Violência contra a mulher : uma fórmula discursiva
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMT |
Texto Completo: | http://ri.ufmt.br/handle/1/4067 |
Resumo: | This reseach analyzes the occurrences of the syntagma “violência contra a mulher” (“violence against woman”) and its variations in the Brazilian discursive universe in the period from 2006 to 2021. The theoretical basis comes from Discourse Analysis (DA), specifically the notion of discursive formula proposed by Krieg-Planque (2010, 2018). Initially, the formulaic status of the syntagma “violência contra a mulher” is analyzed based on the four constitutive features of the formula described by Krieg-Planque (2010): i) to be a social referent, ii) to have a discursive dimension, iii) to have a crystallized character, iv) to be object of polemic. Assumed as a formula, “violência contra a mulher” shows itself as an expression that gathers in its surroundings a wide range of texts (the corpus is composed of different genres: news stories, cartoons, advertising campaigns, guidelines, videos, books, scientific articles etc.) that traverse the religious, academic/scientific, journalistic, judicial fields, among others, demonstrating its formulaic status. Then, a thorough investigation of the polemical aspect of the referred formula is conducted, underlining, particularly, the confrontation between public versus private and the image of the battered woman which emerges from the texts of the corpus. Thus, the analyses indicate that the formula is transitioning from a domestic matter that should be dealt with by the couple to a State issue. Furthermore, the corpus enabled us to analyze the different kinds of imagery of the battered woman that emerge from the texts. The analyses demonstrate that it is possible to make a connection between texts that organize data on violence against woman statistically (namely institutions such as the police, the criminal justice system, the NGOs...) and data released by the press: while in the former we find the profile of a victim as the woman generally depicted as poor, peripheral and black, in the latter we find cases of white, upper class and educated women. The main conclusion is that the public sphere considers violence perpetrated by man against woman as a crime that has to be reported; however, in the private sphere, violence against woman should be treated as a private matter. In addition to these, society holds the battered woman accountable for the violence she suffers, by claiming that she either deserved or chose violence. Thus, the perpetrator is pled “not guilty“. The imagery of the victim of violence is built based on “profiles“ spread by the police and the media, which, in turn, reinforces the stereotype of the poor and peripheral woman. However, domestic violence permeates all social classes. |
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Assumed as a formula, “violência contra a mulher” shows itself as an expression that gathers in its surroundings a wide range of texts (the corpus is composed of different genres: news stories, cartoons, advertising campaigns, guidelines, videos, books, scientific articles etc.) that traverse the religious, academic/scientific, journalistic, judicial fields, among others, demonstrating its formulaic status. Then, a thorough investigation of the polemical aspect of the referred formula is conducted, underlining, particularly, the confrontation between public versus private and the image of the battered woman which emerges from the texts of the corpus. Thus, the analyses indicate that the formula is transitioning from a domestic matter that should be dealt with by the couple to a State issue. Furthermore, the corpus enabled us to analyze the different kinds of imagery of the battered woman that emerge from the texts. The analyses demonstrate that it is possible to make a connection between texts that organize data on violence against woman statistically (namely institutions such as the police, the criminal justice system, the NGOs...) and data released by the press: while in the former we find the profile of a victim as the woman generally depicted as poor, peripheral and black, in the latter we find cases of white, upper class and educated women. The main conclusion is that the public sphere considers violence perpetrated by man against woman as a crime that has to be reported; however, in the private sphere, violence against woman should be treated as a private matter. In addition to these, society holds the battered woman accountable for the violence she suffers, by claiming that she either deserved or chose violence. Thus, the perpetrator is pled “not guilty“. The imagery of the victim of violence is built based on “profiles“ spread by the police and the media, which, in turn, reinforces the stereotype of the poor and peripheral woman. However, domestic violence permeates all social classes.Nesta dissertação, analisam-se as ocorrências do sintagma “violência contra a mulher” e suas variantes no universo discursivo brasileiro, com recorte temporal de 2006 a 2021. O embasamento teórico é a noção de fórmula discursiva proposta por Krieg-Planque (2010, 2018), cujas pesquisas se inserem na Análise de Discurso de orientação francesa. Primeiramente, analisou-se o estatuto formulaico do sintagma “violência contra a mulher”, tendo em vista as quatro propriedades da fórmula descritas por Krieg-Planque (2010): i) o caráter de referente social, ii) sua dimensão discursiva, iii) seu caráter cristalizado e iv) a dimensão polêmica. Assumida como uma fórmula, “violência contra a mulher” apresenta-se como uma expressão que reúne em seu entorno textos variados (o corpus é constituído por diferentes gêneros: reportagens, charges, campanhas, cartilhas, vídeos, livros, artigos científicos etc.) que atravessam campos como o religioso, acadêmico/científico, jornalístico, judicial, policial, midiático, entre outros, provando seu estatuto formulaico. Na sequência, esmiuça-se a dimensão polêmica da fórmula em questão, destacando-se, especialmente, o embate entre privado vs. público e a imagem da mulher violentada que emerge a partir dos textos do corpus. Nesse sentido, as análises apontam que a fórmula se situa em meio à transição entre assumir a violência contra a mulher como uma questão de Estado e não mais como um assunto doméstico, a ser resolvido entre o casal. Além disso, o corpus tornou possível analisar os diferentes imaginários sobre a mulher violentada que emergem dos textos. As análises mostram que é possível estabelecer uma relação entre os textos que organizam estatisticamente os dados em torno da violência contra a mulher (produzidos por instituições como as polícias, a justiça, ONGs…) e os dados da imprensa: enquanto naqueles se encontra um perfil da mulher vítima como, em geral, pobre, periférica e negra, a imprensa costuma apresentar os casos de mulheres brancas, de classes mais altas, com alta escolaridade. A principal conclusão é que a esfera pública vê a violência do homem contra a mulher como um crime e que, portanto, precisa ser denunciada; já a esfera privada retoma o dizer popular “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, ou seja, deve ser resolvida entre o casal. Além disso, a mulher violentada é culpabilizada pela sociedade por passar por talsituação: ela fez algo para isso ou foisua escolha. Assim, o agressor é “inocentado”. O imaginário da vítima de violência é construído por meio de “perfis” divulgados pela polícia e pela mídia, afirmando o estereótipo da mulher como pertencente à classe pobre e periférica. No entanto, a violência doméstica está presente em todas as classes sociais.Universidade Federal de Mato GrossoBrasilInstituto de Linguagens (IL)UFMT CUC - CuiabáPrograma de Pós-Graduação em Estudos de LinguagemVilela-Ardengh, Ana Carolina Nunes da Cunhahttp://lattes.cnpq.br/3216528662192395Vilela-Ardengh, Ana Carolina Nunes da Cunha939.070.521-53http://lattes.cnpq.br/3216528662192395Barros, Solange Maria de161.777.111-20http://lattes.cnpq.br/5747668885058135939.070.521-53Souza, Marilena Inácio de711.067.151-87http://lattes.cnpq.br/1289693953261899Panhan, Aline Salles2023-05-02T15:16:19Z2021-10-102023-05-02T15:16:19Z2021-08-26info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisPANHAN, Aline Salles. Violência contra a mulher: uma fórmula discursiva. 2021. 119 f. Dissertação (Mestrado em Estudos de Linguagem) - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Linguagens, Cuiabá, 2021.http://ri.ufmt.br/handle/1/4067porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMTinstname:Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)instacron:UFMT2023-05-04T07:01:41Zoai:localhost:1/4067Repositório InstitucionalPUBhttp://ri.ufmt.br/oai/requestjordanbiblio@gmail.comopendoar:2023-05-04T07:01:41Repositório Institucional da UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)false |
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