O TESOURO DA ALTERIDADE AMAZÔNICA NA OBRA DO PADRE JOÃO DANIEL

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Siewierski, Henryk
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Sentidos da Cultura
Texto Completo: https://periodicos.uepa.br/index.php/sentidos/article/view/357
Resumo: Tesouro descoberto no máximo Rio Amazonas, de Pe. João Daniel, é um registro de quase tudo que no século XVIII foi possível saber sobre o universo amazônico. Mas o livro não é só isso. É também, e antes de tudo, um registro de uma viagem ao Rio Amazonas, viagem inigualável. O autor revisita o Grão-Pará e Maranhão, terra em que passou 16 anos como missionário; revisita-os sem sair da sua cela no forte de São Julião da Barra, em Lisboa, onde foi preso junto com outros jesuítas portugueses expulsos do Brasil. Essa viagem durou 18 anos, até sua morte naquela masmorra. Ficou o livro-tesouro, cuja leitura, dois séculos e meio depois da expulsão dos jesuítas do Brasil, foi uma forma de tomar o lado do autor em sua expedição virtual contra a corrente da expulsão. A leitura transportava ao forte de São Julião e, de lá, a toda a Amazônia. A inserção na imensidade do universo amazônico passava pelo cárcere. O leitor percorre com Pe. Daniel os rios e a selva, mapeando seu tesouro e milagres, sua fauna e flora, fazendo contato com os homens, compartilhando um sonho da exploração desse tesouro descoberto no rio máximo para o bem da humanidade, sonho de reabitar o paraíso. No decorrer dos seus 16 anos vividos na Amazônia, o autor realizou uma intensa e interdisciplinar pesquisa de campo, colhendo dados sobre a geografia, o clima, a fauna, a flora e os povos daquela região. Certamente não fora apenas uma ocupação à margem das atividades religiosas do missionário, mas a sua parte integral. Seu conhecimento, assim reunido e guardado nos arquivos da memória, iria se tornar fonte de uma obra monumental, escrita ao longo dos 18 anos que passou nas prisões de Lisboa. As descrições do universo amazônico na obra servem, sem dúvida, à compreensão da população nativa visando a sua conversão ao cristianismo. Mas elas também servem e objetivam, com uma consciência muito clara, a transformação desse universo numa Terra de Promissão também no sentido social, econômico e político. Por esses e outros motivos - como os elementos metanarrativos que evidenciam a dramática situação do escritor, como a crítica dos métodos de evangelização e de colonização em vigor, como o extraordinário arquivo da memória -, o Tesouro de João Daniel se apresenta como uma das mais completas e mais misteriosas obras do gênero; constitui uma das mais abrangentes e mais importantes fontes do conhecimento da Amazônia do século XVIII. Considerando as circunstâncias em que foi escrita, ela é também um inigualável testemunho da vontade de registrar e de compartilhar esse conhecimento com os outros. A comunicação apresentará uma leitura da obra Tesouro descoberto no máximo Rio Amazonas, focalizando a representação da alteridade humana e geográfica e a construção da presença como a resposta à expulsão. A comunicação inclui uma apresentação dos trechos da obra que compõem uma antologia. Os trechos selecionados são transcritos de uma forma que transforma o texto narrativo ou descritivo em texto poético, o que só é possível porque o discurso linear de Pe. João Daniel esconde os tesouros poéticos.
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