A psicoterapia com crianças na clínica humanista-fenomenológica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR |
Texto Completo: | https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/126483 |
Resumo: | A psicoterapia com crianças constitui-se como uma estratégia de intervenção e cuidado da criança em sofrimento. Essa intervenção pode ser potencializada quando interligada a uma ideia de infância como singularidade, contextualizada historicamente. Há uma ênfase no treinamento do psicoterapeuta para lidar com os comportamentos infantis considerados desviantes, enquanto que os aspectos qualitativos e relacionais da psicoterapia têm menor destaque. Nas discussões sobre infância na fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty, o fenômeno infantil é singular e deve ser pensado como positivo, ao invés de uma visada atravessada pela inadequação e pela falta. A criança tem uma outra forma de ver e de se relacionar com o mundo, diferenciada da representação do adulto. A clínica humanista-fenomenológica, que pensa o indivíduo em sua dimensão de mundaneidade, privilegia o acesso à relação intersubjetiva como processo promotor de mudança do paciente. Compreendemos a lente teórico-filosófica do humanismofenomenológico como uma fecunda para o desenvolvimento de uma diferente intervenção na atenção e cuidado da criança. O objetivo desta tese foi compreender como se dá a psicoterapia com crianças na perspectiva humanista-fenomenológica. Como objetivos específicos, buscamos: identificar o panorama de desenvolvimento histórico da psicoterapia com crianças; discutir a noção de infância na fenomenologia de MerleauPonty como possível fundamento para a psicoterapia com crianças; realizar estudos de caso a partir da lente humanista-fenomenológica com crianças. O método desta tese foi o estudo de caso fenomenológico, uma estratégia qualitativa desenvolvida a partir do método fenomenológico crítico, que buscou alcançar a interseção das experiências de Lebenswelt dos participantes. A pesquisa de campo foi realizada em um serviço-escola de Psicologia do município de Fortaleza, Ceará. Dessa pesquisa foram construídos dois estudos de caso clínicos com as crianças Manoel e Emília. A psicoterapia de Manoel ¿ Uma relação para além da fala, aborda a psicoterapia humanista-fenomenológica com crianças a partir de um processo de vinculação como via comunicacional, base para a relação intersubjetiva; do desenvolvimento das atitudes humanistas e das intervenções fenomenológicas interligadas aos desenhos e às produções de Manoel; da discussão acerca do diagnóstico de Asperger pela lente da psicopatologia fenomenológica; da participação da família na psicoterapia; do processo de fechamento da psicoterapia de Manoel. A psicoterapia de Emília ¿ Lebenswelt e vulnerabilidade apresenta um processo psicoterapêutico humanista-fenomenológico com crianças no qual o vínculo se constitui como um processo gerador de segurança e cuidado; discutimos as queixas referidas pela mãe e as demandas da menina em seu processo; desenvolvemos as atitudes humanistas e as intervenções fenomenológicas a partir dos movimentos de Emília na psicoterapia e discutimos sobre a assertividade e o acolhimento no acompanhamento de seus pais. Os estudos de casos fenomenológicos das psicoterapias humanista-fenomenológicas de Manoel e Emília ressaltam a importância de olhar a infância a partir de um fenômeno positivo, polimórfico, no qual a criança é capaz de se dizer, via corpo e expressividade. A psicoterapia se apresenta como um processo, no qual a alteridade e a mundaneidade infantis podem se apresentar, como um chamado à psicoterapeuta, que deve ser responsabilidade ¿ habilidade de resposta ¿ via presença, qualidade de escuta e abertura ao imprevisível da relação. Priorizamos a relação intersubjetiva como fundamento desta psicoterapia, desenvolvida por um vínculo que possibilita a interseção dos Lebenswelten, pelas atitudes humanistas e pelas intervenções fenomenológicas, num olhar que se preocupa com o modo de ser infantil e possibilita um cuidado promotor de mudança, pela restituição das possibilidades de existir da criança. Palavras-chave: 1. Psicoterapia com crianças. 2. Humanismo-Fenomenológico. 3. Lebenswelt. |
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A psicoterapia com crianças na clínica humanista-fenomenológicaThe child psychotherapy at the humanist-henomenological clinicPsicoterapia da criançaFenomenologiaA psicoterapia com crianças constitui-se como uma estratégia de intervenção e cuidado da criança em sofrimento. Essa intervenção pode ser potencializada quando interligada a uma ideia de infância como singularidade, contextualizada historicamente. Há uma ênfase no treinamento do psicoterapeuta para lidar com os comportamentos infantis considerados desviantes, enquanto que os aspectos qualitativos e relacionais da psicoterapia têm menor destaque. Nas discussões sobre infância na fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty, o fenômeno infantil é singular e deve ser pensado como positivo, ao invés de uma visada atravessada pela inadequação e pela falta. A criança tem uma outra forma de ver e de se relacionar com o mundo, diferenciada da representação do adulto. A clínica humanista-fenomenológica, que pensa o indivíduo em sua dimensão de mundaneidade, privilegia o acesso à relação intersubjetiva como processo promotor de mudança do paciente. Compreendemos a lente teórico-filosófica do humanismofenomenológico como uma fecunda para o desenvolvimento de uma diferente intervenção na atenção e cuidado da criança. O objetivo desta tese foi compreender como se dá a psicoterapia com crianças na perspectiva humanista-fenomenológica. Como objetivos específicos, buscamos: identificar o panorama de desenvolvimento histórico da psicoterapia com crianças; discutir a noção de infância na fenomenologia de MerleauPonty como possível fundamento para a psicoterapia com crianças; realizar estudos de caso a partir da lente humanista-fenomenológica com crianças. O método desta tese foi o estudo de caso fenomenológico, uma estratégia qualitativa desenvolvida a partir do método fenomenológico crítico, que buscou alcançar a interseção das experiências de Lebenswelt dos participantes. A pesquisa de campo foi realizada em um serviço-escola de Psicologia do município de Fortaleza, Ceará. Dessa pesquisa foram construídos dois estudos de caso clínicos com as crianças Manoel e Emília. A psicoterapia de Manoel ¿ Uma relação para além da fala, aborda a psicoterapia humanista-fenomenológica com crianças a partir de um processo de vinculação como via comunicacional, base para a relação intersubjetiva; do desenvolvimento das atitudes humanistas e das intervenções fenomenológicas interligadas aos desenhos e às produções de Manoel; da discussão acerca do diagnóstico de Asperger pela lente da psicopatologia fenomenológica; da participação da família na psicoterapia; do processo de fechamento da psicoterapia de Manoel. A psicoterapia de Emília ¿ Lebenswelt e vulnerabilidade apresenta um processo psicoterapêutico humanista-fenomenológico com crianças no qual o vínculo se constitui como um processo gerador de segurança e cuidado; discutimos as queixas referidas pela mãe e as demandas da menina em seu processo; desenvolvemos as atitudes humanistas e as intervenções fenomenológicas a partir dos movimentos de Emília na psicoterapia e discutimos sobre a assertividade e o acolhimento no acompanhamento de seus pais. Os estudos de casos fenomenológicos das psicoterapias humanista-fenomenológicas de Manoel e Emília ressaltam a importância de olhar a infância a partir de um fenômeno positivo, polimórfico, no qual a criança é capaz de se dizer, via corpo e expressividade. A psicoterapia se apresenta como um processo, no qual a alteridade e a mundaneidade infantis podem se apresentar, como um chamado à psicoterapeuta, que deve ser responsabilidade ¿ habilidade de resposta ¿ via presença, qualidade de escuta e abertura ao imprevisível da relação. Priorizamos a relação intersubjetiva como fundamento desta psicoterapia, desenvolvida por um vínculo que possibilita a interseção dos Lebenswelten, pelas atitudes humanistas e pelas intervenções fenomenológicas, num olhar que se preocupa com o modo de ser infantil e possibilita um cuidado promotor de mudança, pela restituição das possibilidades de existir da criança. Palavras-chave: 1. Psicoterapia com crianças. 2. Humanismo-Fenomenológico. 3. Lebenswelt.Child psychotherapy is an intervention and care strategy for children in distress. This intervention can be enhanced when linked to an idea of childhood as a singularity, historically contextualized. There is an emphasis on psychotherapist training to deal with child behaviors considered deviant, while the qualitative and relational aspects of psychotherapy are less prominent. In discussions about childhood in the phenomenology of Maurice Merleau-Ponty, the child phenomenon is unique and should be thought as positive, rather than a view crossed by inadequacy and lack. The child has another way of seeing and relating to the world, different from the representation of the adult. The humanist-phenomenological clinic, which considers the individual in his dimension of worldliness, privileges access to the intersubjective relationship as a process that promotes patient change. We understand the theoretical-philosophical lens of humanistphenomenological as fruitful for the development of a different intervention in child care. The objective of this thesis was to understand how psychotherapy with children takes place in the humanist-phenomenological perspective. As specific objectives, we seek: to identify the child psychotherapy historical development panorama; discuss the notion of childhood in Merleau-Ponty's phenomenology as a possible basis for psychotherapy with children; carry out case studies from the humanist-phenomenological lens with children. The method of this thesis was the phenomenological case study, a qualitative strategy developed from the critical phenomenological method, which sought to reach the intersection of the participants Lebenswelt experiences. This thesis is divided into three theoretical chapters and two case studies. The field research was carried out in a psychology school service in the city of Fortaleza, Ceará. From this research, two clinical case studies were built with the children Manoel and Emília. Manoel's psychotherapy - A relationship beyond speech, addresses humanist-phenomenological psychotherapy with children from a linking process as a communicational path, the basis for the intersubjective relationship; the development of humanistic attitudes and phenomenological interventions linked to Manoel's drawings and productions; the discussion about Asperger's diagnosis through the lens of phenomenological psychopathology; family participation in psychotherapy; the closing process of Manoel's psychotherapy. Emilia¿s psychotherapy - Lebenswelt and vulnerability presents a child humanist-phenomenological psychotherapeutic process in which the bond is a process that generates safety and care; we discussed the complaints reported by the mother¿s complaint and the girl's demands in her process; we developed humanistic attitudes and phenomenological interventions based on Emilia's movements in psychotherapy and discussed assertiveness and acceptance by accompanying her parents. The phenomenological case studies of the Manoel and Emilia¿s humanist-phenomenological psychotherapies highlights the importance of looking at childhood from a positive, polymorphic phenomenon, in which the child is able to say himself, via body and expressiveness. Psychotherapy presents itself as a process, in which childhood alterity and mundanity can present itself, as a call to the psychotherapist, who must be responsible - ability to respond - via presence, quality of listening and openness to the unpredictable of the relationship. We prioritize the intersubjective relationship as the foundation of this psychotherapy, developed by a bond that enables the Lebenswelten intersect, by humanistic attitudes and by phenomenological interventions, in a view that is concerned with the way of being a child and enables care that promotes change, through restitution of the child's possibilities of existing. Keywords: 1. Child psychotherapy. 2. Humanist-phenomenology. 3. LebensweltTese enviada com autorização e ceretificação via C.I 55678/21 18/08/2021Cavalcanti, Virginia de Saboia MoreiraCavalcanti, Virginia de Saboia MoreiraMelo, Anna Karynne da SilvaViana, Luciana Maria MaiaCury, Vera EnglerUniversidade de Fortaleza. Programa de Pós-Graduação em PsicologiaBrito, Rosa Angela Cortez de2020info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/126483https://uol.unifor.br/auth-sophia/exibicao/26141porreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFORinstname:Universidade de Fortaleza (UNIFOR)instacron:UNIFORinfo:eu-repo/semantics/openAccess2023-08-29T09:15:35Zoai::126483Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://www.unifor.br/bdtdONGhttp://dspace.unifor.br/oai/requestbib@unifor.br||bib@unifor.bropendoar:2023-08-29T09:15:35Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR - Universidade de Fortaleza (UNIFOR)false |
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A psicoterapia com crianças constitui-se como uma estratégia de intervenção e cuidado da criança em sofrimento. Essa intervenção pode ser potencializada quando interligada a uma ideia de infância como singularidade, contextualizada historicamente. Há uma ênfase no treinamento do psicoterapeuta para lidar com os comportamentos infantis considerados desviantes, enquanto que os aspectos qualitativos e relacionais da psicoterapia têm menor destaque. Nas discussões sobre infância na fenomenologia de Maurice Merleau-Ponty, o fenômeno infantil é singular e deve ser pensado como positivo, ao invés de uma visada atravessada pela inadequação e pela falta. A criança tem uma outra forma de ver e de se relacionar com o mundo, diferenciada da representação do adulto. A clínica humanista-fenomenológica, que pensa o indivíduo em sua dimensão de mundaneidade, privilegia o acesso à relação intersubjetiva como processo promotor de mudança do paciente. Compreendemos a lente teórico-filosófica do humanismofenomenológico como uma fecunda para o desenvolvimento de uma diferente intervenção na atenção e cuidado da criança. O objetivo desta tese foi compreender como se dá a psicoterapia com crianças na perspectiva humanista-fenomenológica. Como objetivos específicos, buscamos: identificar o panorama de desenvolvimento histórico da psicoterapia com crianças; discutir a noção de infância na fenomenologia de MerleauPonty como possível fundamento para a psicoterapia com crianças; realizar estudos de caso a partir da lente humanista-fenomenológica com crianças. O método desta tese foi o estudo de caso fenomenológico, uma estratégia qualitativa desenvolvida a partir do método fenomenológico crítico, que buscou alcançar a interseção das experiências de Lebenswelt dos participantes. A pesquisa de campo foi realizada em um serviço-escola de Psicologia do município de Fortaleza, Ceará. Dessa pesquisa foram construídos dois estudos de caso clínicos com as crianças Manoel e Emília. A psicoterapia de Manoel ¿ Uma relação para além da fala, aborda a psicoterapia humanista-fenomenológica com crianças a partir de um processo de vinculação como via comunicacional, base para a relação intersubjetiva; do desenvolvimento das atitudes humanistas e das intervenções fenomenológicas interligadas aos desenhos e às produções de Manoel; da discussão acerca do diagnóstico de Asperger pela lente da psicopatologia fenomenológica; da participação da família na psicoterapia; do processo de fechamento da psicoterapia de Manoel. A psicoterapia de Emília ¿ Lebenswelt e vulnerabilidade apresenta um processo psicoterapêutico humanista-fenomenológico com crianças no qual o vínculo se constitui como um processo gerador de segurança e cuidado; discutimos as queixas referidas pela mãe e as demandas da menina em seu processo; desenvolvemos as atitudes humanistas e as intervenções fenomenológicas a partir dos movimentos de Emília na psicoterapia e discutimos sobre a assertividade e o acolhimento no acompanhamento de seus pais. Os estudos de casos fenomenológicos das psicoterapias humanista-fenomenológicas de Manoel e Emília ressaltam a importância de olhar a infância a partir de um fenômeno positivo, polimórfico, no qual a criança é capaz de se dizer, via corpo e expressividade. A psicoterapia se apresenta como um processo, no qual a alteridade e a mundaneidade infantis podem se apresentar, como um chamado à psicoterapeuta, que deve ser responsabilidade ¿ habilidade de resposta ¿ via presença, qualidade de escuta e abertura ao imprevisível da relação. Priorizamos a relação intersubjetiva como fundamento desta psicoterapia, desenvolvida por um vínculo que possibilita a interseção dos Lebenswelten, pelas atitudes humanistas e pelas intervenções fenomenológicas, num olhar que se preocupa com o modo de ser infantil e possibilita um cuidado promotor de mudança, pela restituição das possibilidades de existir da criança. Palavras-chave: 1. Psicoterapia com crianças. 2. Humanismo-Fenomenológico. 3. Lebenswelt. |
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