Sindicato e democracia: uma proposta para um modelo sindical livre

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Antonio Alfeu da
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR
Texto Completo: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/108594
Resumo: O desenvolvimento socioeconômico de um país depende, dentre outros fatores, do equilíbrio da relação capital-trabalho. Para se viabilizar esse equilíbrio, é essencial a efetividade dos valores da democracia e da liberdade sindical. Diante disso, nesta dissertação, analisou-se criticamente o modelo sindical brasileiro, instituído, principalmente, durante os governos autoritários de Getúlio Vargas (de 1930 a 1945). Nesse período foi implantado um sistema sindical corporativista, conforme o qual o sindicato funcionava como se fosse parte do Estado. O referido sistema, não só por meio das normas mas também por intermédio das instituições estatais, atuava no sentido de afastar o conflito de classes e outorgar ao Estado o poder diretivo sobre as relações trabalhistas, negando as partes, empregador e trabalhador, a necessária autonomia. Com essa finalidade, entre outras providências, o Estado estabeleceu a unicidade sindical, a contribuição sindical compulsória, a organização sindical por categoria e a estrutura hierárquica de organização sindical. Esses institutos ainda estruturam o sistema sindical, no que pese serem antidemocráticos e contrários à liberdade sindical e à nova ordem constitucional. A dissertação analisou o binômio sindicato e democracia, perpassando pelos precedentes históricos do sindicalismo e a sua evolução no Brasil; discorrendo acerca da crise na democracia, sobretudo internamente no sindicato, criticando-se, mormente, a falta de alternância no poder e a baixa representatividade dos dirigentes sindicais. A seguir, o trabalho examina a garantia da liberdade sindical na Constituição de 1988 e nos tratados internacionais de direitos humanos, ressaltando-se seu reconhecimento como direito fundamental. O estudo destaca o sistema de relações trabalhistas brasileiro, que apesar de reconhecer a liberdade sindical, nega-lhe efetividade. Em face desse cenário desafiador, o estudo propôs um modelo sindical baseado na liberdade sindical e na democracia, tendo como mecanismo viabilizador a negociação coletiva. Todavia, para que essa última possa cumprir o seu papel, o trabalho propõe a alteração das normas reguladoras da matéria - constitucionais e infraconstitucionais -, a adaptação e a orientação da estrutura estatal com vistas a essa finalidade, o emprego de meios alternativos de solução de conflitos e a criação de um sistema de prevenção e combate aos atos e práticas antissindicais. A reforma deve substituir os institutos corporativistas por mecanismos democráticos e livres, que respeitem a autonomia das partes. Por exemplo: a base territorial, o sistema de financiamento e a organização vertical e horizontal do sindicato laboral devem ser decididos pelos trabalhadores. Entretanto, como forma de evitar a fragmentação e o enfraquecimento do sindicato, bem como os atos e práticas antissindicais ¿ propôs-se mudar o sistema eleitoral, passando a haver eleição para escolha do sindicato. A eleição da diretoria permanece, mas será secundária. A filiação ao sindicato e a contribuição sindical serão compulsórias, mas os trabalhadores escolherão a entidade beneficiária, sobre a qual exercerão o poder fiscalizador, preservando o caráter democrático e a compatibilidade com os princípios da OIT. A pesquisa revelou que as alterações propostas poderão contribuir decisivamente para o fortalecimento da autonomia das partes e da democracia, para a diminuição da despesa pública, para a pacificação social, para o aperfeiçoamento da qualificação dos trabalhadores e da produção, para o desenvolvimento socioeconômico, bem como para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar social. PALAVRAS-CHAVE: Sindicato. Democracia. Liberdade sindical. Autonomia. Desenvolvimento socioeconômico.
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Com essa finalidade, entre outras providências, o Estado estabeleceu a unicidade sindical, a contribuição sindical compulsória, a organização sindical por categoria e a estrutura hierárquica de organização sindical. Esses institutos ainda estruturam o sistema sindical, no que pese serem antidemocráticos e contrários à liberdade sindical e à nova ordem constitucional. A dissertação analisou o binômio sindicato e democracia, perpassando pelos precedentes históricos do sindicalismo e a sua evolução no Brasil; discorrendo acerca da crise na democracia, sobretudo internamente no sindicato, criticando-se, mormente, a falta de alternância no poder e a baixa representatividade dos dirigentes sindicais. A seguir, o trabalho examina a garantia da liberdade sindical na Constituição de 1988 e nos tratados internacionais de direitos humanos, ressaltando-se seu reconhecimento como direito fundamental. O estudo destaca o sistema de relações trabalhistas brasileiro, que apesar de reconhecer a liberdade sindical, nega-lhe efetividade. Em face desse cenário desafiador, o estudo propôs um modelo sindical baseado na liberdade sindical e na democracia, tendo como mecanismo viabilizador a negociação coletiva. Todavia, para que essa última possa cumprir o seu papel, o trabalho propõe a alteração das normas reguladoras da matéria - constitucionais e infraconstitucionais -, a adaptação e a orientação da estrutura estatal com vistas a essa finalidade, o emprego de meios alternativos de solução de conflitos e a criação de um sistema de prevenção e combate aos atos e práticas antissindicais. A reforma deve substituir os institutos corporativistas por mecanismos democráticos e livres, que respeitem a autonomia das partes. Por exemplo: a base territorial, o sistema de financiamento e a organização vertical e horizontal do sindicato laboral devem ser decididos pelos trabalhadores. Entretanto, como forma de evitar a fragmentação e o enfraquecimento do sindicato, bem como os atos e práticas antissindicais ¿ propôs-se mudar o sistema eleitoral, passando a haver eleição para escolha do sindicato. A eleição da diretoria permanece, mas será secundária. A filiação ao sindicato e a contribuição sindical serão compulsórias, mas os trabalhadores escolherão a entidade beneficiária, sobre a qual exercerão o poder fiscalizador, preservando o caráter democrático e a compatibilidade com os princípios da OIT. A pesquisa revelou que as alterações propostas poderão contribuir decisivamente para o fortalecimento da autonomia das partes e da democracia, para a diminuição da despesa pública, para a pacificação social, para o aperfeiçoamento da qualificação dos trabalhadores e da produção, para o desenvolvimento socioeconômico, bem como para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar social. PALAVRAS-CHAVE: Sindicato. Democracia. Liberdade sindical. Autonomia. Desenvolvimento socioeconômico.A country¿s socio-economic development depends, among other factors, on the balance of the capital-labor relation. To enable this balance, it is essential the effectiveness of democracy and freedom of association values. Therefore, this dissertation critically analyzes the Brazilian trade union model, set up mainly during the authoritarian governments of Getúlio Vargas (1930-1945). During this period, a corporatist trade union system was established, according to which the union functioned as if it were part of the State. Not only by the rules but also through State institutions, this system acted in order to ward off the class conflict and grant to the State the governing power over labor relations, denying for the parties, employer and employee, the necessary autonomy. To reach this goal, among other measures, the State established a single union rule, compulsory union dues, the union organization by category and the hierarchical structure of trade union organization. These institutes still structure the trade union system, in spite of being undemocratic, contrary to freedom of association and the new democratic constitutional order. The dissertation analyzed the union and democracy binomial, passing by historical precedents of trade unionism and its evolution in Brazil; the crisis in democracy, mainly internally in trade unions, criticizing, in particular, the lack of alternation in power and the low representativeness of trade union leaders. Next, the dissertation examines the guarantee of freedom of association by the 1988 Constitution and international human rights treaties, emphasizing its recognition as a fundamental right. The study highlights the Brazilian labor relations system, that recognizes freedom of association, but denies its effectiveness. Given this challenging scenario, the study proposes a trade union model based on freedom of association and democracy, and collective bargaining as a mechanism enable to do make these values effective. However, to ensure it to fulfill its role, the paper proposes to amend the rules on the matter ¿ constitutional and infra constitutional ¿ the adaptation and guidance of State¿s structure, the use of alternative forms of conflict resolution and the creation of a system to prevent and combat anti-union practices. The reform should replace the corporatist institutions for democratic and freedom mechanisms, respecting the autonomy of the parties. For example: a territorial basis rule, the financing system and the vertical and horizontal organization of the labor trade union should be decided by workers. However, in order to avoid fragmentation and weakening of trade unions and anti-union practices ¿ the dissertation proposes to change the trade unions electoral system, emphasizing the need of elections by workers of a trade union to represent them. The election of directors remains, but it would be secondary. The union membership and union dues would be compulsory, but the workers choose the beneficiary union, on which shall exercise supervisory power, preserving the democratic character and compatibility with the principles of the ILO. The survey revealed that the proposed changes may contribute decisively to strengthen the parties¿ autonomy and the democracy, to reduce public spending, to social pacification, to improve the workers¿ and economic qualification, to socio-economic development, as well as to improve the quality of life and social wellbeing. KEYWORDS: Union. Democracy. Freedom of association. Autonomy. Socio-economic development.Mendonça, Maria Lírida Calou de Araújo eMendonça, Maria Lírida Calou de Araújo eGomes, Ana Virginia MoreiraDias, Eduardo RochaVerma, AnilUniversidade de Fortaleza. Programa de Pós-Graduação em Direito ConstitucionalSilva, Antonio Alfeu da2016info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/108594https://uol.unifor.br/auth-sophia/exibicao/16029Disponibilidade forma física: Existe obra impressa de código : 99412porreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFORinstname:Universidade de Fortaleza (UNIFOR)instacron:UNIFORinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-01-25T21:58:51Zoai::108594Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://www.unifor.br/bdtdONGhttp://dspace.unifor.br/oai/requestbib@unifor.br||bib@unifor.bropendoar:2024-01-25T21:58:51Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR - Universidade de Fortaleza (UNIFOR)false
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