Vida sufocada: sofrimentos de pessoas com pneumopatias crônicas e a promoção da saúde pelo autocuidado

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pinto, Juliana Maria de Sousa
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR
Texto Completo: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/69682
Resumo: Apesar do modelo biomédico focalizar a falta de ar e a cronicidade, é possível compreender a enfermidade defendida por Kleinman (1988) da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) de como o indivíduo percebe, convive e age com os sintomas. Os objetivos da pesquisa foram desvelar o modelo explicativo (ME) de pacientes, cuidadores e profissionais de saúde sobre a doença, confrontar estes modelos e criar uma intervenção educativa de autocuidado. Foi utilizada abordagem qualitativa e antropológica. Foram realizadas 19 entrevistas etnográficas/narrativas da enfermidade com 6 pacientes, sendo 2 récem-ingressados e 4 já participantes do Programa de Reabilitação Pulmonar (PRP) e seus 6 cuidadores e 7 profissionais do Programa nos meses de fevereiro a julho de 2005, na cidade de Fortaleza, Ceará, Brasil. Foi realizada a observação-participante nos domicílios e durante o tratamento no PRP, tendo-se também procedido 5 grupos focais para adaptação cultural da intervenção. O perfil e a narrativa dos pacientes retratam modos de vida e vulnerabilidades similares que configuram sofrimento. Apesar da unicidade de cada experiência, a cronicidade transcorre todas as narrativas, afetando diretamente o ambiente social e familiar dos indivíduos. O discurso dos informantes constata as reações psicológicas como o medo e a vergonha, registra as limitações físicas provocadas no dia-a-dia, aborda questões sobre a relação afetiva e sexual, fala da dependência obsessiva no oxigênio e a lamentável privação de prazeres na vida. Revela as criativas estratégias utilizadas, destacando a espiritualidade pela busca da proteção divina, oração do Terço da Libertação e entrega de suas vidas a Deus. O ME do Cuidador apresenta uma visão sobre a enfermidade como parte do eixo familiar, a experiência com o sofrimento do outro que passa também a ser seu sofrimento e a disponibilidade de ajudar na luta para o bem-viver com a DPOC. No tocante ao ME dos profissionais, foi surpreendente a revelação da ênfase a fatores de risco para as crises, aspectos emocionais que influenciam no tratamento e convivência com a doença, a orientação nutricional para uma vida mais saudável, orientações sobre o condicionamento físico e sua importância no alívio da falta de ar, bem como mensagens de otimismo e a presença da humanização no tratamento do doente crônico. A confrontação entre os MEs dos Pacientes e Cuidadores e dos Profissionais mostrou divergências e convergências em relação a alguns aspectos da doença e seu tratamento. A adaptação antropológica dos MEs foi o ponto de partida para o reajuste das versões da intervenção de auto-ajuda por intermédio do relacionamento da patologia à pessoa sofrida, da compreensão científica ao entendimento leigo, da terminologia técnica à linguagem popular, do corpo biológico ao corpo-mente-alma, do secular ao espiritual, da des-contextualização à realidade da pobreza, do paciente passivo ao ?expert? cultural e do tratar a doença ao promover o bem viver. O reajuste antropológico e o retorno de idéias e informações dos pacientes durante o grupo focal sugerem o aumento do nível de entendimento da Promoção da Saúde e o incremento da prática do autocuidado que poderão ser apresentadas em pesquisas futuras. Com isso, tornar-se-á mais simples a libertação do ?sufoco? causado pela doença.
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Foi realizada a observação-participante nos domicílios e durante o tratamento no PRP, tendo-se também procedido 5 grupos focais para adaptação cultural da intervenção. O perfil e a narrativa dos pacientes retratam modos de vida e vulnerabilidades similares que configuram sofrimento. Apesar da unicidade de cada experiência, a cronicidade transcorre todas as narrativas, afetando diretamente o ambiente social e familiar dos indivíduos. O discurso dos informantes constata as reações psicológicas como o medo e a vergonha, registra as limitações físicas provocadas no dia-a-dia, aborda questões sobre a relação afetiva e sexual, fala da dependência obsessiva no oxigênio e a lamentável privação de prazeres na vida. Revela as criativas estratégias utilizadas, destacando a espiritualidade pela busca da proteção divina, oração do Terço da Libertação e entrega de suas vidas a Deus. O ME do Cuidador apresenta uma visão sobre a enfermidade como parte do eixo familiar, a experiência com o sofrimento do outro que passa também a ser seu sofrimento e a disponibilidade de ajudar na luta para o bem-viver com a DPOC. No tocante ao ME dos profissionais, foi surpreendente a revelação da ênfase a fatores de risco para as crises, aspectos emocionais que influenciam no tratamento e convivência com a doença, a orientação nutricional para uma vida mais saudável, orientações sobre o condicionamento físico e sua importância no alívio da falta de ar, bem como mensagens de otimismo e a presença da humanização no tratamento do doente crônico. A confrontação entre os MEs dos Pacientes e Cuidadores e dos Profissionais mostrou divergências e convergências em relação a alguns aspectos da doença e seu tratamento. A adaptação antropológica dos MEs foi o ponto de partida para o reajuste das versões da intervenção de auto-ajuda por intermédio do relacionamento da patologia à pessoa sofrida, da compreensão científica ao entendimento leigo, da terminologia técnica à linguagem popular, do corpo biológico ao corpo-mente-alma, do secular ao espiritual, da des-contextualização à realidade da pobreza, do paciente passivo ao ?expert? cultural e do tratar a doença ao promover o bem viver. O reajuste antropológico e o retorno de idéias e informações dos pacientes durante o grupo focal sugerem o aumento do nível de entendimento da Promoção da Saúde e o incremento da prática do autocuidado que poderão ser apresentadas em pesquisas futuras. Com isso, tornar-se-á mais simples a libertação do ?sufoco? causado pela doença.Although the bimedical sample focus the lack of air and cronicity, it is possible to understand the illness defended by Kleinman (1988) of the Chronic Obstructive Lung Disease (COPD) in how the persons realizes, cohabits and proceeds with the symptons. The aims of this research were discover the Explanatory Model (EM) of patients, caretakers and health professionals about to face this EMs and create an educative intervention of selfcaring. It was used a qualitative and anthropologic approach. Nineteen ethnographic/narrative interviews of the disease with 6 patients were done; being 2 just integrated and 4 that early participated of the Pulmonary Rehabilitation Program (PRP), their 6 caretakers and 7 professionals of this program in the months of February to July of 2005 in Fortaleza, Ceará, Brasil. The observation-participating was realized in their houses and during the treatment in the PRP and it were also proceeded 5 focal groups for the cultural adaptation of the intervention. The profile and the narrative of patients show ways of life and similar vulnerable things that show suffering. Eventhough the unique of each experience, the cronicity goes by all the narratives, affecting the social and familiar environment of the people. The speech of the informers shows the psychological reactions as fear and shame, registers the psysical limitations provoked day by day, it approaches topics about the affective and sexual relation, talks about the obsessive dependence of oxygen and the lamentable privation of the pleasurable thigs of life. It reveals the creative strategies used, emphasizing the spirituality by the search of the divine protection, ?Terço da Libertação? Pray and giving their lives to God. The EM of the caretakers presents a view about the disease as part of the familiar axle, the experience with the other´s suffering that also becomes his suffering and the availability of helping to fight for the well-being with COPD. Related to the EM of the professionals it was surprising the revelation of emphasis to risk factors for the crises, emotional aspects that influenced in the treatment and acquaintance with the disease, the nutritional orientation for a healthier life, orientations about the psysical condition and its importance in the relief of lack of air, as well as optimism messages and presence of humanization in the treatment of the chronic patient. The facing between the EMs of patients and caretakers and professionals showed differences and similarities in relation to some aspects of the disease and its treatment. The anthropological adaptation of EMs was the initial point for the readjust of the versions of self-helping intervention by intermediation of the pathology relation to the suffered person, the scientific comprehension to the lay understanding, from the secular to spiritual, from the discontextualized to the poverty reality, from the passive patient to the cultural expert and form treating the disease to promote the well living. The anthropological readjust and the return of ideas and informations of patients during the focal groups suggest the increasing level of inderstanding of Health Promotion and the increment of the self-caring practice that can be presented in future researches. With this, it will be simpler to free the ?suffocating? caused by the disease.Nations, Marilyn KayNations, Marilyn KayUchoa, PenhaVieira, Luiza Jane Eyre de SouzaUniversidade de Fortaleza. 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