As canções de câmara de Radamés Gnattali: diálogos composicionais e brasilidade

• Autor(a) principal: Luísa Vogt Cota
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/50756
• topic: Canção de câmara; Radamés Gnattali; Brasilidade; Dialogismo; Performance musical.; Performance musical; Gnattali, Radamés, 1906-1988; Música - Análise, apreciação; Música de câmara

A tese tem como objetivo compreender os diálogos composicionais e a brasilidade nas canções para canto e piano de Radamés Gnattali. Para esse propósito, buscou-se entrecruzar a trajetória do compositor, seus discursos e suas canções de câmara. O corpus escolhido para esse trabalho são vinte canções (uma delas um ciclo de três canções) para canto e piano em manuscritos autógrafos e de terceiros, bem como publicadas por editoras. Essas partituras foram coletadas ao longo da pesquisa em bibliotecas e acervos, inclusive o acervo do próprio compositor que é administrado por sua família. Para o trabalho de pesquisa e performance musical, essas canções passaram por uma edição interpretativa. O modelo tripartite da semiologia musical, de Jean Molino, desenvolvido por Jean-Jacques Nattiez trouxe para a discussão da tese a relação entre autor, obra e intérprete para a interpretação das canções de câmara de Radamés Gnattali. O referencial teórico em Mikhail Bakhtin permitiu elucidar a questão da autoria do compositor bem como as relações dialógicas dos seus enunciados, das suas vivências, dos aspectos históricos de sua época, dos poetas parceiros em suas canções. A partir do olhar bakhtiniano, vê-se o reflexo dos contextos vividos por Gnattali em suas canções, mas também a criação do compositor sobre situações da sociedade em que vivia. Há um princípio de alteridade, no sentido de refletir, mas também refratar, significados musicais por meio de suas canções. A brasilidade pode ser identificada nas canções não apenas por meio de características da música nacional trazidas pelo pensamento modernista, tais como ritmos e melodias existentes na música popular brasileira, e de poemas que remetem ao Brasil, mas também por meio de uma sonoridade mais plural e mais conectada com realidade profissional de Radamés Gnattali. As canções possibilitam refletir sobre a trajetória do compositor e sobre os seus desvios – aquilo que extrapola a ideia de linearidade e de conceitos bem definidos. Essas reflexões permitem também ao performer criar imagens e eleger sonoridades e interpretações para a performance da canção de câmara de Radamés Gnattali, bem como estabelecer interlocuções com o compositor. As formas de compor de Gnattali possibilitam releituras e ressignificações de suas canções de câmara para a contemporaneidade.