Exposição ocupacional a material biológico contaminado por HIV: abordagem fenomenológica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Goncalves, Rachel Monteiro Lopes
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR
Texto Completo: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/97311
Resumo: Os profissionais da área da saúde, especificamente os da equipe de enfermagem, estão eminentemente expostos em adquirir no ambiente de trabalho o vírus do HIV, da hepatite B e C. A relevância desse estudo se dá devido aos prejuízos que acarreta aos trabalhadores da saúde, às instituições empregadoras e governamentais após a exposição a material contaminado. Visto que o Centers for Disease Control (CDC) registrou 55 casos confirmados de infecção pelo HIV, entre 1985 e 1998 em decorrência de acidente com pérfuro-cortante que continha sangue contaminado. O objetivo dessa pesquisa é compreender a fenomenologia do acidente ocupacional sofrido pelo profissional de enfermagem exposto a material biológico contaminado por HIV e desvelar os múltiplos contornos que perpassaram essa vivência. Esse estudo foi desenvolvido em um hospital-escola no estado do Piauí, referência no tratamento de HIV/AIDS. No mês de maio/2012 foram entrevistadas doze profissionais da equipe de enfermagem, denominadas nesse estudo de informantes, que sofreram acidente ocupacional com material potencialmente contaminado por HIV no período compreendido entre 2009 a 2011. Nos achados das entrevistas emergiram-se quatro categorias denominadas essências, caracterizando-se a estrutura do fenômeno em si: foi o pior dia da minha vida; contar para eles foi a pior parte; ninguém ligou para perguntar como eu estava; e, não queria vê-lo mais. O estudo com abordagem qualitativa e compreensiva foi baseado na análise fenomenológica do arcabouço teórico-filosófico de Merleau-Ponty, que norteia essa compreensão na tentativa de uma descrição direta da experiência tal qual como ela é, situado nas experiências concretas de vida. Conclui-se através das falas das informantes, o risco iminente que a equipe de enfermagem enfrenta no dia-a-dia, pela exposição constante ao vírus do HIV, tanto por conta da clientela ali assistida e pela natureza do trabalho executado. Constatou-se o desenvolvimento de um trauma psicológico causado pela exposição a material biológico contaminado pelo acidente ocupacional. Pois, foi verificado que apesar de terem realizado todo o acompanhamento pós-acidente, as informantes mostraram-se insatisfeitas com o apoio fornecido pela Instituição. Por ter que ir trabalhar mesmo sentindo vários efeitos colaterais da quimioprofilaxia, onde dificultavam a realização das atividades laborais. Além de evidenciarem o medo e o estigma constante em adquirir a doença através do acidente: muitas entrevistadas omitiram o ocorrido aos entes queridos e em seu círculo social, com receio de serem discriminadas e percebidas como portadoras do vírus. E, medo também em contaminarem seus parceiros, aferido na mudança das práticas sexuais em ter que fazer uso de preservativo. Houve a recusa em continuar prestando assistência ao paciente-fonte, visto que ao revê-lo exacerba todo aquele sofrimento vivenciado relacionado ao acidente. Prejudicando o cuidado ao mesmo e a continuidade da assistência de enfermagem. Por fim, esse estudo pode contribuir para a compreensão da fenomenologia do acidente ocupacional a material contaminado por HIV, porém apenas se pode assumir a real intersubjetividade através da facticidade, segundo a concepção Merleau-Pontyana.
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Esse estudo foi desenvolvido em um hospital-escola no estado do Piauí, referência no tratamento de HIV/AIDS. No mês de maio/2012 foram entrevistadas doze profissionais da equipe de enfermagem, denominadas nesse estudo de informantes, que sofreram acidente ocupacional com material potencialmente contaminado por HIV no período compreendido entre 2009 a 2011. Nos achados das entrevistas emergiram-se quatro categorias denominadas essências, caracterizando-se a estrutura do fenômeno em si: foi o pior dia da minha vida; contar para eles foi a pior parte; ninguém ligou para perguntar como eu estava; e, não queria vê-lo mais. O estudo com abordagem qualitativa e compreensiva foi baseado na análise fenomenológica do arcabouço teórico-filosófico de Merleau-Ponty, que norteia essa compreensão na tentativa de uma descrição direta da experiência tal qual como ela é, situado nas experiências concretas de vida. Conclui-se através das falas das informantes, o risco iminente que a equipe de enfermagem enfrenta no dia-a-dia, pela exposição constante ao vírus do HIV, tanto por conta da clientela ali assistida e pela natureza do trabalho executado. Constatou-se o desenvolvimento de um trauma psicológico causado pela exposição a material biológico contaminado pelo acidente ocupacional. Pois, foi verificado que apesar de terem realizado todo o acompanhamento pós-acidente, as informantes mostraram-se insatisfeitas com o apoio fornecido pela Instituição. Por ter que ir trabalhar mesmo sentindo vários efeitos colaterais da quimioprofilaxia, onde dificultavam a realização das atividades laborais. Além de evidenciarem o medo e o estigma constante em adquirir a doença através do acidente: muitas entrevistadas omitiram o ocorrido aos entes queridos e em seu círculo social, com receio de serem discriminadas e percebidas como portadoras do vírus. E, medo também em contaminarem seus parceiros, aferido na mudança das práticas sexuais em ter que fazer uso de preservativo. Houve a recusa em continuar prestando assistência ao paciente-fonte, visto que ao revê-lo exacerba todo aquele sofrimento vivenciado relacionado ao acidente. Prejudicando o cuidado ao mesmo e a continuidade da assistência de enfermagem. Por fim, esse estudo pode contribuir para a compreensão da fenomenologia do acidente ocupacional a material contaminado por HIV, porém apenas se pode assumir a real intersubjetividade através da facticidade, segundo a concepção Merleau-Pontyana.The health care professionals, specifically nursing staff, are highly exposed in the workplace to acquire the HIV virus, hepatitis B and C. The relevance of this study is due to the damage that leads to health workers, employers and government institutions after exposure to contaminated material. Since the Centers for Disease Control (CDC) reported 55 confirmed cases of HIV infection between 1985 and 1998 as a result of accidents involving cutting and piercing instruments containing contaminated blood. The objective of this research is to understand the phenomenology of occupational accidents suffered by nursing staff exposed to biological material contaminated with HIV and reveal the multiple contours that have permeated this experience. This study was conducted in a teaching hospital in the state of Piauí, referral center in the treatment of HIV / AIDS. Along May 2012 were interviewed twelve nursing staff professionals, called informants in this study, who suffered occupational accidents with potentially HIV-contaminated material from 2009 to 2011. These interviews revealed four categories, called essences, which characterizes the structure of the phenomenon itself: it was the worst day of my life, tell them was the worst part, no one called to ask how I was, and I don?t want to see him anymore. The study has a qualitative and comprehensive approach and was based on phenomenological analysis of the philosopher Merleau-Ponty, who guides this understanding in an attempt to direct description of the experience exactly as it is situated in the concrete experiences of life. It follows from the words of informants the imminent risk that the nursing staff faces on their day-to-day activities, by constant exposure to HIV, both because of the clientele assisted and the nature of work performed. It was observed the development of psychological trauma caused by exposure to contaminated biological material in occupational accidents. Well, it was found that despite having done any follow-up after the accident, the informants were shown to be dissatisfied with the support provided by the institution. By having to go to work suffering the side effects of chemoprophylaxis, which hampered the performance of labor activities. Besides demonstrating the constant fear and stigma in acquiring the disease by accident: many interviewees omitted what happened to loved ones and your social circle for fear of being discriminated and perceived as carrying the virus. They also fear contaminating their partners, measured through the change in sexual practices like condom use. There was a refusal to continue assisting the source patient, since the review it exacerbates all that suffering experienced related to the accident. This undermines care work and continuity of nursing assistance. Finally, this study may contribute to the understanding of the phenomenology of occupational accidents involving material contaminated with HIV, but one only can take the real intersubjectivity by facticity, according to Merleau-Ponty teaching.Amorim, Rosendo Freitas deAraújo, Maria Alix LeiteAmorim, Rosendo Freitas deMorais, Preciliana Barreto deSilva, Carlos Antônio Bruno daCatrib, Ana Maria FontenelleUniversidade de Fortaleza. Programa de Pós-Graduação em Saúde ColetivaGoncalves, Rachel Monteiro Lopes2012info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/97311https://uol.unifor.br/auth-sophia/exibicao/9523Disponibilidade forma física: Existe obra impressa de código : 90040porreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFORinstname:Universidade de Fortaleza (UNIFOR)instacron:UNIFORinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-01-24T19:21:56Zoai::97311Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://www.unifor.br/bdtdONGhttp://dspace.unifor.br/oai/requestbib@unifor.br||bib@unifor.bropendoar:2024-01-24T19:21:56Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR - Universidade de Fortaleza (UNIFOR)false
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