Escrita de si: subjetividade em cartas de internas de Três Lagoas (MS) - Muros que silenciam?
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMS |
Texto Completo: | https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/2011 |
Resumo: | Esta pesquisa tem por objetivo problematizar o processo de subjetividade de mulheres internas do Estabelecimento Penal Feminino de Três Lagoas - MS via escrita de si, analisando os diferentes modos de constituição desses sujeitos em situação de exclusão, bem como as representações que fazem de si, do outro e da prisão. Assim, este trabalho surge da necessidade de investigar a relação sujeito excluído, sociedade e Instituição, uma vez que discursos cristalizados e jogos de verdade constituem esse contexto pelas relações de poder. Partindo do pressuposto de que a resistência é constitutiva da escrita das mulheres internas pelas relações de poder, temos enquanto hipótese que ao escreverem suas cartas, passam por um processo de exposição de sua subjetividade, por serem essas, lidas pela direção da Instituição, e que, interpeladas pelo silenciamento, emergem, na escrita, discursos da estratégia. A análise focalizou principalmente a compreensão dos modos de constituição da subjetividade das mulheres internas pela escrita de si, com base na metodologia foucaultiana: a arqueogenealogia, e ancorou-se nas seguintes perguntas de pesquisa: de que modo os “muros” da Instituição constituem os sujeitos e os discursos? Como a escrita de si acontece nesse contexto? Quais as representações de si, do outro e da prisão emergem nesse contexto de privação da liberdade? Para tanto, o procedimento metodológico constou da coleta de cinquenta e oito cartas escritas pelas mulheres internas em seu dia-a-dia, sendo os correspondentes: familiares, amigos ou o (a) companheiro (a). Como pressupostos teóricos, buscamos subsídios nos fundamentos da Análise do Discurso de linha francesa inaugurada por Pêcheux (1997a, 1988, 1990), utilizando, em especial, seu conceito de formações imaginárias (1988). Sob uma abordagem transdisciplinar e de perspectiva discursivo-desconstrutivista, para tratar de formação identitária, fundamentamos esta investigação em Coracini (2003, 2007). Sobre as relações de poder, jogos de verdade, subjetividade e escrita de si, partimos de Foucault (1979, 2006a, 2006b, 2006c). Em relação aos resultados, a análise mostrou que na/pela escrita de si desses sujeitos emergem discursos da resistência e/ou da estratégia em confronto com a situação de exclusão na qual se veem, caracterizando, assim, seu modo de constituição de si. Ainda, apontamos as relações de poder por meio desses discursos que, por sua vez, são interpelados pelos dispositivos de controle, que buscam silenciar esses sujeitos em privação de liberdade. Esta pesquisa está dividida em três capítulos: o primeiro contém os fundamentos teóricos da Análise do Discurso; no segundo, apresentamos as condições de produção que constituem o discurso das mulheres internas por meio de aspectos históricos que retratam a prisão em diferentes períodos, bem como descrevemos a constituição do corpus apontando, sobretudo, o Regimento Interno da Instituição Penal de que provém. Por fim, o terceiro capítulo traz os gestos de interpretação mobilizados nas/sobre as cartas das mulheres internas pela escrita de si, que permitiram identificar os discursos que emergem nesse contexto de privação da liberdade, bem como, os efeitos de sentido que corroboram uma representação da prisão como lugar de exclusão. |
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Assuming that resistance is constitutive of writings by those prisoners by the power relations, we have the hypothesis that while they write their letters, they undergo a process of exposing their subjectivity, because they are read by the direction of the institution and challenged by silencing, they emerge discourses of strategy. The analysis mainly focused on understanding the ways of the internal constitution of subjectivity written by the women themselves, based on Foucault's methodology: the arqueogenealogy, and anchored on the following research questions: are the " walls " the order of the institution subjects and discourses? How writing about themselves takes place in this context? What are the representations of themselves, the others and prison emerge in this context of deprivation of liberty? Thus, the methodological procedure consisted of collecting fifty-eight letters written by the female prisoners in their everyday internal and their correspondents: family, friends, or partner. As theoretical assumptions, we seek subsidies in the fundamentals of Analysis of French Discourse inaugurated by Pecheux (1997a, 1988, 1990), using, in particular, his concept of imaginary formations (1988). Under a transdisciplinary approach and perspective - deconstructive discourse, dealing with identity formation, we base this research on Coracini (2003, 2007). On the relations of power, games of truth, subjectivity and writing about themselves, we start from Foucault (1979, 2006a, 2006b, 2006c). Regarding the results, the analysis showed that written done by those prisoners emerge discourses of resistance and / or strategy in comparison with the situation of exclusion in which are seen, thus characterizing their mode of constitution. We still point out the relations of power through these discourses, which, in turn, are challenged by control devices which seek to silence these subjects in custody. This research is divided into three chapters: the first contains the theoretical foundations of discourse analysis, in the second, we present the conditions of production which constitute the internal discourse of women through historical aspects that depict different periods in prison, as well as describe the constitution of the corpus pointing, especially the prisoners’ regulations of the Penal Institution that are established. Finally, the third chapter brings the gestures of interpretation mobilized on the letters written by the prisoners themselves, which allowed to identify the discourses that emerge in this context of deprivation of liberty, as well as the effects of meaning that support for representation of the prison as a place of exclusion.porSubjetividadeExclusão SocialPrisãoSubjectivityMarginality, SocialImprisonmentEscrita de si: subjetividade em cartas de internas de Três Lagoas (MS) - Muros que silenciam?Writing about themselves: Subjectivity in Prisoners’ letters from Três Lagoas (MS) - Walls which cause their silence?info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisNascimento, Celina Aparecida Garcia de SouzaScaliante, Daniele Cristinainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMSinstname:Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)instacron:UFMSTHUMBNAILDaniele Cristina Scaliante.pdf.jpgDaniele Cristina Scaliante.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1410https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/2011/4/Daniele%20Cristina%20Scaliante.pdf.jpg45393d5bf9d73f49ef59afd75ebd0774MD54ORIGINALDaniele Cristina Scaliante.pdfDaniele Cristina Scaliante.pdfapplication/pdf2080493https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/2011/1/Daniele%20Cristina%20Scaliante.pdf7d561de87f89290af66996e4b4e8a601MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/2011/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTDaniele Cristina Scaliante.pdf.txtDaniele Cristina Scaliante.pdf.txtExtracted texttext/plain0https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/2011/3/Daniele%20Cristina%20Scaliante.pdf.txtd41d8cd98f00b204e9800998ecf8427eMD53123456789/20112021-09-30 15:56:22.516oai:repositorio.ufms.br:123456789/2011Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufms.br/oai/requestri.prograd@ufms.bropendoar:21242021-09-30T19:56:22Repositório Institucional da UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)false |
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