Processos identitários do agente de escolta e vigilância penitenciária: recorte discursivo do trabalho nas muralhas
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMS |
Texto Completo: | https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/2849 |
Resumo: | Este trabalho tem por objetivo analisar os processos identitários do Agente de Escolta e Vigilância Penitenciário (AEVP) do Estado de São Paulo. Partimos do pressuposto de que o trabalhador do sistema penitenciário ocupa um papel de poder na configuração social decorrente do exercício de sua função disciplinarizadora enquanto agente mantenedor da ordem carcerária e social, e temos como hipótese de pesquisa que os riscos vivenciados pelo trabalhador e a características do trabalho invisível contribuam para a exclusão desse sujeito. De acordo com Dejours (2011), o trabalho possibilita a construção da identidade e a geração de saúde mental a partir do reconhecimento do outro, assim como pode ser fonte de descompensação psíquica e somática do sujeito por meio da exclusão do sujeito ao coletivo. Diante desses questionamentos, três objetivos específicos foram propostos: a) investigar como os riscos pessoais influenciam na formação dos processos identitários do trabalhador de muralha; b) discutir como as formas de reconhecimento e o sentido atribuído ao trabalho influenciam na constituição da subjetividade e; c) descrever as relações imaginárias e de saber-poder presentes nas relações do trabalho de muralha do sistema penitenciário. A base teórica está fundamentada na Análise do Discurso de linha francesa que compreende o discurso como lugar onde se pode observar a relação entre língua e ideologia, compreendendo o sujeito do inconsciente como ser clivado, incompleto e inconsciente (PÊCHEUX, 1969, 1991, 1999, 2012). Para tanto, ancoramo-nos nas ideias de posição-sujeito de Orlandi (2015) e nas noções de formações imaginárias e ideológicas (PÊCHEUX, 1990). Considerando o caráter transdisciplinar da AD, utilizamos como base para a investigação das relações e construção da identidade no/pelo trabalho a teoria psicodinâmica de Dejours (1992, 1999, 2011). O córpus foi constituído por meio de 17 sequências discursivas recortadas de entrevistas semi direcionadas com oito profissionais que atuam na função em diversas localidades do Estado de São Paulo. A escolha dos recortes se deu a partir do método foucaultiano arquegenealógico (FOUCAULT, 1969, 1996, 2010), pautado nas regularidades e dispersões do discurso. Este estudo foi estruturado a partir de três capítulos: no primeiro tecemos o fio teórico condutor da pesquisa a partir das noções de formação imaginária, ideológica, discursiva e do interdiscurso trouxemos a concepção de sujeito a partir do viés discursivo e das teorias do trabalho; no segundo historicizamos a posição de sujeito-trabalhador de muralha e as concepções históricas sobre o trabalho, bem como as condições de produção e metodológicas do estudo; no último realizamos as análises e as problematizações sobre a relação dos sujeitos com o trabalho e destacamos as formações imaginárias decorrentes desta relação. Os resultados indicam que as situações de risco são permeadas por contradições que envolvem a representação de vulnerabilidade do trabalhador frente ao poder do interno e a possibilidade de desenvolvimento de um trabalho criativo. Outra contradição que se instala envolve a (in)visibilidade do trabalhador: por um lado, o sujeito acredita que quanto maior sua invisibilidade maior é a eficácia do trabalho; de outro lado, o sujeito vivencia o sofrimento por não desenvolver uma função socialmente valorizada. O sentido atribuído ao trabalho aparece atrelado ao esvaziamento a partir da não-produção de aspectos materiais em contrapartida ao preenchimento de sentido enquanto função mantenedora da ordem carcerária. Ainda, a relação de saber-poder oscila entre o agente de muralha, o interno e o Estado, visto que ora um e ora outro detém o poder dentro do espaço penitenciário. |
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Diante desses questionamentos, três objetivos específicos foram propostos: a) investigar como os riscos pessoais influenciam na formação dos processos identitários do trabalhador de muralha; b) discutir como as formas de reconhecimento e o sentido atribuído ao trabalho influenciam na constituição da subjetividade e; c) descrever as relações imaginárias e de saber-poder presentes nas relações do trabalho de muralha do sistema penitenciário. A base teórica está fundamentada na Análise do Discurso de linha francesa que compreende o discurso como lugar onde se pode observar a relação entre língua e ideologia, compreendendo o sujeito do inconsciente como ser clivado, incompleto e inconsciente (PÊCHEUX, 1969, 1991, 1999, 2012). Para tanto, ancoramo-nos nas ideias de posição-sujeito de Orlandi (2015) e nas noções de formações imaginárias e ideológicas (PÊCHEUX, 1990). 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Este estudo foi estruturado a partir de três capítulos: no primeiro tecemos o fio teórico condutor da pesquisa a partir das noções de formação imaginária, ideológica, discursiva e do interdiscurso trouxemos a concepção de sujeito a partir do viés discursivo e das teorias do trabalho; no segundo historicizamos a posição de sujeito-trabalhador de muralha e as concepções históricas sobre o trabalho, bem como as condições de produção e metodológicas do estudo; no último realizamos as análises e as problematizações sobre a relação dos sujeitos com o trabalho e destacamos as formações imaginárias decorrentes desta relação. Os resultados indicam que as situações de risco são permeadas por contradições que envolvem a representação de vulnerabilidade do trabalhador frente ao poder do interno e a possibilidade de desenvolvimento de um trabalho criativo. Outra contradição que se instala envolve a (in)visibilidade do trabalhador: por um lado, o sujeito acredita que quanto maior sua invisibilidade maior é a eficácia do trabalho; de outro lado, o sujeito vivencia o sofrimento por não desenvolver uma função socialmente valorizada. O sentido atribuído ao trabalho aparece atrelado ao esvaziamento a partir da não-produção de aspectos materiais em contrapartida ao preenchimento de sentido enquanto função mantenedora da ordem carcerária. Ainda, a relação de saber-poder oscila entre o agente de muralha, o interno e o Estado, visto que ora um e ora outro detém o poder dentro do espaço penitenciário.ABSTRACT - This paper aims to analyze the identity process of the convoy prison guard in São Paulo. We began assuming that the prison system worker has a power role in the society that comes from his disciplinary job as a social and prison peace keeper, and we have a research hypothesis based on the risks of the jobs and the invisible characteristic of the job contributing to the exclusion of this person. We can specific objectives: a) investigate the personal risks that influence the identity of the worker; b) discuss how the acknowledge ways and the sense attributed to the job influence subjective creation; c) describe imaginary relation and know-can relations present in the work relations of the worker. The theory basis is built on the speech analysis of the French line that the speech has as a place to look where one can observe the relation between the ideological line, comprehending the subject as incomplete and unconscious being (PÊCHEUX, 1969, 1991, 1999, 2012). In order to do so, we strongly base our ideas in Orlandi subject position (2015) and in the ideological and imaginary formation notions (PÊCHEUX, 1990). Considering the transdisciplinary character of AD, we used as a basis for our identity construction and relations investigation the psychodynamic theory of Dejours (1992, 1999, 2011). The corpus was built through 17 discursive sequences from semi direct interview with eight professionals that work in different places throughout São Paulo. The cut choices were made based on Foucault archeogenealogical method (FOUCAULT, 1969, 1996, 2010), based on speech regularities and differences. The results indicate that the risky situations are surrounded by contradictions that involve the vulnerability representations of the worker facing the prisoner power and the possibility of developing a creative job. The sense given to the job comes together with the emptiness from the non production of material aspects in contrast with the fulfillment of the sense as a prison agent who keeps the prison in order. This paper was structured in three chapters: on the first one we create the theory line that conducted our research through imaginary, ideological and discursive formation and from the inter speech we brought the subject concept from discursive bias and work theories; on the second chapter we create the history of the subject-worker position and the historical concepts of the job, as well as create condition and methodologies for the study; on the last chapter we analyze the problems with the subject relation with the job and we highlight the imaginary formations from this relation. Finally, in closing remarks reflect on the effects of meaning arising from the analysis.porPrisõesAgentes PenitenciáriosTrabalhoPrisonsWorkProcessos identitários do agente de escolta e vigilância penitenciária: recorte discursivo do trabalho nas muralhasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisNascimento, Celina Aparecida Garcia de SouzaBiasi, Evelyn Yamashitainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMSinstname:Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)instacron:UFMSTHUMBNAILEvelyn Yamashita Biasi.pdf.jpgEvelyn Yamashita Biasi.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1438https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/2849/4/Evelyn%20Yamashita%20Biasi.pdf.jpg1bf1f59b207050250da36e80e7b01a56MD54ORIGINALEvelyn Yamashita Biasi.pdfEvelyn Yamashita Biasi.pdfapplication/pdf2222217https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/2849/1/Evelyn%20Yamashita%20Biasi.pdfe2db9eab1297dc43a3d6a79523551ce9MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/2849/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTEvelyn Yamashita Biasi.pdf.txtEvelyn Yamashita Biasi.pdf.txtExtracted texttext/plain0https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/2849/3/Evelyn%20Yamashita%20Biasi.pdf.txtd41d8cd98f00b204e9800998ecf8427eMD53123456789/28492021-09-30 15:56:24.261oai:repositorio.ufms.br:123456789/2849Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufms.br/oai/requestri.prograd@ufms.bropendoar:21242021-09-30T19:56:24Repositório Institucional da UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)false |
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