A práxis da abordagem sistêmica comunitária como estratégia de promoção da saúde mental de mulheres em Fortaleza-Ceará
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR |
Texto Completo: | https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/129086 |
Resumo: | Neste estudo, apresenta-se uma pesquisa qualitativa com um grupo de 15 mulheres moradoras da periferia de Fortaleza, as quais participaram das atividades terapêuticas do Movimento Saúde Mental, uma Organização da Sociedade Civil que, desde 1996, oferece serviços de prevenção e de implementação da saúde mental. A Abordagem Sistêmica Comunitária é uma tecnologia socioterapêutica que foi criada por meio da experiência de acolhida, de escuta, de cuidado e de promoção da vida da população de baixa renda da periferia de Fortaleza. Essa metodologia interdisciplinar e de múltiplo impacto cuida da pessoa em todas as suas dimensões biopsicossocioespirituais, ao unir o saber acadêmico com o saber popular, valorizar as culturas originárias, fortalecer os vínculos interpessoais e favorecer um processo de Autopoiese Comunitária. A Autopoiese estimula a capacidade da comunidade de se auto-organizar, de buscar os novos equilíbrios e a emergência de novas soluções. Os indicadores de desenvolvimento humano entre os piores do país e um contexto social caracterizado pela violência, o racismo multidimensional e as altas taxas de desemprego provocam um sofrimento psíquico e existencial que aumenta as estatísticas dos transtornos de ansiedade e depressivos, e que favorece a dependência química de múltiplas drogas. O Movimento Saúde Mental oferece várias Práticas Integrativas Complementares, com vivências de autoconhecimento para o fortalecimento da autoestima. A Abordagem Sistêmica Comunitária é uma experiência de decolonização da saúde mental que redimensiona o modelo biomédico hegemônico, integrando, nas práticas de cuidado, vários recursos terapêuticos complementares para efetivar um processo de ¿healing the illness¿. A participação no processo socioterapêutico no Movimento Saúde Mental das 15 mulheres deste estudo revela como a colonialidade afeta a saúde mental, a autoaceitação, a autoestima, a autonomia e a autorrealização de cada uma delas. Na interseccionalidade da raça, classe, do gênero, da sexualidade e dos saberes culturais, as consequências da colonialidade se manifestam de forma intensa e profunda. As relações abusivas e os preconceitos determinam comportamentos caracterizados pela falta de reconhecimento social e pela dependência que afetam o inconsciente coletivo das mulheres excluídas da periferia, reduzindo e distorcendo a dignidade e o valor da pessoa. Nos depoimentos das 15 mulheres deste estudo, foram observados vários condicionamentos e atitudes bem como um conjunto de sintomas que denominamos de Síndrome da Colonialidade Internalizada. A experiência de autoconhecimento nas Práticas Integrativas Complementares (PICS) facilita a superação da paralisia existencial caracterizada por complexos de inferioridade, submissão, subalternidade e resignação, estimulando um processo de empoderamento e de emancipação, restabelecendo a saúde mental e uma melhor qualidade de vida. A Abordagem Sistêmica Comunitária é uma Tecnologia Socioterapêutica reconhecida como inovação pela Mental Health Innovation Network em 2018. Palavras-chave: Saúde Mental. Sofrimento Psicológico. Serviços Comunitários de Saúde Mental. Assistência Integral à Saúde das Mulheres. Práticas Integrativas e Complementares em Saúde. |
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A práxis da abordagem sistêmica comunitária como estratégia de promoção da saúde mental de mulheres em Fortaleza-CearáSaúde mentalSaúde da mulherPromoção da saúdeNeste estudo, apresenta-se uma pesquisa qualitativa com um grupo de 15 mulheres moradoras da periferia de Fortaleza, as quais participaram das atividades terapêuticas do Movimento Saúde Mental, uma Organização da Sociedade Civil que, desde 1996, oferece serviços de prevenção e de implementação da saúde mental. A Abordagem Sistêmica Comunitária é uma tecnologia socioterapêutica que foi criada por meio da experiência de acolhida, de escuta, de cuidado e de promoção da vida da população de baixa renda da periferia de Fortaleza. Essa metodologia interdisciplinar e de múltiplo impacto cuida da pessoa em todas as suas dimensões biopsicossocioespirituais, ao unir o saber acadêmico com o saber popular, valorizar as culturas originárias, fortalecer os vínculos interpessoais e favorecer um processo de Autopoiese Comunitária. A Autopoiese estimula a capacidade da comunidade de se auto-organizar, de buscar os novos equilíbrios e a emergência de novas soluções. Os indicadores de desenvolvimento humano entre os piores do país e um contexto social caracterizado pela violência, o racismo multidimensional e as altas taxas de desemprego provocam um sofrimento psíquico e existencial que aumenta as estatísticas dos transtornos de ansiedade e depressivos, e que favorece a dependência química de múltiplas drogas. O Movimento Saúde Mental oferece várias Práticas Integrativas Complementares, com vivências de autoconhecimento para o fortalecimento da autoestima. A Abordagem Sistêmica Comunitária é uma experiência de decolonização da saúde mental que redimensiona o modelo biomédico hegemônico, integrando, nas práticas de cuidado, vários recursos terapêuticos complementares para efetivar um processo de ¿healing the illness¿. A participação no processo socioterapêutico no Movimento Saúde Mental das 15 mulheres deste estudo revela como a colonialidade afeta a saúde mental, a autoaceitação, a autoestima, a autonomia e a autorrealização de cada uma delas. Na interseccionalidade da raça, classe, do gênero, da sexualidade e dos saberes culturais, as consequências da colonialidade se manifestam de forma intensa e profunda. As relações abusivas e os preconceitos determinam comportamentos caracterizados pela falta de reconhecimento social e pela dependência que afetam o inconsciente coletivo das mulheres excluídas da periferia, reduzindo e distorcendo a dignidade e o valor da pessoa. Nos depoimentos das 15 mulheres deste estudo, foram observados vários condicionamentos e atitudes bem como um conjunto de sintomas que denominamos de Síndrome da Colonialidade Internalizada. A experiência de autoconhecimento nas Práticas Integrativas Complementares (PICS) facilita a superação da paralisia existencial caracterizada por complexos de inferioridade, submissão, subalternidade e resignação, estimulando um processo de empoderamento e de emancipação, restabelecendo a saúde mental e uma melhor qualidade de vida. A Abordagem Sistêmica Comunitária é uma Tecnologia Socioterapêutica reconhecida como inovação pela Mental Health Innovation Network em 2018. Palavras-chave: Saúde Mental. Sofrimento Psicológico. Serviços Comunitários de Saúde Mental. Assistência Integral à Saúde das Mulheres. Práticas Integrativas e Complementares em Saúde.In this study, qualitative research is presented concerning a group of 15 women living on the outskirts of Fortaleza, who participated in therapeutic activities of the Mental Health Movement, a nonprofit organization that has offered prevention and implementation services related to mental health since 1996. The Community Systemic Approach is a sociotherapeutic technology that was created by receiving, caring for, and promoting the life of the low-income population on the outskirts of Fortaleza. This interdisciplinary and multiple-impact methodology takes care of the person holistically, addressing the person¿s bio-psycho-social-spiritual dimensions, joining academic knowledge with popular knowledge, valuing originating cultures, strengthening all interpersonal bonds and promoting a process of Community Autopoiesis. Autopoiesis stimulates the community¿s ability to self-organize, to create new balances and the emergence of new solutions. Human development indicators for those living on the outskirts of Fortaleza are among the worst in the country and the social context characterized by violence, multidimensional racism, and high unemployment rates causes psychological and existential suffering that increases the statistics of anxiety and depressive disorders, and leads to chemical dependence on multiple drugs. The Mental Health Movement offers several Complementary Integrative Practices, with self-knowledge experiences to strengthen self-esteem. The Community Systemic Approach is an experience of decolonization of mental health that resizes the hegemonic biomedical model, integrating, in care practices, several complementary therapeutic resources to affect a process of ¿healing the illness¿. The participation in the sociotherapeutic process in the Mental Health Movement of the 15 women in this study reveals how coloniality affects mental health, self-acceptance, self-esteem, autonomy, and self-fulfillment of each of them. In the intersectionality of race, class, gender, sexuality, and cultural knowledge, the consequences of coloniality are manifested in an intense and profound way. Abusive relationships and prejudice determine behaviors characterized by a lack of social recognition and dependence, that affect the collective unconscious of the excluded women of the outskirts, reducing and distorting the dignity and value of the person. In the testimony of the 15 women in this study, several conditionings and attitudes and a set of symptoms that we called Internalized Coloniality Syndrome were observed. The experience of self-knowledge in Complementary Integrative Practices (PICS) facilitates the overcoming of existential paralysis characterized by inferiority, submission, subalternity, and resignation complexes, stimulating a process of empowerment and emancipation, restoring mental health and a better quality of life. The Community Systemic Approach is a Sociotherapeutic Technology recognized as an innovation by the Mental Health Innovation Network in 2018. Keywords: Mental Health. Psychological Suffering. Community Mental Health Services. Comprehensive Assistance to Women¿s Health. Integrative and Complementary Practices in Health.Tese enviada com autorização e certificação via CI 89405/22 em 19/12/2022Brilhante, Aline Veras MoraisGreenfield, SidneyMoreira, CláudioBarros, Nelson Filice deFeitosa, Maria Zelfa de SouzaAmorim, Rosendo FreitasBraide, Andrea Stopiglia GuedesUniversidade de Fortaleza. Programa de Pós-Graduação em Saúde ColetivaBonvini, Ottorino2022info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/129086https://uol.unifor.br/auth-sophia/exibicao/27749porreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFORinstname:Universidade de Fortaleza (UNIFOR)instacron:UNIFORinfo:eu-repo/semantics/openAccess2023-08-24T10:15:55Zoai::129086Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://www.unifor.br/bdtdONGhttp://dspace.unifor.br/oai/requestbib@unifor.br||bib@unifor.bropendoar:2023-08-24T10:15:55Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR - Universidade de Fortaleza (UNIFOR)false |
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