Conhecimento etnozoológico de estudantes de escolas públicas sobre os mamíferos aquáticos que ocorrem na Amazônia
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFPA |
Texto Completo: | http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/10467 |
Resumo: | Os mamíferos aquáticos são elementos funcionais importantes dos ecossistemas dos quais fazem parte. Ações visando à conservação das espécies não seriam eficientes sem informações acerca da ecologia e biologia, bem como as percepções que as comunidades locais possuem sobre essas espécies. As interações com as populações humanas ocorrem principalmente através de emalhes acidentais durante a pesca, eventos de encalhes ou pelo valor simbólico e mágico-religioso que estes animais representam, e desta forma estas interações podem resultar em percepções positivas ou negativas. Muitos estudos sobre a percepção dos cetáceos (botos e baleias) e sirênios (peixes-boi) foram conduzidos utilizando-se como principais interlocutores os pescadores, mas poucos relatam o que as crianças e jovens em idade escolar conhecem sobre estes animais e como se relacionam com estes. O objetivo desta tese foi investigar quais os conhecimentos etnozoológicos sobre os mamíferos aquáticos entre o público discente em diferentes locais do estado do Pará, na região amazônica e registrar as principais interações entre crianças e jovens com as espécies (botos, baleias e peixes-boi) em vida livre (N=15). Utilizamos para isso métodos quantitativos e qualitativos no campo da etnozoologia entre redações (N=374), entrevistas, questionários e pranchas topográficas (N=241). Os sujeitos da investigação são estudantes de escolas públicas do ensino fundamental II sediadas na região de Abaetetuba e Mocajuba no Baixo rio Tocantins, Ilha de Marajó, Santarém (Rio Tapajós) e região metropolitana de Belém. Os resultados demonstram uma prevalência de respostas afirmativas para o conhecimento das lendas relacionadas aos botos-vermelhos (Inia sp.) (66%, N=89) quando comparadas àquelas referentes aos botos Sotalia sp. (22%, N= 29), peixes-boi (7%, N=9) e baleias (7%, N= 5%). Vale ressaltar que sentimentos de indiferença (30%) juntamente com o medo (32%) foram os mais frequentes nas falas dos discentes. Os alunos possuem conhecimentos prévios etnozoológicos sobre características morfológicas, diversidade, lendas, comportamentos e ameaças à sobrevivência dos mamíferos aquáticos. Em locais onde se vive essencialmente dos recursos pesqueiros os jovens tendem a confirmar tais detalhes e parte dos saberes advém principalmente dos familiares e da mídia televisa. Através da lenda do Boto narrada pelos estudantes nas várias regiões pesquisadas pudemos identificar as variações das narrativas de acordo com os contextos sociais e comportamentos diversos dependendo da presença ou ausência de botos nas regiões pesquisadas. Apesar de uma parcela da amostra fazer parte de área considerada urbana, a crença na lenda do Boto é vastamente difundida, desta forma contribui para que o mito se mantenha vivo no imaginário popular amazônico e comprova que a tradição oral ainda se mantém presente na população urbana. As interações entre os botos e jovens e crianças nos rios próximos às feiras de Santarém e Mocajuba demonstram que os comportamentos mais evidentes são aqueles que envolvem alimentação induzida por parte dos meninos aos cetáceos e comportamento lúdico envolvendo grupo de jovens que nadam com botos-vermelhos nos rios. Percebemos que embora os mamíferos aquáticos que ocorrem na Amazônia sejam pouco conhecidos do ponto de vista biológico ou mesmo temidos por uma parte do público discente, poderão ser bem aceitos pelos estudantes através da articulação entre os saberes populares e científicos em programas conservacionistas. Estes programas devem garantir a manutenção do conhecimento local aliado à manutenção das espécies e do ecossistema do qual fazem parte. O público sensibilizado quanto à importância da manutenção da diversidade biológica e conservação ambiental pode auxiliar na divulgação das informações sobre os mamíferos aquáticos e dessa forma contribuir para a desconstrução gradativa dos valores negativos que permeiam este grupo de animais. Esta pesquisa fornece subsídios para realização de um projeto eficiente de iniciativas de sensibilização e informação para futuros estudos sobre este tema em outros locais de ocorrência de mamíferos aquáticos. |
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2018-12-12T17:49:55Z2018-12-12T17:49:55Z2015-03-30RODRIGUES, Angélica Lúcia Figueiredo. Conhecimento etnozoológico de estudantes de escolas públicas sobre os mamíferos aquáticos que ocorrem na Amazônia. 2015. 166 f. Tese (Doutorado em Teoria e Pesquisa do Comportamento) - Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento, Universidade Federal do Pará, Belém, 2015. Disponível em: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/10467. Acesso em:.http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/10467Os mamíferos aquáticos são elementos funcionais importantes dos ecossistemas dos quais fazem parte. Ações visando à conservação das espécies não seriam eficientes sem informações acerca da ecologia e biologia, bem como as percepções que as comunidades locais possuem sobre essas espécies. As interações com as populações humanas ocorrem principalmente através de emalhes acidentais durante a pesca, eventos de encalhes ou pelo valor simbólico e mágico-religioso que estes animais representam, e desta forma estas interações podem resultar em percepções positivas ou negativas. Muitos estudos sobre a percepção dos cetáceos (botos e baleias) e sirênios (peixes-boi) foram conduzidos utilizando-se como principais interlocutores os pescadores, mas poucos relatam o que as crianças e jovens em idade escolar conhecem sobre estes animais e como se relacionam com estes. O objetivo desta tese foi investigar quais os conhecimentos etnozoológicos sobre os mamíferos aquáticos entre o público discente em diferentes locais do estado do Pará, na região amazônica e registrar as principais interações entre crianças e jovens com as espécies (botos, baleias e peixes-boi) em vida livre (N=15). Utilizamos para isso métodos quantitativos e qualitativos no campo da etnozoologia entre redações (N=374), entrevistas, questionários e pranchas topográficas (N=241). Os sujeitos da investigação são estudantes de escolas públicas do ensino fundamental II sediadas na região de Abaetetuba e Mocajuba no Baixo rio Tocantins, Ilha de Marajó, Santarém (Rio Tapajós) e região metropolitana de Belém. Os resultados demonstram uma prevalência de respostas afirmativas para o conhecimento das lendas relacionadas aos botos-vermelhos (Inia sp.) (66%, N=89) quando comparadas àquelas referentes aos botos Sotalia sp. (22%, N= 29), peixes-boi (7%, N=9) e baleias (7%, N= 5%). Vale ressaltar que sentimentos de indiferença (30%) juntamente com o medo (32%) foram os mais frequentes nas falas dos discentes. Os alunos possuem conhecimentos prévios etnozoológicos sobre características morfológicas, diversidade, lendas, comportamentos e ameaças à sobrevivência dos mamíferos aquáticos. Em locais onde se vive essencialmente dos recursos pesqueiros os jovens tendem a confirmar tais detalhes e parte dos saberes advém principalmente dos familiares e da mídia televisa. Através da lenda do Boto narrada pelos estudantes nas várias regiões pesquisadas pudemos identificar as variações das narrativas de acordo com os contextos sociais e comportamentos diversos dependendo da presença ou ausência de botos nas regiões pesquisadas. Apesar de uma parcela da amostra fazer parte de área considerada urbana, a crença na lenda do Boto é vastamente difundida, desta forma contribui para que o mito se mantenha vivo no imaginário popular amazônico e comprova que a tradição oral ainda se mantém presente na população urbana. As interações entre os botos e jovens e crianças nos rios próximos às feiras de Santarém e Mocajuba demonstram que os comportamentos mais evidentes são aqueles que envolvem alimentação induzida por parte dos meninos aos cetáceos e comportamento lúdico envolvendo grupo de jovens que nadam com botos-vermelhos nos rios. Percebemos que embora os mamíferos aquáticos que ocorrem na Amazônia sejam pouco conhecidos do ponto de vista biológico ou mesmo temidos por uma parte do público discente, poderão ser bem aceitos pelos estudantes através da articulação entre os saberes populares e científicos em programas conservacionistas. Estes programas devem garantir a manutenção do conhecimento local aliado à manutenção das espécies e do ecossistema do qual fazem parte. O público sensibilizado quanto à importância da manutenção da diversidade biológica e conservação ambiental pode auxiliar na divulgação das informações sobre os mamíferos aquáticos e dessa forma contribuir para a desconstrução gradativa dos valores negativos que permeiam este grupo de animais. Esta pesquisa fornece subsídios para realização de um projeto eficiente de iniciativas de sensibilização e informação para futuros estudos sobre este tema em outros locais de ocorrência de mamíferos aquáticos.Aquatic mammals are important functional elements of their ecosystem. Conservation actions would not be efficient with lack of information concerning the ecology and biology of those species as well as the perceptions that local communities have about those animals. Interactions of aquatic mammals with human populations happen mainly by fishnets accidents, straining, or the symbolic, mystical-religious values they possess, which may lead to both positive and negative human perceptions. Many studies on the perception of cetaceans (river dolphins and whales) and sirenians (manatees) were carried out using fisherman as the main interlocutor, but few have reported what children and young school age teenagers know about those animals and how they interact. The aim of this dissertation was to investigate school children’s ethnozoological knowledge on aquatic mammals in different locations of the State of Pará, in the Amazon Region of Brazil, recording the main interactions between them and free-ranging river dolphins, whales, and manatees (N=15). Thus, we used quantitative and qualitative methods in ethnozoology to analyze essays (N=374), interviews, questionnaires, and topographic plates (N=241). The subjects of this investigation were students from public fundamental schools II of Abaetetuba region and Mocajuba, in the Lower Tocantins River, Marajo Island, Santarém (Tapajós River), and Belem Metropolitan Region. Our results show that there was a prevalence of positive statements concerning to the pink-river dolphin (Inia sp.) (66%, N=89) compared to those related to dolphins Sotalia sp. (22%, N = 29), manatees (7%, N = 9) and whales (7%, N = 5%). Feelings of indifference (30%) along with fear (32%) were the most frequent in the voices of the students. Students had previous ethnozoological knowledge on morphology, diversity, legends, behavior, and threatening to aquatic mammal survival. In places where the living is largely based on fishery resources, young people tend to confirm details and part of the knowledge derived from both the family and the television midia. Because of the boto legend reported by the students in the regions surveyed we were able to identify variations related to social contexts and several behaviors, depending on the presence or absence of river dolphins in the regions. Despite great part of the subjects being part of an area considered to be urban, the belief on the boto legend is vastly disseminated, concurring for the myth to be held in the Amazonian imaginary, demonstrating that oral tradition is still strong in urban populations. Interactions between river dolphins and young/children close to rivers and fairs of Santarém and Mocajuba revealed that the most evident behaviors are those involving feeding river dolphins with fishes, and the playful behavior of a group of young school children that swim with pink-river dolphin in the rivers of the region. We found that although the aquatic mammals that occur in the Amazon may be poorly known from the biological point of view or even feared by part of the students, they could accepted by the students and may be taken into account in conservation programs by means of popular and scientific knowledge articulation. Those programs must guarantee the maintenance of local knowledge along with the species and their ecosystem maintenance. A greater perception of the public on the importance of biological diversity maintenance and environmental conservation may assist on the dissemination of information about aquatic mammals, contributing to a gradual deconstruction of negative values about them. This research provides a background to carry out efficient projects of awareness and information for future studies about aquatic mammals in the Amazon.CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoporUniversidade Federal do ParáPrograma de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do ComportamentoUFPABrasilNúcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento1 CD-ROMreponame:Repositório Institucional da UFPAinstname:Universidade Federal do Pará (UFPA)instacron:UFPACNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::ZOOLOGIA::COMPORTAMENTO ANIMALCNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::ECOLOGIAECOETOLOGIAPercepçãoInteraçãoIniaComunidades locaisBotosPeixe-boiEtnozoologiaAmazôniaMamífero aquáticoBotoBaleiaConhecimento etnozoológico de estudantes de escolas públicas sobre os mamíferos aquáticos que ocorrem na AmazôniaEthnozoological Knowledge Students Public Schools About the Aquatic mammals que occur in the Amazoninfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisSILVA, Maria Luisa dahttp://lattes.cnpq.br/2101884291102108http://lattes.cnpq.br/4835791346969521RODRIGUES, Angélica Lúcia Figueiredoinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINALTese_ConhecimentoEtnozoologicoEstudantes.pdfTese_ConhecimentoEtnozoologicoEstudantes.pdfapplication/pdf5810090http://repositorio.ufpa.br/oai/bitstream/2011/10467/1/Tese_ConhecimentoEtnozoologicoEstudantes.pdfa98cf04db71489878bc1e4ecbb5aee5dMD51CC-LICENSElicense_urllicense_urltext/plain; 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