Imagens e cosmovisões ameríndias : as espirais do tempo.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bortolini, Neide das Graças de Souza
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Capítulo de livro
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFOP
dARK ID: ark:/61566/0013000008f7c
Texto Completo: https://www.repositorio.ufop.br/handle/123456789/19130
Resumo: Neste artigo busco aproximar imagens do tempo circular e/ou espiralar concebidas em diversas cosmovisões: a do calendário indígena dos Pataxós de Minas Gerais (2001), a literatura fantástica de Italo Calvino em seu conto “As conchas e o tempo” (2007), a afro-brasileira, como aponta Leda Martins em “Performance do tempo espiralar” (1997), dentre outras. Em muitas etnias indígenas, o tempo é organizado a partir da concepção solar, e o calendário é marcado pelo trabalho das plantações e das estações. É o caso do povo Pataxó, que associa o seu calendário ao período dos plantios e colheitas – inclusive para a organização da escola indígena –, representando-o em um calendário circular. É um tempo marcado por semeaduras, cultivos, colheitas e celebrações em um ciclo solar. Assim, povos indígenas produzem o suficiente para a manutenção da vida comunitária. Isso se diferencia enormemente da produção agrícola que se dá na lógica de uma economia capitalista ou consumista, baseada na produção em larga escala, no acúmulo e na comercialização de produtos agropecuários com a finalidade de lucro e sem consciência socioambiental, o que decorre dos sucessivos processos avassaladores de colonização. A imagem do tempo espiralar, em distintos povos, aparece junto da necessidade de ritualizar, cantar e dançar, pelo prisma de culturas ancestrais, enquanto gestos de resistência. Estão imbricadas concepções religiosas, filosóficas e científicas que resultam em uma concepção de tempo espiralar e cíclico, que se contrapõe ao linear e progressivo, em significativas transmutações, com base em percepções ancestrais de vida e morte inerentes aos ciclos vitais e à existência.
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