De sem-terra a assentado: exclusão e resistência em discursos de reassentados

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ribeiro, Juliana de Oliveira Mendonça
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMS
Texto Completo: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/2102
Resumo: O contexto rural da cidade de Castilho-SP caracteriza-se, atualmente, pela legalização de treze assentamentos, dos quais o Assentamento Celso Furtado, o segundo maior da região, lócus desta pesquisa, reúne cento e oitenta e sete famílias. Com a meta de contribuir para os estudos sobre identidade e sobre o sujeito-assentado, os objetivos específicos deste trabalho são: 1) problematizar as representações que o assentado faz de si atualmente e quando era designado como sem-terra, abordando a temporalidade: o antes (sem-terra) e o agora (assentado); 2) discutir a representação que o assentado faz da sociedade, por meio dos discursos, das formações discursivas e da heterogeneidade constitutiva; e 3) analisar relações de poder e resistência nos dizeres dos sujeitos. Enquanto perguntas de pesquisa, procuramos responder: como era a rotina/relações de trabalho no acampamento sem-terra? Houve mudanças depois que tornou-se assentado? Como era a convivência com os representantes do Incra? Como o assentado se vê socialmente? Partimos do pressuposto que social e economicamente a sociedade contemporânea exclui aqueles que pertencem a algum grupo e que resistem à hegemonia, lançando como hipótese que, no decorrer da luta pela posse de terra, as representações atribuídas aos assentados, na maioria das vezes, são negativas. Para trazer à baila as considerações sobre sujeito, discurso e formação discursiva, baseamo-nos pressupostos teóricos de Pêcheux (1990) e Foucault (2007a); a identidade, por seu turno, é vista pela esteira de Hall (2005) e Coracini (2007); as relações de poder e resistência são problematizadas à luz dos estudos de Foucault (2007b); para o conceito de exclusão, reportamo-nos às contribuições de Bauman (1998 e 1999) e Bhabha (1998). O trabalho é inscrito no viés discursivo, com base no método arqueo-genealógico foucaultiano, que tem o objetivo de discutir como surgem os saberes e como estes se transformam. Para a coleta dos dados, realizamos entrevistas, gravadas em áudio no próprio assentamento, a partir de um roteiro semiestruturado, com onze assentados, e selecionamos recortes das falas de sete entrevistados para compor o córpus a ser analisado. A dissertação divide-se em três capítulos. No primeiro, apresentamos os principais conceitos da Análise do Discurso numa interface com algumas contribuições dos Estudos Culturais, trazendo reflexões sobre discurso, sujeito, formação discursiva, representação e identidade e ainda sobre relações de poder, resistência e exclusão; no segundo, descrevemos as condições de produção, a contextualização da pesquisa, a constituição do MST e o percurso da Fazenda Três Barras, até a sua desapropriação para tornar-se o Assentamento Celso Furtado; no último, trazemos a análise da representação identitária do sujeito-assentado, por meio de dois eixos de análise. No primeiro, o assentado relata a representação que faz de si como assentado e sem-terra; no segundo, apresenta a imagem que a sociedade elabora dele. Observamos que as relações de trabalho, a convivência com os representantes do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e a busca da aceitação social consistem em relações de poder e de exclusão e, nesse contexto, os assentados apresentam resistência diante da sua ex-condição de sem-terra, das imposições do INCRA e do MST (Movimento do Sem-Terra), relatando que se sentem excluídos socialmente. A exclusão e a resistência manifestam-se por meio das representações que o assentado atribui à identidade atual, à ex-condição de sem-terra e às imagens que ele acredita que a sociedade realiza dele, afirmando que, mesmo mudando de posição social, a exclusão vivida no seu passado de sem-terra foi transferida para a sua identidade atual, sendo rotulados como invasores e oportunistas.
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Houve mudanças depois que tornou-se assentado? Como era a convivência com os representantes do Incra? Como o assentado se vê socialmente? Partimos do pressuposto que social e economicamente a sociedade contemporânea exclui aqueles que pertencem a algum grupo e que resistem à hegemonia, lançando como hipótese que, no decorrer da luta pela posse de terra, as representações atribuídas aos assentados, na maioria das vezes, são negativas. Para trazer à baila as considerações sobre sujeito, discurso e formação discursiva, baseamo-nos pressupostos teóricos de Pêcheux (1990) e Foucault (2007a); a identidade, por seu turno, é vista pela esteira de Hall (2005) e Coracini (2007); as relações de poder e resistência são problematizadas à luz dos estudos de Foucault (2007b); para o conceito de exclusão, reportamo-nos às contribuições de Bauman (1998 e 1999) e Bhabha (1998). O trabalho é inscrito no viés discursivo, com base no método arqueo-genealógico foucaultiano, que tem o objetivo de discutir como surgem os saberes e como estes se transformam. Para a coleta dos dados, realizamos entrevistas, gravadas em áudio no próprio assentamento, a partir de um roteiro semiestruturado, com onze assentados, e selecionamos recortes das falas de sete entrevistados para compor o córpus a ser analisado. A dissertação divide-se em três capítulos. No primeiro, apresentamos os principais conceitos da Análise do Discurso numa interface com algumas contribuições dos Estudos Culturais, trazendo reflexões sobre discurso, sujeito, formação discursiva, representação e identidade e ainda sobre relações de poder, resistência e exclusão; no segundo, descrevemos as condições de produção, a contextualização da pesquisa, a constituição do MST e o percurso da Fazenda Três Barras, até a sua desapropriação para tornar-se o Assentamento Celso Furtado; no último, trazemos a análise da representação identitária do sujeito-assentado, por meio de dois eixos de análise. No primeiro, o assentado relata a representação que faz de si como assentado e sem-terra; no segundo, apresenta a imagem que a sociedade elabora dele. Observamos que as relações de trabalho, a convivência com os representantes do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e a busca da aceitação social consistem em relações de poder e de exclusão e, nesse contexto, os assentados apresentam resistência diante da sua ex-condição de sem-terra, das imposições do INCRA e do MST (Movimento do Sem-Terra), relatando que se sentem excluídos socialmente. 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With the goal of contributing to studies on identity and on the settled subjects, the specific objectives are: 1 ) to problematize the representations that the settled subject makes of himself currently and when he/she was designated as landless , addressing temporality of the former landless who is now settled, 2) to discuss the representation that the settled subject makes of the society through discourses, discursive formations and their constituent heterogeneity and 3) analyze relations of power and resistance in the words of the subjects . Some of the research questions we sought to answer were: What were the routine / labor relations at the landless camp like? Were there changes after their settlement? How was the interaction with the representatives of INCRA like? How does the settled subject see himself socially? We assume that socially and economically contemporary society excludes those who belong to some group and resist hegemony, stating the hypothesis that during the fight for possession of land , the representations assigned to the settlers, most often, are negative. To bring up the consideration of the subject, discourse and discursive formation, we rely on Pecheux`s theoretical assumptions ( 1990) and Foucault`s ( 2007a ); identity, in turn , is seen by Mat Hall (2005) and Coracini (2007), relations of power and resistance are problematized based on Foucault's studies ( 2007b), to the exclusion concept, we refer to the contributions of Bauman (1998 and 1999) and Bhabha (1998 ). The work is inscribed in the discursive bias, based on Foulcault´s archaeo – genealogical method, which aims to discuss how knowledge arises and how it is transformed. For data collection,we conducted interviews, audio recorded on the settlement itself, from a semi-structured script , with eleven settlers and selected clippings from seven respondents to compose the corpus to be analyzed. The dissertation is divided into three chapters. At first, we present the main concepts of discourse analysis at an interface with some contributions of Cultural Studies, bringing reflections on the subject, discursive formation, representation and identity and also about power relations, resistance and exclusion .In the second chapter, we described the production conditions, the research contextualization, the establishment of the MST and the trajectory of Três Barras Farm until its expropriation to become the Settlement Celso Furtado; in the lastone, we bring the analysis of the identity representation of the settled subject, through two analysis axes .In the first one, the subjects report the representation that they make of themselves as settled and landless subjects; in the second one, they display the image that society makes of them. We observed that the working relationships, living together with representatives from INCRA ( National Institute of Colonization and Agrarian Reform ) and the search for social acceptance consist of relations of power and exclusion, and in this context, the settlers have resistance on their condition of former landless, the impositions of INCRA and the MST ( the Landless Movement ), reporting that they feel socially excluded . The exclusion and resistance are manifested through representations that the settled subjects assign to their current identity, to their condition of former landless and the images that they believe that society have on them, stating that even after changing their social status, the situation of exclusion that they lived in the past as landless subjects, was transferred to their current identity, in which they are labeled as invaders and opportunistic people.porAssentamentos HumanosAnálise do DiscursoIdentidade SocialExclusão SocialHuman SettlementsDiscourse AnalysisGroup IdentityMarginality, SocialDe sem-terra a assentado: exclusão e resistência em discursos de reassentadosFrom landless to settlers: exclusion and resistance in the settlers´ speechesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisNascimento, Celina Aparecida Garcia de SouzaRibeiro, Juliana de Oliveira Mendonçainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMSinstname:Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)instacron:UFMSTHUMBNAILJuliana de Oliveira Mendonça Ribeiro.pdf.jpgJuliana de Oliveira Mendonça Ribeiro.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1468https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/2102/4/Juliana%20de%20Oliveira%20Mendon%c3%a7a%20Ribeiro.pdf.jpgf7562a05cecb4bf69624aec88ea5c178MD54ORIGINALJuliana de Oliveira Mendonça Ribeiro.pdfJuliana de Oliveira Mendonça Ribeiro.pdfapplication/pdf462805https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/2102/1/Juliana%20de%20Oliveira%20Mendon%c3%a7a%20Ribeiro.pdff465042257353f1c6a2589fa79575dfeMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/2102/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTJuliana de Oliveira Mendonça Ribeiro.pdf.txtJuliana de Oliveira Mendonça Ribeiro.pdf.txtExtracted texttext/plain0https://repositorio.ufms.br/bitstream/123456789/2102/3/Juliana%20de%20Oliveira%20Mendon%c3%a7a%20Ribeiro.pdf.txtd41d8cd98f00b204e9800998ecf8427eMD53123456789/21022021-09-30 15:57:08.81oai:repositorio.ufms.br:123456789/2102Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufms.br/oai/requestri.prograd@ufms.bropendoar:21242021-09-30T19:57:08Repositório Institucional da UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)false
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