Pandemia como guerra civil: o paradigma biopolítico e o caso brasileiro na leitura de Giorgio Agamben

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: LIMA, Giovanna Faciola Brandão de Souza
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPA
Texto Completo: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/15558
Resumo: Esta dissertação tem como escopo analisar a pandemia do coronavírus como correspondente à guerra civil na forma que o autor italiano, Giorgio Agamben, compreende este fenômeno, isto é, como um paradigma biopolítico. Trata-se de uma pesquisa explicativa do tipo bibliográfico, mas tem como método o mesmo utilizado pelo filósofo: o método paradigmático. O principal referencial teórico desta pesquisa é o filósofo italiano Giorgio Agamben, especialmente no que tange à sua noção de guerra civil enquanto paradigma e os conceitos biopolítica, soberania, vida nua e seus alertas sobre a pandemia do coronavírus. Os escritos de Michel Foucault também foram utilizados como fundamento teórico desta pesquisa, precisamente no que concerne aos cursos em que desenvolve sua noção de biopolítica, biopoder e sociedade da segurança. Motivada pela discussão filosófica desencadeada pelos textos de Agamben sobre a COVID-19, a problemática norteadora desta dissertação é a seguinte: em que medida as políticas de combate à COVID 19 no Brasil podem ser pensadas como guerra civil enquanto paradigma biopolítico? A partir do estudo da teoria de Giorgio Agamben, foi possível compreender que a guerra civil enquanto paradigma não se trata de um conflito bélico ou entre Estados, mas de um dispositivo de controle e vigilância da população e que representa o limiar em que o impolítico se politiza e o político se economiza. E as interlocuções com o pensamento de Michel Foucault revelaram que isso só foi possível a partir da tomada da vida pelo poder através de uma série de técnicas que incidem sobre todas as esferas do indivíduo. As razões de segurança, nesse contexto, aos rastros das investigações de Foucault e dos alertas agambenianos, assumiram papel fundamental como justificativa para a adoção de medidas de exceção permanentes, mas não somente em nome da preservação dos indivíduos, mas para instaurar um estado de insegurança generalizado de modo a manter os cidadãos sempre em combate. Nesse sentido, foi possível identificar que a forma que a guerra civil assumiu hoje é a pandemia do coronavírus, manifestando-se na forma do terror de modo que qualquer um pode ser considerado fonte de contágio. Por fim, identificamos que no Brasil as medidas de combate ao vírus podem ser interpretadas como guerra civil, enquanto dispositivo de controle de vida dos cidadãos, ao mesmo tempo em que o governo adotou uma espécie de política de morte em nome do funcionamento ininterrupto do mercado e do capital.
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O principal referencial teórico desta pesquisa é o filósofo italiano Giorgio Agamben, especialmente no que tange à sua noção de guerra civil enquanto paradigma e os conceitos biopolítica, soberania, vida nua e seus alertas sobre a pandemia do coronavírus. Os escritos de Michel Foucault também foram utilizados como fundamento teórico desta pesquisa, precisamente no que concerne aos cursos em que desenvolve sua noção de biopolítica, biopoder e sociedade da segurança. Motivada pela discussão filosófica desencadeada pelos textos de Agamben sobre a COVID-19, a problemática norteadora desta dissertação é a seguinte: em que medida as políticas de combate à COVID 19 no Brasil podem ser pensadas como guerra civil enquanto paradigma biopolítico? A partir do estudo da teoria de Giorgio Agamben, foi possível compreender que a guerra civil enquanto paradigma não se trata de um conflito bélico ou entre Estados, mas de um dispositivo de controle e vigilância da população e que representa o limiar em que o impolítico se politiza e o político se economiza. E as interlocuções com o pensamento de Michel Foucault revelaram que isso só foi possível a partir da tomada da vida pelo poder através de uma série de técnicas que incidem sobre todas as esferas do indivíduo. As razões de segurança, nesse contexto, aos rastros das investigações de Foucault e dos alertas agambenianos, assumiram papel fundamental como justificativa para a adoção de medidas de exceção permanentes, mas não somente em nome da preservação dos indivíduos, mas para instaurar um estado de insegurança generalizado de modo a manter os cidadãos sempre em combate. Nesse sentido, foi possível identificar que a forma que a guerra civil assumiu hoje é a pandemia do coronavírus, manifestando-se na forma do terror de modo que qualquer um pode ser considerado fonte de contágio. Por fim, identificamos que no Brasil as medidas de combate ao vírus podem ser interpretadas como guerra civil, enquanto dispositivo de controle de vida dos cidadãos, ao mesmo tempo em que o governo adotou uma espécie de política de morte em nome do funcionamento ininterrupto do mercado e do capital.This dissertation aims to analyze the coronavirus pandemic as corresponding to the civil war in the way that the Italian author, Giorgio Agamben, understands this phenomenon, that is, as a biopolitical paradigm. It is an explanatory research of the bibliographic type, but its method is the same used by the philosopher: the paradigmatic method. The main theoretical reference of this research is the Italian philosopher Giorgio Agamben, especially with regard to his notion of civil war as a paradigm and the concepts of biopolitics, sovereignty, bare life and his warnings about the coronavirus pandemic. Michel Foucault's writings were also used as a theoretical basis for this research, precisely with regard to the courses in which he develops his notion of biopolitics, biopower and the security society. Motivated by the philosophical discussion triggered by Agamben's texts on COVID-19, the guiding problem of this dissertation is the following: to what extent can the policies to combat COVID 19 in Brazil be thought of as civil war as a biopolitical paradigm? From the study of Giorgio Agamben's theory, it was possible to understand that civil war as a paradigm is not about a warlike conflict or between States, but a device of control and surveillance of the population and that it represents the threshold in which the non-political becomes politicizes and the politician saves himself. And the interlocutions with the thought of Michel Foucault revealed that this was only possible from the taking of life by power through a series of techniques that affect all spheres of the individual. Security reasons, in this context, in the wake of Foucault's investigations and Agambenian warnings, assumed a fundamental role as a justification for the adoption of permanent exceptional measures, not only in the name of preserving individuals, but also to establish a state of insecurity widespread in order to keep citizens always in combat. In this sense, it was possible to identify that the form that the civil war has taken today is the coronavirus pandemic, manifesting itself in the form of terror in a way that anyone can be considered a source of contagion. Finally, we identified that in Brazil the measures to combat the virus can be interpreted as civil war, as a device to control the lives of citizens, at the same time that the government adopted a kind of death policy in the name of the uninterrupted functioning of the market and the capital.Submitted by Mariza Costa (mariza.costa@yahoo.com.br) on 2023-04-27T21:02:48Z No. of bitstreams: 2 Dissertacao_PandemiaGuerraCivil.pdf: 1520182 bytes, checksum: 4796a1e65ba5b37f5c108ce53ad02c4a (MD5) license_rdf: 811 bytes, checksum: e39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34 (MD5)Approved for entry into archive by Karina Rodrigues (karinafr@ufpa.br) on 2023-05-03T14:46:31Z (GMT) No. of bitstreams: 2 Dissertacao_PandemiaGuerraCivil.pdf: 1520182 bytes, checksum: 4796a1e65ba5b37f5c108ce53ad02c4a (MD5) license_rdf: 811 bytes, checksum: e39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34 (MD5)Made available in DSpace on 2023-05-03T14:46:31Z (GMT). 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