DOIS SÉCULOS DE EXTRATIVISMO E ESPECIALIZAÇÃO PRIMÁRIO-EXPORTADORA NA AMAZÔNIA: uma análise comparada entre os ciclos da borracha e do minério de ferro
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Data de Publicação: | 2019 |
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Título da fonte: | Cadernos CEPEC (Online) |
Texto Completo: | https://periodicos.ufpa.br/index.php/cepec/article/view/7764 |
Resumo: | Este trabalho aborda de forma comparativa as contradições e persistências da produção de commodities no estado do Pará, região amazônica, tomando como referência analítica o ciclo da economia da borracha (1900 a 1912) e a fase recente de boom da produção de minério de ferro (2000 a 2012). Argumenta-se essas atividades representam o passado e presente de um modelo primário-exportador, que se modernizou ao longo das décadas superando a forma atrasada e tradicional, convertendo-se em uma forma inteiramente moderna de extração de recursos naturais. Ambas atestaram um rápido crescimento econômico, mas, em contrapartida, revelaram custos econômicos, sociais, culturais e ambientais (especialmente no caso da mineração industrial) para sociedade local e regional, resultante do fornecimento de matéria prima para atender as necessidades de transformação da indústria e de reprodução do capital. A economia da borracha surgiu por impulso da demanda industrial em forte expansão nas economias centrais, tendo se organizado em torno um sistema vertical e excludente de relações sociais que restringia o vazamento de rendas. Por outro lado, a economia mineral do ferro, implantada com amplo apoio do Estado, foi estabelecida como uma proposta modernizante de desenvolvimento e mais integrada a economia local. Em vez disso, a extração de ferro imprimiu ritmo acelerado de produção, com um envolvimento social ainda menor do que a economia da borracha, o que acelerou e espacializou as desigualdades, conflitos sociais e ambientais. A comparação histórica revela que a mineração do ferro reproduziu de forma ampliada, as contradições verificadas um século atrás com extração de borracha, revelando-se nos termos de um novo padrão primário-exportador de reprodução do capital. Uma das implicações desse modelo é justamente a concentração de renda e a exclusão social, associado ao baixo enraizamento econômico e social, visto que o caráter especializado da produção, atrelado a uma dinâmica de crescimento para o mercado externo, estabelece poucos linkages com a estrutura produtiva local e regional. Tanto a extração de borracha como a produção minério de ferro representaram, em diferentes épocas, atividades alternativas de transformação econômica e social, mas que em termos históricos não conseguiram se constituir em vetores de desenvolvimento para o estado do Pará e sua região. |
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DOIS SÉCULOS DE EXTRATIVISMO E ESPECIALIZAÇÃO PRIMÁRIO-EXPORTADORA NA AMAZÔNIA: uma análise comparada entre os ciclos da borracha e do minério de ferroModelo Primário-exportador; especialização; acumulação; desigualdade; desenvolvimento.Este trabalho aborda de forma comparativa as contradições e persistências da produção de commodities no estado do Pará, região amazônica, tomando como referência analítica o ciclo da economia da borracha (1900 a 1912) e a fase recente de boom da produção de minério de ferro (2000 a 2012). Argumenta-se essas atividades representam o passado e presente de um modelo primário-exportador, que se modernizou ao longo das décadas superando a forma atrasada e tradicional, convertendo-se em uma forma inteiramente moderna de extração de recursos naturais. Ambas atestaram um rápido crescimento econômico, mas, em contrapartida, revelaram custos econômicos, sociais, culturais e ambientais (especialmente no caso da mineração industrial) para sociedade local e regional, resultante do fornecimento de matéria prima para atender as necessidades de transformação da indústria e de reprodução do capital. A economia da borracha surgiu por impulso da demanda industrial em forte expansão nas economias centrais, tendo se organizado em torno um sistema vertical e excludente de relações sociais que restringia o vazamento de rendas. Por outro lado, a economia mineral do ferro, implantada com amplo apoio do Estado, foi estabelecida como uma proposta modernizante de desenvolvimento e mais integrada a economia local. Em vez disso, a extração de ferro imprimiu ritmo acelerado de produção, com um envolvimento social ainda menor do que a economia da borracha, o que acelerou e espacializou as desigualdades, conflitos sociais e ambientais. A comparação histórica revela que a mineração do ferro reproduziu de forma ampliada, as contradições verificadas um século atrás com extração de borracha, revelando-se nos termos de um novo padrão primário-exportador de reprodução do capital. Uma das implicações desse modelo é justamente a concentração de renda e a exclusão social, associado ao baixo enraizamento econômico e social, visto que o caráter especializado da produção, atrelado a uma dinâmica de crescimento para o mercado externo, estabelece poucos linkages com a estrutura produtiva local e regional. Tanto a extração de borracha como a produção minério de ferro representaram, em diferentes épocas, atividades alternativas de transformação econômica e social, mas que em termos históricos não conseguiram se constituir em vetores de desenvolvimento para o estado do Pará e sua região. 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WEINSTEIN, B. A Borracha na Amazônia: expansão e decadência (1850-1920). São Paulo: HUCITEC, 1993.Direitos autorais 2019 Adejard Gaia Cruzinfo:eu-repo/semantics/openAccess2019-11-14T20:00:54Zoai:ojs.periodicos.ufpa.br:article/7764Revistahttps://periodicos.ufpa.br/index.php/cepec/PUBhttps://periodicos.ufpa.br/index.php/cepec/oaicadernoscepec@gmail.com2966-11102238-118Xopendoar:2019-11-14T20:00:54Cadernos CEPEC (Online) - Universidade Federal do Pará (UFPA)false |
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