homens. Chamamos a atenção para a necessidade dos programas para homens se efetivarem enquanto uma de política pública de gênero inserida em uma rede de serviços voltada para todos os envolvidos na dinâmica do conflito.The law 11.340/06 (Maria da Penha Law), while creates mechanisms to restrain and prevent domestic and intrafamily violence against women provides the implemetation of the Accountability and Batterer Education Programs. In this context, we identified the importance of analyzing the marital dynamics and the dynamics of violence experienced by women and men in intimate partner violence, before, during and after the man's participation in a batterer reflexive program, aiming to understand the contributions and limits of the program for the confrontation and prevention of the violence they had experienced. With this objective, we interviewed four women and four men, among which were 3 couples, that the men participated in Batterer Programs, developed by the Kernel of Psychosocial Support to the Family in Situation of Violence linked to the Police Department of Women, Child, Adolescent and Elderlys Protection in the city of Divinópolis/MG. The information was subjected to the phenomenological method for psychological investigation and reorganized into narratives that attempt to identify the particularities and the common points in the experiences reported. The results point to four divergent central axis among the male and female subjects: 1) insights about the dynamics of violence in the marital dynamics; 2) perceptions about marriage and the motivations for its end; 3) perception about reporting the violence; 4) perception about the group for battered men. In the womens speeches it is noted that: women gave details of the episodes, contexts and types of violence experienced in conjugal dynamics; the representations of marriage point to the "couples happiness" tied to the ideal of romantic love, taking them to wait for changes in the partners behavior, postponing the end of the relationship; the act of reporting is seen as "to send to prison", so they choose not to record the police occurrence of the facts, preferring the referral of the author to the Group; and the group for the men is a "treatment" that little contributed for the confrontation of the situation of violence lived by the female, which does not mean for them that it cannot be beneficial in other cases. The men however do not admit the history of violent conjugability but recognize the aggressive acts that generated the referral to the Group; the marriage representation relates to the family happiness and does not make the conflict conjugability a motivation to its end; the act of reporting is seen as shameful for the man but after being filed in the police station it is understood as a request for help from the woman and not necessarily an attempt to harm him; and the battered group represents a learning-school which means a place to learn self control. From these experiences, we observe the permanence of traditional genre representations that maintain and legitimize the conjugal hierarchy and the practice of violence, without that assistance offered to parties to promote the female empowerment and the rupture of the values of hegemonic masculinity of men. We highlight the need of programs for men to become effective as a genre public policy inserted into a network of services directed to all those involved in the dynamics of conflict.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGReabilitaçãoViolência familiarViolência contra a mulherMasculinidadeBrasil [Lei Maria da Penha (2006)]PsicologiaPsicologiaPrograma de atenção a homens autores de violência contra a mulher: possibilidades a partir da vivência de casais em situação de violência conjugalinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALversao_final_dissertacao.pdfapplication/pdf11140796https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B6ZF5U/1/versao_final_dissertacao.pdfb91eeeca0f9d604d930cc05a3b7e78a3MD51TEXTversao_final_dissertacao.pdf.txtversao_final_dissertacao.pdf.txtExtracted texttext/plain436838https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B6ZF5U/2/versao_final_dissertacao.pdf.txt47d0451b01f93a8b94be1ca9605011aeMD521843/BUOS-B6ZF5U2019-11-14 11:46:30.41oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-B6ZF5URepositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T14:46:30Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
|