Atuação profissional na atenção primária à saúde das mulheres em situação de violência sexual

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Costa, Monalisa Abrante Mariano
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR
Texto Completo: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/103684
Resumo: Os agravos à saúde causados pela violência contra a mulher são queixas frequentes nos serviços de saúde e, raramente, são reconhecidas e abordadas como tais, em razão de diversos fatores. Entre eles salientam-se à dificuldade das mulheres em falar do ocorrido, a não percepção do profissional em identificar e decodificar as idas e vindas ao serviço de saúde por aquelas mulheres, além da incipiente estrutura que possa favorecer um atendimento de qualidade à mulher em situação de violência sexual. Nesse âmbito, a Estratégia Saúde da Família se mostra como um local privilegiado para o exercício de práticas voltadas ao enfrentamento da violência sexual contra a mulher, por favorecer a detecção, o acolhimento e a escuta desta. Objetivou-se analisar a atuação profissional na Atenção Primária em Saúde às mulheres em situação de violência sexual em seis Unidades de Atenção Primária à Saúde da Secretaria Executiva Regional VI, no Município de Fortaleza ? CE. Trata-se de uma pesquisa avaliativa com uma abordagem qualitativa realizada no período de agosto a outubro de 2014, por meio de uma entrevista semiestruturada. Participaram do estudo 23 profissionais da saúde de nível superior que atuassem há, pelo menos, um ano na unidade. Foram incluídos profissionais da equipe da Estratégia Saúde da Família, do Núcleo de Apoio à Saúde da Família e especialistas em Ginecologia/Obstetrícia. As entrevistas foram transcritas na íntegra e em seguida analisadas, utilizando-se a técnica de Análise de Conteúdo, na modalidade temática. Os preceitos éticos de pesquisa foram respeitados, conforme a Resolução nº466/12. De forma geral, os entrevistados não tiveram preparo suficiente durante a graduação nem no curso da atuação profissional, portanto, encontram-se sem qualificação para atender as mulheres em situação de violência sexual. Percebem esse tipo de violência como agressões na esfera sexual ou qualquer investida relacionada ao gênero, e, por outro lado, exibem um conceito amplo de violência em razão de sua magnitude e problema social e de saúde, apresentando-se como um fenômeno difícil e penoso não somente para a usuária do serviço, mas também aos profissionais que a assistem. Apresentam como principal causa a cultura machista e de dominação masculina, além das baixas condições socioeconômicas. Problemas psicológicos, de saúde física e problemas sociais são expressos como as repercussões da violência. Apesar de uma gama diversificada de possibilidades de intervenções profissionais, percebe-se que a atuação profissional, o manejo e seguimento diante de casos de violência sexual ainda são restritos aos saberes biologicistas e à interferência dos valores históricos e culturais de formação profissional. Os fatores que facilitam o atendimento à mulher em situação de violência sexual são: a verbalização das queixas pelas mulheres; uma equipe integrada e capacitada, um acolhimento humanizado facilitado pelo vínculo entre profissional e usuário; e a existência de um serviço com bom funcionamento da rede de atenção à mulher. As dificuldades relatadas foram: o despreparo profissional para identificar e manejar os casos de violência; o medo da mulher em relatar a violência em virtude da insegurança e da vulnerabilidade desta; a grande demanda de atendimento; a falta de programa específico; a inexistência de uma rede de proteção à mulher e de estrutura física da unidade. É urgente a necessidade em investir na qualificação dos profissionais da Atenção Primária em Saúde, em abordar o problema da violência dentro das instituições e órgãos formadores de profissionais em saúde, além de processos de educação permanente no plano institucional em que o profissional está atuando, como forma de ir ao encontro da atual Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher viabilizando um atendimento integral e interdisciplinar.
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Objetivou-se analisar a atuação profissional na Atenção Primária em Saúde às mulheres em situação de violência sexual em seis Unidades de Atenção Primária à Saúde da Secretaria Executiva Regional VI, no Município de Fortaleza ? CE. Trata-se de uma pesquisa avaliativa com uma abordagem qualitativa realizada no período de agosto a outubro de 2014, por meio de uma entrevista semiestruturada. Participaram do estudo 23 profissionais da saúde de nível superior que atuassem há, pelo menos, um ano na unidade. Foram incluídos profissionais da equipe da Estratégia Saúde da Família, do Núcleo de Apoio à Saúde da Família e especialistas em Ginecologia/Obstetrícia. As entrevistas foram transcritas na íntegra e em seguida analisadas, utilizando-se a técnica de Análise de Conteúdo, na modalidade temática. Os preceitos éticos de pesquisa foram respeitados, conforme a Resolução nº466/12. De forma geral, os entrevistados não tiveram preparo suficiente durante a graduação nem no curso da atuação profissional, portanto, encontram-se sem qualificação para atender as mulheres em situação de violência sexual. Percebem esse tipo de violência como agressões na esfera sexual ou qualquer investida relacionada ao gênero, e, por outro lado, exibem um conceito amplo de violência em razão de sua magnitude e problema social e de saúde, apresentando-se como um fenômeno difícil e penoso não somente para a usuária do serviço, mas também aos profissionais que a assistem. Apresentam como principal causa a cultura machista e de dominação masculina, além das baixas condições socioeconômicas. Problemas psicológicos, de saúde física e problemas sociais são expressos como as repercussões da violência. Apesar de uma gama diversificada de possibilidades de intervenções profissionais, percebe-se que a atuação profissional, o manejo e seguimento diante de casos de violência sexual ainda são restritos aos saberes biologicistas e à interferência dos valores históricos e culturais de formação profissional. Os fatores que facilitam o atendimento à mulher em situação de violência sexual são: a verbalização das queixas pelas mulheres; uma equipe integrada e capacitada, um acolhimento humanizado facilitado pelo vínculo entre profissional e usuário; e a existência de um serviço com bom funcionamento da rede de atenção à mulher. As dificuldades relatadas foram: o despreparo profissional para identificar e manejar os casos de violência; o medo da mulher em relatar a violência em virtude da insegurança e da vulnerabilidade desta; a grande demanda de atendimento; a falta de programa específico; a inexistência de uma rede de proteção à mulher e de estrutura física da unidade. É urgente a necessidade em investir na qualificação dos profissionais da Atenção Primária em Saúde, em abordar o problema da violência dentro das instituições e órgãos formadores de profissionais em saúde, além de processos de educação permanente no plano institucional em que o profissional está atuando, como forma de ir ao encontro da atual Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher viabilizando um atendimento integral e interdisciplinar.The health problems caused by violence against women are frequent complaints in the health services and are rarely recognized and addressed as such, due to several factors. Among them we point out the difficulty of women to speak of what happened, not perception of professionals to identify and decode the comings and goings to the health service for those women, beyond the inadequate structure that can promote quality care to women in situation of sexual violence. In this context, the Family Health Strategy is shown as a place for the exercise of practices to combat sexual violence against women, to favor the detection, reception and listening to this. This study aimed to analyze the professional practice in primary health care to women in situations of sexual violence in six Primary Health Care Units of the Regional Executive Secretary VI, in Fortaleza - CE. It is an evaluation research with a qualitative approach carried out in between August to October 2014, through a semi-structured interview. The study involved 23 professionals from the top level of health that acted for at least one year in the unit. Were included Profissionals of Health Strategy team of Family, Health Support Unit Family and specialists in Gynecology / Obstetrics. The interviews were transcribed and then analyzed using the content analysis technique, thematic modality. All ethics research were respected, according to Resolution 466/12. In general, respondents did not have enough preparation in the graduation or in the course of professional practice, therefore, are unqualified to meet women in situations of sexual violence. These professionals saw this kind of violence as aggression in the sexual sphere or any invested related to gender, and, on the other hand, exhibit a broad concept of violence because of its magnitude and social and health problem, presenting itself as a difficult and painful phenomenon not only for the user of the service, but also to professionals to attend. Have been caused mainly by sexist and male-dominated culture, in addition to low economic status. Psychological problems, physical health and social problems are expressed as the repercussions of violence. Despite a diverse range of professional interventions possibilities, one realizes that the professional services, management and follow-up on cases of sexual violence are still restricted to biologicist knowledge and interference of historical and cultural values of vocational training. Factors that facilitate the treatment of women in sexual violence situations are: verbalization of complaints by women; an integrated and capable team, a humanized host facilitated by the link between professionals and users; and the existence of a service with proper functioning of the network of care for women. The difficulties reported were: professional unpreparedness for identifying and managing cases of violence; fear of women to report violence because of the insecurity and vulnerability of this; the great demand for service; the lack of specific program; the lack of a women's rights network and physical structure of the unit. There is an urgent need to invest in the training of professionals in the primary health care in addressing the problem of violence within institutions and trainers of health professional bodies, as well as continuing education processes at the institutional level where the trader is acting as way to meet the current National Policy for Integral Attention to Women's Health enabling a comprehensive and interdisciplinary care.Silva, Raimunda Magalhães daSilva, Raimunda Magalhães daCavalcanti, Ludmila FonteneleVieira, Luiza Jane Eyre de SouzaAraújo, Maria Alix LeiteUniversidade de Fortaleza. Programa de Pós-Graduação em Saúde ColetivaCosta, Monalisa Abrante Mariano2015info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/103684https://uol.unifor.br/auth-sophia/exibicao/12344Disponibilidade forma física: Existe obra impressa de código : 94989porreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFORinstname:Universidade de Fortaleza (UNIFOR)instacron:UNIFORinfo:eu-repo/semantics/openAccess1899-12-30T00:00:00Zoai::103684Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://www.unifor.br/bdtdONGhttp://dspace.unifor.br/oai/requestbib@unifor.br||bib@unifor.bropendoar:1899-12-30T00:00Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR - Universidade de Fortaleza (UNIFOR)false
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