Exposição à violência delinquencial e fatores associados entre adolescentes de uma comunidade de baixa renda

• Autor(a) principal: Moreira, Deborah Pedrosa
• Data de Publicação: 2009
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR
• Texto Completo: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/88103
• topic: Adolescente - Violência; Delinquência juvenil - Brasil; Promoção da saúde

A violência delinquencial resulta da interação entre o desenvolvimento individual e os contextos sociais, e este agravo à saúde vem crescendo exponencialmente, atingindo todas as faixas etárias, em especial, a população jovem. Nesse sentido, o estudo analisou a exposição dos adolescentes à violência delinquencial, bem como: (i) descreveu o acesso à arma, uso abusivo de álcool e/ou uso de drogas ilícitas e autoestima dos adolescentes e (ii) analisou a associação de fatores socioeconômicos, escolares e familiares com a exposição à violência delinquencial. Trata-se de um estudo de corte transversal, realizado em Fortaleza, com 458 adolescentes residentes na comunidade do Dendê, entre julho e outubro de 2009. Um questionário autoaplicável e/ou entrevistas foram usadas para coleta, utilizando escala de Autoestima de Rosenberg, questionário CAGE e variáveis referentes ao uso de drogas ilícitas, acesso à arma, características socioeconômicas, escolares e familiares. Os dados foram organizados, tabulados e submetidos à apreciação estatística descritiva, utilizando o teste do quiquadrado de Pearson (x2), com a confiabilidade de 95%, no programa Statistical Package Social Science. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza, sobre o Parecer nº 150/2008. Como resultados prevaleceram o sexo masculino (52,8%), a fase da primeira adolescência (55,2%), a religião católica (62,4%), ser natural de Fortaleza e região Metropolitana (76,4%), está inserido em famílias com renda menor que dois salários mínimos (77,8%) e possuir o ensino fundamental incompleto (52,2%). Em relação às características escolares, 69,3% referiram gostar de ir à escola e 58,3% relataram absenteísmo escolar nos últimos seis meses. Quanto aos familiares, 40,2% mencionaram pertencer à família do tipo nuclear, 53,3% alegaram que seus pais são separados, 42,8% afirmaram que o pai é o provedor da família, 67,0% confirmaram que o responsável pela provisão do lar trabalha, 32,3% asseveram que seus pais são etilistas, 55,7% que as relações familiares são boas ou muito boas, 69,7% responderam que os pais estão satisfeitos com o rendimento escolar e 52,4% satisfeitos com as amizades desses adolescentes. Do total dos participantes (458), 17,7% foram considerados expostos à violência delinquencial. As variáveis significativas para exposição a esta violência foram: naturalidade (p=0,020), absenteísmo escolar (p<0,001), o pai ser responsável pela família (p=0,026), ter pais etilistas (p<0,001), relações familiares boas/muito boas (p=0,009) e a não satisfação dos pais com amizades de seus filhos (p<0,001). Nesse sentido, o estudo corrobora a literatura sobre o tema ao demonstrar que a desorganização social dos grandes centros urbanos, o envolvimento com álcool, absenteísmo escolar e famílias em situação de vulnerabilidade favorecem o envolvimento do adolescente com a violência delinquencial.